tag:blogger.com,1999:blog-84509724777130935752024-02-19T06:40:46.109-08:00Penso, logo insisto...e resistoWalner MamedeWalner Mamedehttp://www.blogger.com/profile/12889964824133215359noreply@blogger.comBlogger46125tag:blogger.com,1999:blog-8450972477713093575.post-21408272625475080662021-11-11T11:23:00.003-08:002021-11-11T11:57:22.621-08:00Psicanálise e Psicologia: o que as define?<p> </p><p></p><div style="text-align: justify;"><span face="Roboto, Arial, sans-serif" style="background-color: #f9f9f9; color: #030303; font-size: 14px; white-space: pre-wrap;">Interessante vídeo do Prof. Dunker, ao qual não pude deixar de fazer algumas considerações, sem a pretensão de grandes aprofundamentos teóricos ou compromissos com a forma discursiva acadêmica, como é próprio deste espaço de diálogo, mais no sentido de acrescentar do que de contestar algo. Convido você, caro leitor, a assistir ao vídeo e ler a pequena elucubração a seguir.</span></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;"><br /></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><iframe allowfullscreen="" class="BLOG_video_class" height="266" src="https://www.youtube.com/embed/ewn8DBJ-Viw" width="320" youtube-src-id="ewn8DBJ-Viw"></iframe></div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;"><br /></div><p></p><p style="text-align: justify;"><br /></p><div style="background: rgb(249, 249, 249); border: 0px; color: #030303; font-family: Roboto, Arial, sans-serif; font-size: 14px; margin: 0px; padding: 0px; text-align: justify; white-space: pre-wrap;">De forma geral, toda área de conhecimento pode lançar mão da mesma justificativa dada para a Psicanálise: "a graduação não permite um conhecimento profundo da MINHA ÁREA de especialização, pois ela, a graduação, se ocupa de explanar, em amplitude e não em profundidade, as diferentes vertentes do campo profissional ao qual está ligada. Assim, perde de perspectiva o acúmulo histórico de conhecimentos acumulados por MINHA ÁREA, que exigem maior tempo de dedicação e estudo para serem apropriados, permitindo um domínio profundo da literatura e suas práticas". Se pensarmos dessa forma, todas as vertentes da Psicologia podem se posicionar da mesma maneira.</div><div style="background: rgb(249, 249, 249); border: 0px; color: #030303; font-family: Roboto, Arial, sans-serif; font-size: 14px; margin: 0px; padding: 0px; text-align: justify; white-space: pre-wrap;"><br /></div><div style="background: rgb(249, 249, 249); border: 0px; color: #030303; font-family: Roboto, Arial, sans-serif; font-size: 14px; margin: 0px; padding: 0px; text-align: justify; white-space: pre-wrap;">No meu entender, a diferença não deveria ser focada na contraposição entre Psicologia e Psicanálise como cursos de formação, pois, visivelmente, a primeira estará em uma hierarquia inferior, pelo próprio propósito da graduação em relação à pós-graduação Lato ou Stricto sensu, assim como o seria Farmácia e Farmacologia, p. ex, entre tantos outros exemplos. Onde estaria a diferença primordial, então? Para além da contraposição como cursos de formação, que denuncia uma diferença de grau, poderíamos evocar o que foi dito no início do vídeo e que explicita uma diferença de natureza e origem, ainda que esta pareça ter se perdido ao longo do tempo: Psicologia como campo de estudo acadêmico, que busca a compreensão dos processos mentais, proposta por Wundt, em meados do século XIX, e Psicanálise como aplicação do conhecimento sobre os processos mentais, com fins na terapia, como proposta por Freud, em meados dos anos 90, do século XIX.</div><div style="background: rgb(249, 249, 249); border: 0px; color: #030303; font-family: Roboto, Arial, sans-serif; font-size: 14px; margin: 0px; padding: 0px; text-align: justify; white-space: pre-wrap;"><br /></div><div style="background: rgb(249, 249, 249); border: 0px; color: #030303; font-family: Roboto, Arial, sans-serif; font-size: 14px; margin: 0px; padding: 0px; text-align: justify; white-space: pre-wrap;">No primeiro caso, a sofisticação do conhecimento se daria pela pesquisa experimental e a reflexão filosófica acerca de um objeto, a mente, sem um compromisso terapêutico, no segundo caso, pela aplicação prática do conhecimento à pessoa, com o objetivo de solucionar um problema, eminentemente, existencial humano, por meio da terapia, ambas com aportes da Filosofia e do método científico positivista, este em franco desenvolvimento, à época. Seria impossível evitar que as duas áreas se tocassem, colidissem ou mesmo se fundissem como campos de estudo, em algum momento, definidas as especificidades metodológicas próprias de cada uma, e disputassem mercado, a partir da formação de seus profissionais, como é comum às diferentes áreas do conhecimento, inclusas as diferentes linhas da Psicologia (ou Psicanálise), entre si, as quais se diferenciam, ainda, pelo grau de formação de seus egressos.</div><div style="background: rgb(249, 249, 249); border: 0px; color: #030303; font-family: Roboto, Arial, sans-serif; font-size: 14px; margin: 0px; padding: 0px; text-align: justify; white-space: pre-wrap;"><br /></div><div style="background: rgb(249, 249, 249); border: 0px; color: #030303; font-family: Roboto, Arial, sans-serif; font-size: 14px; margin: 0px; padding: 0px; text-align: justify; white-space: pre-wrap;">Nesse sentido, acho difícil abordar essa questão me referindo a ambas no singular, como se existisse uma unidade teórico-metodológica e paradigmática para cada uma. No meu entender, é mais prudente e parcimoniosa a abordagem como "Psicologias" e "Psicanálises", ainda que pontos comuns existam entre as diferentes linhas no interior de cada uma, o que nos permite abordá-las, conjuntamente, como campo de estudo com um mesmo objeto, no singular. Para apimentar, ainda mais, o debate, eu diria que isso se assemelha à polêmica do pseudo-monoteísmo cristão, quando olhamos a concepção de Deus no interior de cada vertente dogmático-religiosa apoiada na Bíblia, monoteísmo que se sustenta, somente, pela negação das muitas diferenças em favor das menores semelhanças acerca desse conceito. Ao contrário da Religião, que sobrevive pela manutenção (às vzs, violenta) da tradição, à custa de uma retórica viciada e contraditória, na Ciência, precisamos reconhecer a diversidade no seio da unidade, renovando práticas e discursos, para que o conhecimento evolua, mude, ainda que tal reconhecimento exija a cisão dessa unidade.</div><p style="text-align: justify;"><span face="Roboto, Arial, sans-serif" style="background-color: #f9f9f9; color: #030303; font-size: 14px; white-space: pre-wrap;">E você? O que pensa a respeito?! Deixe sua opinião nos comentários, ainda que divirja, diametralmente, da minha.</span></p>Walner Mamedehttp://www.blogger.com/profile/12889964824133215359noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8450972477713093575.post-90000284173422658342021-02-28T15:27:00.000-08:002021-02-28T15:27:57.004-08:00Um ano de Covid-19 e permanecemos no mesmo lugar: estamos olhando para a direção certa?<p> </p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><iframe allowfullscreen="" class="BLOG_video_class" height="266" src="https://www.youtube.com/embed/tu1dT0fPLkw" width="320" youtube-src-id="tu1dT0fPLkw"></iframe></div><br /><p><br /></p><p><br /></p><p style="text-align: justify;">Ainda que as morbidades sobre a saúde individual, decorrentes de uma crise econômica, apenas se manifestem frente a um descaso do Governo com medidas de mitigação das carência sociais e do Sistema de Saúde [1, 2], é difícil fechar os olhos para a possibilidade de que elas surjam, em contextos como o Brasil, como resultado da crise econômica que se avizinha derivada da crise sanitária, pela qual estamos passando, e seus protocolos erráticos, como aponta o vídeo [3]. Realizada essa consideração e excetuando-se a crítica descontextualizada que o vídeo [3] faz de uma fala de Stalin, sou forçado a concordar com ele, sendo, inclusive, muito de sua argumentação parte do artigo que publiquei [4] no início da pandemia, antes mesmo da maioria dos argumentos contrários surgirem na mídia científica ou leiga...*e eu sou de ESQUERDA!!!*.</p><p style="text-align: justify;">Reafirmo, aqui, a minha "esquerdisse", para deixar claro de onde estou falando, pois, apesar de o vídeo [3] afirmar que deixou de lado questões políticas e que se ateve a uma visão técnica do assunto, ele é aberto com uma declaração, de seu autor, como conservador e com uma crítica a Stalin e se encerra, também, criticando Stalin, numa clara oposição entre Direita e Esquerda, como se o apoio ou oposição aos métodos de contenção da Covid fossem derivados da orientação política de quem fala. Se queremos superar a insanidade na qual o mundo imergiu, é preciso ter claro que esse não é o ponto de inflexão da curva. O posicionamento pró ou contra protocolos radicais de contenção tem muito mais relação com interesses político-econômicos (e não ideológico-partidários) de grupos sociais e com o desconhecimento generalizado, assim como com uma personalidade passiva, adesista e idólatra, de um lado, em oposição a uma personalidade combativa, negacionista e cética, de outro, extremos entre os quais a maioria de nós se posiciona, uns mais para um lado, outros mais para o outro.</p><p style="text-align: justify;">É interessante notar que o vídeo [3] menciona a taxa de letalidade (e não de mortalidade, pois essa tende a ser até menor) por infecção (IFR), que é relativa ao nr de óbitos por nr de indivíduos infectados (mesmo os assintomáticos), uma taxa mais realista da importância do vírus. Em discursos mais sensacionalistas, é comum mencionar-se a taxa de letalidade por casos clínicos (CFR), que é o número de óbitos por doentes confirmados e que deixa de lado os casos assintomáticos, leves ou que não procuraram hospitais e postos de Saúde, o que torna o valor da taxa muito maior, mais variável e pouco confiável no que concerne à importância real do problema para a tomada de decisões pela Adm. Pública. Associado a isso, temos a omissão do debate político, midiático e científico sobre a necessária estratificação dos casos, conforme seu perfil epidemiológico, sócio-econômico, demográfico e geográfico, para a tomada de decisões técnicas. Tal negligência encaminha as decisões no sentido de ações generalizantes, que desconsideram idade, sexo, raça, condições prévias de saúde, contexto social e outras variáveis importantes na determinação das taxas de mortalidade e letalidade, subestimando ou superestimando dados de incidência e prevalência em grupos específicos, tratando uns pelos outros [4].</p><p style="text-align: justify;">O Sistema de Saúde (privado, assistencial ou público, em uma sequência histórica de seu surgimento) surgiu como forma de atender as demandas da população e não o contrário. Há poucos dias circulou nas mídias uma reportagem com um médico dizendo "Os hospitais estão cheios, porque as ruas estão cheias...as pessoas precisam ficar em casa...". Oras, os hospitais, os profissionais e o Sistema de Saúde, existem, precisamente, para que possamos ter a tranquilidade necessária para viver. Sua existência apenas se justifica como instrumentos para a possibilidade de socialização e trabalho, dois elementos fulcrais para a constituição do processo civilizatório, que nos trouxe até aqui. Discussões filosóficas à parte, sobre se nosso status civilizatório está ou não adequado, nos dizer que devemos suprimir nossa convivência social, indefinidamente (pois é isso que está acontecendo e irá continuar, se não nos levantarmos em oposição), sem qualquer comprovação razoável de que isso é eficaz e efetivo [6], em um eterno ensaio-e-erro, representa negar a racionalidade e a dinâmica pela qual nos tornamos quem somos como civilização, sem apresentar alternativa melhor e negligenciando dados que já estão à nossa disposição. Ainda que existam casos de sucesso relatados sobre o lockdown [6], os indicadores para sua avaliação são, absurdamente, obscuros e os resultados contraditórios.</p><p style="text-align: justify;">Tivemos tempo e, hoje, possuímos dados para o planejamento adequado da mitigação da pandemia, no entanto, continuamos no mesmo ponto de há um ano, em termos de ações sociais. Isso acaba por colocar a sociedade a serviço do Sistema de Saúde, invertendo valores e a relação, em razão da incompetência ou má índole não apenas de nossos gestores públicos e políticos, mas também dos próprios sistemas de Saúde e da Ciência, tanto no que diz respeito à gestão de recursos financeiros, humanos e materiais, quanto no que se refere à produção de conhecimentos, sistematização e análise de dados e desenvolvimento de protocolos. Diante disso, é difícil concordar, passivamente, com a forma pela qual o problema da Covid vem sendo atacado, apesar de concordar com o mérito da questão, qual seja: a Covid é uma questão de (s)Saúde (p)Pública (com letras maiúsculas e minúsculas) grave e, como tal, precisa ser mitigada, como qualquer outra doença infecciosa, mas não à custa da vida (social e biológica) do próprio hospedeiro, pois a melhor maneira de se erradicar um doença é eliminando os doentes, mas um remédio não pode ser mais danoso à vida que o mal que ele combate! Todos estamos, aparentemente, escorados em uma histórica zona de conforto paralisante, "montando quebra-cabeças", como diria Thomas Kuhn. Para finalizar, acrescento um interessante ditado popular "Está tudo tão de cabeça pra baixo que, daqui a pouco, tem poste fazendo xixi em cachorro e todo mundo achando normal!". Após um ano, temos apenas mais do mesmo!</p><p><br /></p><p>Para aprofundar no assunto:</p><p>[1] https://www.bbc.com/portuguese/brasil-52330852</p><p>[2] https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S2214109X19304097</p><p>[3] https://youtu.be/tu1dT0fPLkw</p><p>[4] https://www.e-publicacoes.uerj.br/index.php/sustinere/article/view/50902/34331</p><p>[5] https://revistapesquisa.fapesp.br/o-enigma-da-letalidade/</p><p>[6] https://exame.com/ciencia/lockdown-e-perda-de-tempo-e-pode-matar-mais-diz-cientista-de-stanford/</p>Walner Mamedehttp://www.blogger.com/profile/12889964824133215359noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8450972477713093575.post-64953475544703908112020-03-13T08:00:00.000-07:002020-07-26T21:04:31.711-07:00Novo Corona Vírus: apenas mais do mesmo, uma prestação de contas às elites e um pânico desnecessário [1]<div align="right" class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: right;">
<b><span style="background: white; color: #333333; font-family: "bentonsans" , serif; font-size: 9.0pt;">Walner Mamede<o:p></o:p></span></b></div>
<div align="right" class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: right;">
<span style="background: white; color: #333333; font-family: "bentonsans" , serif; font-size: 9.0pt;">Farmacologista<o:p></o:p></span></div>
<div align="right" class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: right;">
<span style="background: white; color: #333333; font-family: "bentonsans" , serif; font-size: 9.0pt;">Mestre em Biologia</span></div>
<div align="right" class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: right;">
<span style="background: white; color: #333333; font-family: "bentonsans" , serif; font-size: 9.0pt;">Doutor em Psicologia e
Ensino na Saúde<o:p></o:p></span></div>
<br />
<br />
<br />
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-top: 6.0pt; text-align: justify;">
<span style="background: white; color: #333333; font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">Em pleno século XXI,
ainda, sofremos com males semelhantes aos que nos achacaram durante toda a
história da humanidade e agimos, ressalvadas as distâncias técnico-científicas,
de forma igualmente semelhante aos nossos antepassado mais remotos, quando se deparavam
com algo desconhecido e, aparentemente, ameaçador: esbugalhamos os olhos e
corremos assustados para o escuro aconchegante de nossas cavernas, sem uma
resposta à altura, porque não fomos capazes de prever os acontecimentos e
planejar medidas racionais adequadas. A história sanitária no Brasil não foge a
essa regra. Há, aproximadamente, 200 anos, D. Pedro II iniciou um projeto sanitário
que se incumbiu de realizar o calçamento de ruas, a limpeza do lixo urbano, a
iluminação de vias públicas, entre outras medidas, que identificavam na pobreza
a origem das doenças, expulsando as pessoas de classe inferior do centro urbano
para as periferias da cidade do Rio de Janeiro, onde se processaram as medidas
mais veementes, por ser sede do Império, em proteção à corte e às classes mais
ricas. Quase 100 anos depois, em novembro de 1904, vivenciamos a Revolta da
Vacina, catalisada por interesses políticos anti-oligarquistas e protagonizada
pelo povo brasileiro contra as medidas de Oswaldo Cruz, que motivou a aprovação
da lei que previa multas e restringia direitos sociais (trabalho, escola,
casamento, viagens, hospedagem...) a quem não se vacinasse contra a varíola,
sentimento agravado por outras medidas sanitárias que previam a invasão de
domicílios para desinfecção e extermínio de vetores da febre amarela e da peste
bubônica, o que incluía, por vezes, a queima de pertences pessoais (Fonte:
Portal FioCruz).<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-top: 6.0pt; text-align: justify;">
<span style="background: white; color: #333333; font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">A falta de informação pelo
Governo, a forma truculenta da campanha, os boatos de deformação facial pela
vacina (cara-de-vaca), uma repulsa à origem da vacina (pústulas bovinas) e
valores morais (exposição do corpo na aplicação) estavam entre os principais
motivos de resistência. Associado a isso, sob o comando de Pereira Passos, uma
revitalização urbana, com alargamento de vias e derrubada de cortiços e
casebres, foi posta em andamento. As medidas adotadas, por suas características,
atingiam muito mais as classes mais pobres, cujos integrantes eram considerados
os vetores de doenças para as classes mais ricas. Estas, por sua vez, se
sentiram aviltadas pela invasão de suas casas pelas equipes sanitárias. A
Revolta levou ao cancelamento das medidas sanitárias truculentas e de
obrigatoriedade da vacinação e a um decréscimo da adesão à vacina, que vinha sofrendo
um aumento gradual desde 1837, gerando a proliferação do surto. Em 1908, no
auge da mais violenta epidemia de varíola do Rio de Janeiro, em um
comportamento de desespero, houve uma corrida popular para se submeter à
vacinação (Fonte: Portal FioCruz).<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-top: 6.0pt; text-align: justify;">
<span style="background: white; color: #333333; font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">Entre várias reedições
dessa história, passamos pelo século XX, chegamos ao século XXI e, em 2005, a
gripe aviária (H5N1) foi manchete nos jornais e motivo de preocupações mundiais.
Em 2007, as preocupações giravam em torno da fusão entre o vírus sazonal e o H5N1,
o que aumentaria seu poder de contágio e tornaria o combate mais difícil, pois
não havia vacina específica para essa mutação. Em 2008, tivemos a febre amarela
como protagonista, mais uma vez, depois de ter sido erradicada no Brasil. Em
2009, era vez da gripe suína (H1N1), que matou 17 mil pessoas em um ano. Atualmente,
estamos às voltas com um novo tipo de corona vírus, denominado SARS-CoV2, um
vírus cuja mutação o torna imune às vacinas conhecidas e dificulta o combate à
sua disseminação. Em geral, as mutações conhecidas da gripe comum não modificam
o vírus a ponto de torna-lo imune às vacinas já existentes. Mutações muito
drásticas e o surgimento de um vírus com um sequenciamento genômico muito
diverso do já conhecido é o que produz preocupações da monta do novo corona vírus, trazido para o Brasil por representantes de estratos sociais superiores, suas primeiras vítimas e já mais protegidas que as camadas mais populares, herdeiras imediatas desse legado, em um verdadeiro apartheid sanitário, em termos de raça, classe e gênero (Fontes: The Intercept-Brasil; Brasil de Fato).<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-top: 6.0pt; text-align: justify;">
<span style="background: white; color: #333333; font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">Segundo a OMS (Organização
Mundial de Saúde), o novo corona vírus matou 3,4% dos infectados. Essa
letalidade da doença é considerada baixa em comparação a outras epidemias
recentes, como a de gripe A (H1N1) e do ebola, por exemplo. Jean Gorinchteyn,
do Instituto de Infectologia Emílio Ribas, em São Paulo, compara o atual corona
vírus com a gripe comum e assegura que “O modo de precaução é absolutamente o
mesmo...” (Fonte: r7-Saúde). Diante das preocupações e das medidas emergenciais,
aparentemente, desproporcionais à estatura do problema, Jans Kluge, Diretor da OMS
para a Europa, afirma que a gripe sazonal mata 60.000 pessoas por ano só no
continente europeu (algo em torno de 500 mil, no mundo), apesar da existência
da vacina, e que as vítimas fatais do SARS-CoV2 registradas na Itália, país que
mais sofre com o novo vírus, em geral, têm baixa imunidade e mais de 65 anos de
idade, pessoas que são, portanto igualmente, vulneráveis à gripe sazonal
(Fonte: Jornal Estado de Minas Internacional).<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-top: 6.0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><span style="background: white; color: #333333;">O médico infectologista
Oriol Mitjà, do Hospital Germans Trias i Pujol, de Badalona (</span><span style="background: white; color: black;">Catalunha</span><span style="background: white; color: #333333;">), observa que<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 8.0pt; margin-left: 2.0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 6.0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><span style="background: white; color: #333333;">“...o coronavírus ficará como um vírus
sazonal, de maneira que no verão haverá uma transmissão muito reduzida. O
contágio é através de gotas respiratórias que caem no ambiente. O vírus
sobrevive 28 dias na gota se a temperatura for inferior a 10 graus, mas só
suporta um dia quando faz mais de 30 graus...No momento em que as temperaturas
caírem de novo o vírus voltará. Por isso é importante desenvolver vacinas e
tratamentos que possamos usar nos anos vindouros” (Fonte: El País</span>)<span style="background: white; color: #333333;">.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-top: 6.0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><span style="background: white; color: #333333;">Para Mitjà, apesar de
ser necessário combater o pânico que se instaurou, não devemos baixar a guarda</span>.<span style="background: white; color: #333333;"><o:p></o:p></span></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 6.0pt; text-align: justify;">
<span style="color: #222222; font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: Arial; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">Físico, médico, epidemiologista e professor catedrático da
Escola de Matemática Aplicada da Fundação Getúlio Vargas, no Rio de Janeiro, o
Dr. Eduardo Massad, Ph.D., é especialista em modelos matemáticos para estimar o
ônus de doenças infectocontagiosas. Em entrevista para o MedScape, ele afirma:<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; margin-left: 2.0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 6.0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><span style="color: #222222;">“...[o] novo coronavírus
é uma doença relativamente branda e...hoje tem uma taxa de mortalidade que está
entre 2% e 3%...Calculamos essa mortalidade dividindo número de pessoas que
morreram pelo número de casos notificados, por isso tende a cair. Os dois
últimos coronavírus, que foram causadores de SARS (do inglês, <em><span style="font-family: "calibri" , sans-serif; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: Arial; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">Severe Acute
Respiratory Syndrome</span></em>) e MERS (do inglês, <em><span style="font-family: "calibri" , sans-serif; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: Arial; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">Middle East
Respiratory Syndrome</span></em>) tinham taxa de mortalidade muito
superior...Acontece que o número de casos notificados é a ponta do iceberg do
total de casos de infecção. Um número muito grande de infecções passa
despercebido ou é confundido com uma gripe normal e não entra na conta. Só
entram na conta os casos graves, de pessoas que acabam sendo hospitalizadas. A
taxa de mortalidade desse coronavírus deve ser cinquenta ou talvez cem vezes
menor do que a que vem sendo propagada. A SARS teve letalidade em torno de 10%,
chegando a 17% em alguns locais. A letalidade da MERS foi muito maior. Chegou a
uma média de 35% ...Em alguns lugares, o H3N2 teve letalidade maior do que
o próprio H1N1...Acredito que podemos ter um número considerável de
mortalidade, mas ainda assim no final do dia a dengue terá feito estrago maior
do que o novo coronavírus...A própria gripe comum pode levar a pneumonia grave.
A situação ficará mais preocupante quando a temperatura começar a baixar, em
cerca de um mês. Como os sintomas são muito parecidos, não vamos conseguir
sequer diferenciar quem está com gripe por <em><span style="font-family: "calibri" , sans-serif; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: Arial; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">Influenza</span></em> ou coronavírus...recomendo
tomar as vacinas existentes para tudo aquilo que pode acometer o pulmão, como
os pneumococos e o <em><span style="font-family: "calibri" , sans-serif; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: Arial; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">Influenza</span></em>...o esquema de vacinação tem de estar sempre em
dia. É a única esperança que a gente tem para escapar disso...A Organização
Mundial da Saúde (OMS) também está escaldada. Em 2009, decretaram pandemia de
H1N1 e todo mundo saiu comprando oseltamivir e máscaras, mas a situação não
teve a dimensão prevista. Alguns anos depois, decretaram a epidemia de zika e
ela arrefeceu. Acredito que devem esperar até o último momento para declarar
pandemia, assim como foi com o vírus Ebola, em 2014...Tenho a impressão de que
há uma tendência a supervalorizar a importância desse surto. Na minha opinião,
estão faturando politicamente em cima desse vírus. Muita gente que não aparecia
há muito tempo agora não sai dos meios de comunicação. Não sei se é uma
estratégia política para desviar de outros assuntos, que são tão ou mais
graves. Temos novamente crianças morrendo de sarampo e os casos da doença
continuam aparecendo. É uma vergonha. Considerando que o pico da dengue
acontece entre abril e maio, é muito preocupante a epidemia no Paraná, onde a
situação está completamente descontrolada e há muitos casos graves em pessoas
de todas as idades. Não estou dizendo que é para nos descuidarmos do novo
coronavírus, mas é desproporcional essa manifestação dos órgãos oficiais em
detrimento de outros problemas de saúde do país”</span><span style="background: white; color: #333333;"> (fonte: </span><a href="https://portugues.medscape.com/verartigo/6504519?pa=QdYf4NZUBFiATgX1t7r74sr6JB%2F7lvJQQjPikonricsWDqmHmx1s6tEWNbJQJyCnNFsYxDuz%2Fz2hge3aAwEFsw%3D%3D"><span style="background: white; color: #333333; text-decoration: none;">MedScape</span></a><span style="background: white; color: #333333;">)<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-top: 6.0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-top: 6.0pt; text-align: justify;">
<span style="background: white; color: #333333; font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">Andreas Kappes,
professor da City University, em Londres, e especialista em psicologia e
neurociência, estuda como a incerteza afeta nosso comportamento e conduziu um
experimento onde uma "gripe africana" fictícia foi utilizada para
avaliar o comportamento das pessoas em relação a decisões que poderiam colocar em
risco a vida de outras pessoas. Para ele “...o pânico não começa de
imediato...No começo, as pessoas acham que estão de alguma forma
seguras...Podemos pensar: 'Não é provável que eu pegue o novo coronavírus, mas
as outras pessoas, sim'”. Mas um momento de estresse, que pode ser ilustrado
pela grande visibilidade do corona vírus nas mídias sociais, rompe essa bolha
otimista e começamos a adotar atitudes valorativas em relação aos resultados
estatísticos oficiais, desconfiando deles, identificando a nós e nossos entes queridos
com as vítimas e os cenários projetados tornam-se os piores possíveis,
condicionando nossas ações no chamado "efeito manada", puro pânico irracional.
Segundo Steven Taylor, "As pessoas observam as outras para saber como
devem responder, é mais instintivo do que racional”. Outro motivo para o
pânico, segundo Taylor, é a falta de credibilidade que possuímos em soluções
simples para problemas, aparentemente, complexos (Fonte: r7-Saúde).<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-top: 6.0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><span style="background: white; color: #333333;">Assim, se a nossa
percepção para o problema, e não o problema em si, condena a solução como
ineficaz, a desnecessidade do uso de máscaras e o simples ato de lavar bem as
mãos, em lugar do álcool-gel, para se precaver contra a contaminação, não
parece ser uma solução viável, na visão da população. A incredulidade nas ações
e orientações dos especialistas, considerados distantes da “realidade do povo”,
o excessivo apego a tradições e a necessidade de soluções especiais para
problemas especiais produzem um círculo vicioso que compromete a eficiência das
já intempestivas soluções planejadas pelos Governos. As soluções especiais e as
opiniões dos “leigos especialistas” não tardam a chegar na forma de memes e Fake
News veiculados nas redes sociais. Steven Taylor, autor do livro </span><i><span style="background: white; color: black;">The
Psychology of Pandemics</span></i><span style="background: white; color: #333333;"> (A Psicologia de Pandemias, em tradução) diz que "A diferença
fundamental dessa pandemia para outras são as redes sociais e nossa
interconexão. As pessoas são expostas a vários materiais, inclusive fotos e
textos dramáticos. É uma 'infodemia'", afirma...” (Fonte: r7-Saúde).<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-top: 6.0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><span style="background: white; color: #333333;">Parece que não saímos
do lugar quando olhamos para trás, pois a falta de (in)formação social, a
proliferação de boatos, o estabelecimento de condutas pessoais fundadas em
valores e não em fatos, a análise parcial do problema e a instituição de ações governamentais
impulsionadas por interesses de grupos específicos, ainda continua com a mesma
tônica de 200 anos atrás. Quando associamos isso a uma convocação tardia dos adequados
hábitos de higiene, de uma ética sanitária pessoal baseada em interesses
coletivos e dos procedimentos governamentais de educação, prevenção e contenção,
apenas quando o protagonista de uma doença já se apresentou como ameaça à saúde
pública, particularmente, das camadas mais ricas da sociedade, colocando em
xeque as seguranças e economias nacionais, temos a dimensão do problema
instaurado. Esse hábito, via de regra, abre espaço para os boatos e as falsas
soluções, geram incredulidade e dúvidas sobre as medidas corretas, produz
pânico generalizado e induz medidas desproporcionais intempestivas e
desesperadas, que perturbam a ordem social e denunciam as mazelas do processo
civilizatório, às vezes, causando mais mal do que bem, em uma iatrogenia nos
moldes da Revolta da Vacina há mais de 100 anos. Isso nos ensina que o excessivo
relaxamento, não só dos Governos, mas sobretudo dos cidadãos quanto às suas
responsabilidades coletivas e privadas, no interregno entre um surto e outro, e que </span><span style="background-color: white; color: #333333;">convocar a consciência coletiva, somente, nos momentos de crise, esquecendo-nos dela nos momentos de paz, em favor do individualismo característico das sociedades atuais, em um modelo necropolítico, é algo infrutífero e</span><span style="background-color: white; color: #333333;"> um erro que não pode continuar sendo reproduzido nos próximos 200 anos. E, nesse cenário, instituições como o SUS têm papel fundamental, pois surgem como representantes máximos da equidade social e do acesso à saúde à milhares de cidadãos, reafirmando-se a necessidade de seu fortalecimento e qualificação, contra a lógica neoliberal de seu esfacelamento em nome de uma monetização cruel e promotora da iniquidade sanitária no Brasil.</span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-top: 6.0pt; text-align: justify;">
<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-top: 6.0pt; text-align: justify;">
<span style="background: white; color: #333333; font-size: 12.0pt;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-top: 6.0pt; text-align: justify;">
<span style="background: white; color: #333333; font-size: 12.0pt;"><b>FONTES</b></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span class="MsoHyperlink"><span style="font-size: 8.0pt;"><a href="https://www.em.com.br/app/noticia/internacional/2020/02/26/interna_internacional,1124415/oms-lembra-que-gripe-sazonal-mata-60-000-por-ano-na-europa.shtml">https://www.em.com.br/app/noticia/internacional/2020/02/26/interna_internacional,1124415/oms-lembra-que-gripe-sazonal-mata-60-000-por-ano-na-europa.shtml</a><o:p></o:p></span></span></div>
<a href="https://www.estadao.com.br/noticias/geral,europa-enfrenta-temporada-de-gripe-com-virus-mais-forte,20070126p2354" style="font-size: 8pt; text-align: justify;">https://www.estadao.com.br/noticias/geral,europa-enfrenta-temporada-de-gripe-com-virus-mais-forte,20070126p2354</a><br />
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0.0001pt; text-align: left;">
<span class="MsoHyperlink"><span style="font-size: 8.0pt;"><a href="https://theintercept.com/2020/03/17/coronavirus-pandemia-opressao-social/">https://theintercept.com/2020/03/17/coronavirus-pandemia-opressao-social/</a><o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0.0001pt; text-align: left;">
<span class="MsoHyperlink"></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0.0001pt; text-align: left;">
<span class="MsoHyperlink"><span style="font-size: 8.0pt;"><a href="https://www.brasildefato.com.br/2020/03/13/artigo-coronavirus-as-doencas-dos-ricos-matam-os-pobres-de-virus-ou-de-fome">https://www.brasildefato.com.br/2020/03/13/artigo-coronavirus-as-doencas-dos-ricos-matam-os-pobres-de-virus-ou-de-fome</a><o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span class="MsoHyperlink"><span style="font-size: 8.0pt;"><a href="https://portal.fiocruz.br/noticia/revolta-da-vacina-2">https://portal.fiocruz.br/noticia/revolta-da-vacina-2</a><o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span class="MsoHyperlink"><span style="font-size: 8.0pt;"><a href="https://noticias.r7.com/saude/coronavirus-nao-ha-motivo-para-populacao-entrar-em-panico-11032020">https://noticias.r7.com/saude/coronavirus-nao-ha-motivo-para-populacao-entrar-em-panico-11032020</a></span><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span class="MsoHyperlink"><span style="font-size: 8.0pt;"><a href="https://brasil.elpais.com/ciencia/2020-03-03/como-o-coronavirus-se-compara-com-a-gripe-os-numeros-dizem-que-ele-e-pior.html">https://brasil.elpais.com/ciencia/2020-03-03/como-o-coronavirus-se-compara-com-a-gripe-os-numeros-dizem-que-ele-e-pior.html</a></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<a href="https://portugues.medscape.com/verartigo/6504519" style="font-size: 8pt;">https://portugues.medscape.com/verartigo/6504519</a></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<br />
<span style="font-size: x-small;"><span style="color: blue;">[1]</span> Por ser o SARS-CoV2 uma
nova cepa e não haver dados científicos formalizados em periódicos e livros de Saúde
sobre a atual epidemia, o presente texto recorreu à análise de fontes mais
populares e contou com uma compilação da opinião de especialistas em diferentes
veículos citados ao final dos parágrafos e períodos. Uma evolução do presente texto foi submetida em março de 2020 e publicada em julho do mesmo ano, pela UERJ, e pode ser conferida em </span><a href="https://www.e-publicacoes.uerj.br/index.php/sustinere/article/view/50902"><span style="font-size: x-small;">https://www.e-publicacoes.uerj.br/index.php/sustinere/article/view/50902</span></a><br />
<div class="MsoFootnoteText">
<span style="font-size: x-small;"><o:p></o:p></span></div>
</div>
<div align="right" class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: right;">
<span style="font-size: x-small;"><br /></span></div>
<br />Walner Mamedehttp://www.blogger.com/profile/12889964824133215359noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8450972477713093575.post-79762364399090144162019-07-14T09:07:00.002-07:002019-07-14T09:07:46.996-07:00HÁ REPRESENTATIVIDADE POLÍTICA NO BRASIL?<div style="text-align: right;">
Walner Mamede</div>
<div style="text-align: right;">
<br /></div>
<a href="https://noticias.r7.com/record-news/jornal-da-record-news/videos/professora-carolina-pedroso-fala-sobre-problema-de-representatividade-politica-no-brasil-15082017" target="_blank">Neste video</a>, a pedra foi cantada um ano antes das eleições de 2018. Nele, a Professora Carolina Pedroso já quase antecipa os resultados das eleições a partir de dados como: (1) um terço dos brasileiros não acreditam na democracia; (2) mais de 90% da população não se sente representado pelos políticos que elege (eu mesmo tenho um texto sobre esse tema em <a href="http://walnermamede.blogspot.com/2015/01/por-que-nao-ha-sentimento-de.html?m=1&hl=pt_BR">http://walnermamede.blogspot.com/2015/01/por-que-nao-ha-sentimento-de.html?m=1&hl=pt_BR</a>); e (3) há um cenário propício à vitória de um outsider.<br />
<br />
O discurso da Professora é, aparentemente, imparcial, mas, salvo engano, deixa transparecer uma pequena tendência a apoiar uma política de direita, especialmente, qdo afirma ser o sentimento de não representatividade política um advento recente, localizando-o, cronologicamente, a partir de 2013, e qdo analisamos suas afirmações sobre as relações políticas e econômicas internas e internacionais da Venezuela (conteúdo mais recente veiculado hj, 14/07/19, pela Band News).<br />
<br />
A despeito da suspeita de parcialidade, este vídeo é bem interessante, considerando sua anterioridade às eleições de 2018.Walner Mamedehttp://www.blogger.com/profile/12889964824133215359noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8450972477713093575.post-53213448217678593512019-04-28T11:05:00.002-07:002019-04-28T11:10:30.918-07:00A falência anunciada da Educação e o fracasso sindical<div style="text-align: right;">
Walner Mamede</div>
<br />
<br />
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
No contexto brasileiro atual, vemos um desmonte de todo o processo histórico que qualificou, minimamente, a Educação a partir do processo de redemocratização nacional. A atual gestão do Ministério da Educação não reconhece o valor de políticas inclusivas ou distributivas como, por exemplo, o Fundef e seu herdeiro, o Fundeb, ameaçando sua existência por meio dos inúmeros cortes orçamentários prometidos para a Educação, sob o discurso de enxugamento das despesas do Estado. Fazer frente a isso é um papel, não exclusivo, mas sobretudo dos sindicatos. Contudo, existe força e legitimidade dessa instância de negociação, na atual conjuntura política brasileira?</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
No Brasil, os sindicatos, como instância de
negociação, sofreram considerável redução de sua força desde os anos 80,
particularmente de meados dos anos 90 <st1:personname productid="em diante. Desde" w:st="on">em diante. Desde</st1:personname> então,
gradativamente, os sindicatos têm sido acusados de não serem mais
representativos dos interesses da classe ou, mais recentemente, de terem sido
cooptados pelas estruturas do Governo, em um ato de “peleguismo”. Isso
compromete o poder de barganha próprio dos sindicatos e torna-os suscetíveis às
pressões externas, enfraquecendo seu poder de veto aquilo que, em tese, vai
contra os interesses da classe que representa. Durante as negociações do
Fundef, essa característica foi fundamental para sua rápida aprovação, pois os
sindicatos não se constituíram como oposição significativa, seja por sua
adesão, seja por sua omissão velada, havendo poucas exceções, como foi o caso
de São Paulo, onde houve articulações contrárias em decorrência do entendimento
de que seria injusto redistribruir a verba de regiões mais ricas para as mais
pobres, por caracterizar uma espécie de parasitismo destas em relação àquelas.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Contudo, ainda que tenha havido
focos (esparsos, é verdade) de oposição sindical no Brasil, esta manifestação
de poder está muito distante daquela encontrada em outros países latinos, como, por exemplo, no México, onde o sindicalismo
possui forças para fazer frente às propostas do Governo Central. Esse
enfraquecimento sindical no Brasil não sobreveio gratuitamente e desconexo de
interesses. De forma geral a classe patronal possui particular interesse nesse
aspecto. Além de ser algo desejável pela “flexibilização” das relações entre
patrão e empregado, seu aspecto mais imediato e perceptível, possui o
“benefício” de incentivar a instalação de multinacionais em território
nacional, haja vista que o capital estrangeiro mantém maior interesse em
mercados cujo controle das relações de emprego sejam mais frouxas.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Podemos perceber um paradoxo
interessante quando da criação do Fundef: se, de um lado, a força sindical moderada
é que preserva a qualidade das relações laborais para seus associados,
tornando-as mais justas e exercendo pressões contrárias à exploração de mercado
e ao atendimento de interesses particulares, por outro é justamente a crença de
que seu enfraquecimento irá criar possibilidades de modernização, aquecimento
econômico e expansão do estoque de vagas no mercado, pela redução de custos
trabalhistas e pelo aporte de capital estrangeiro não-especulativo, que acabou
contribuindo para a rápida aprovação de uma política de equidade (ainda que
parcial, pela visão fragmentada da Educação) como foi o Fundef, pois a partir
dessa crença foram engendradas estratégias insidiosas <i style="mso-bidi-font-style: normal;">a priori </i>que dilapidaram o poder sindical e este não pode fazer
frente a pontos cruciais de uma proposta que não conseguia perceber a Educação
de forma sistêmica, como caberia a uma política educacional mais equalizadora. A despeito disso, o tempo demonstrou a necessidade de se ampliar o escopo de tal política e o Fundeb foi instituído, abarcando toda a Educação Básica e mais somente o Fundamental.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Inobstantemente, em um momento em que se coloca em xeque a suficiência das fontes orçamentárias e estratégias necessárias para uma maior qualificação da Educação no Brasil, o Governo Federal se posiciona na contramão da evolução das discussões, que se processaram ao longo dos últimos 30 anos, retrocedendo quase meio século nas concepções que alavancaram a Educação no Brasil. O fundamento das oposições vigentes no nível Federal da Administração Pública e suportadas por uma maioria considerável de leigos no assunto, tanto no nível da gestão, quanto no da população, é o de oposição aos pressupostos freireanos, marxistas/comunistas que, segundo eles, "dominaram as escolas e impuseram um modelo de educação doutrinário-ideológico avesso ao seu real papel, que consistiria simplesmente em 'ensinar a ler, escrever e fazer conta'", sendo as disciplinas de humanidades, como Sociologia e Filosofia, desnecessárias e um entrave para tal intento.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Oras, primeiro é necessário se perguntar o que significa "ler" para esses ilustres senhores-leitores-de-Olavo-de-Carvalho, segundo, seria importante ensinar-lhes o que significa marxismo, comunismo e freirianismo (para além da reduzida e deturpada visão olavista), pois é evidente seu entendimento distorcido de tais conceitos, inclusive, é patente seu desconhecimento (ou negligência) da realidade das escolas brasileiras e de sua história, bem como de qualquer fundamento político, pedagógico e psicológico da aprendizagem. No entanto, são eles, com o apoio de 40% da sociedade mais ignorante no assunto e, por isso, seus eleitores, que estão ditando as normas de conduta social e política e, sobretudo, definindo o perfil educacional e profissional e a concepção de cidadania de nossos filhos, netos e bisnetos (quiçá sejam barrados por uma população mais sábia, no futuro, e parem por aí). Se os sindicatos perderam força e a população está completamente descrente acerca de sua própria força de mobilização, seja por sua fragmentação ideológica, seja pelo receio das represálias características dos regimes totalitários, fica a pergunta: como faremos frente a tamanha ignorância e aos estragos que seus portadores estão implementando no cenário nacional?! Os avanços de 30 anos serão jogados por terra em 4, e sua recuperação terá um custo social, político e econômico inimaginável!!!</div>
<br />
<br />
<br />Walner Mamedehttp://www.blogger.com/profile/12889964824133215359noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8450972477713093575.post-7740374141404404452018-12-19T13:49:00.000-08:002019-04-01T07:16:29.193-07:00O Regime Militar e suas políticas: problemas negados pela retórica ufanista<br />
<div align="right" class="MsoNormal" style="margin-top: 6.0pt; text-align: right;">
Walner
Mamede<o:p></o:p></div>
<div align="right" class="MsoNormal" style="margin-top: 6.0pt; text-align: right;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-top: 6pt; text-align: justify;">
<div style="text-align: justify;">
O avanço da infraestrutura no
período militar é inegável, mas os custos desse avanço foram monstruosos, se manifestaram
apenas tardiamente, impactam o Brasil até os dias de hoje e exemplificam um
modelo irresponsável e inconsequente de Administração Pública, produzindo aumento
exponencial da dívida externa (em 20 anos, saiu de R$3,6 bi para R$93 bi), preocupantes impactos ambientais,
prejuízos sociais incalculáveis e absurda estagnação econômica. Em 1964, o
Brasil era o 45<sup>o </sup>PIB do mundo, subindo para 10<sup>a</sup> posição
durante o Governo Militar, contudo, mais uma vez, o custo foi imensurável. O
próprio Presidente Garrastazu Médici reconheceu isso ao afirmar “O Brasil vai
bem, mas o povo vai mal”, referindo-se ao aumento alarmante da desigualdade
social e da pobreza, trazidos pelo intenso arrocho salarial (ao final do Regime, o salário reduziu para a metade), a invasão de
capital estrangeiro, a remessa de divisas para o exterior e o acúmulo de
riquezas em faixas específicas da sociedade, que reduziu a inflação na primeira metade do Regime, chegando a alarmantes 223% ao seu final e, iatrogenicamente, diminuiu o poder de compra da grande maioria da população (mais de 50% de perda ao longo de 20 anos), com uma consequente
estagnação do mercado, que não se sustentava pelo alto consumo empreendido por
uma pequena faixa social privilegiada.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Segundo Jairo Falcão<a href="file:///C:/Users/walnerj/Documents/Documentos%20particulares/Produ%C3%A7%C3%A3o%20pol%C3%ADtica/Regime%20militar.docx#_ftn1" name="_ftnref1" style="mso-footnote-id: ftn1;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "calibri" , sans-serif; font-size: 11.0pt;">[1]</span></span></span></span></a>, “O
“milagre brasileiro” apoiou-se num tipo de crescimento econômico, priorizando a
desigualdade econômica e social. O próprio Delfim Neto prognosticou ‘crescer o
bolo para depois dividir’, e, por isso, o plano de desenvolvimento do grupo
civil-militar no poder baseou-se no aumento das taxas de lucros, na redução de
salários, na contenção do crédito, na redução da dívida pública e no
encolhimento das importações para conter o déficit externo”. Nesse sentido, a
Ponte Rio-Niterói, a usina de Anga, as hidrelétricas de Itaipu, Tucuruí,
Balbina, Ilha Solteira e Jupiá, os metrôs e quilômetros de estrada construídos,
o incremento da indústria siderúrgica, com o Projeto Grande Carajás, as
empresas e órgãos estatais criados e as políticas energéticas mirabolantes,
como o PróÁlcool e o enriquecimento de urânio, não conseguem justificar a conta
social, econômica e ambiental gerada e deixada de herança para os Governos
seguintes. Fazer obras e criar políticas é fácil quando a conta é paga por
terceiros!</div>
</div>
<div class="MsoNormal" style="margin-top: 6pt; text-align: justify;">
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Em adição a isso, precisamos
considerar os tropeços gerados pela megalomania inconsequente dos militares. As
usinas de Angra (cuja terceira etapa nunca chegou a ser finalizada pelos
militares, tendo sido um buraco sem fundo que consumiu muito dinheiro e retomada,
apenas, em 2008) e a hidrelétrica de Balbina, entre outros, são monumentos à
estupidez, que consumiram milhões e milhões de dólares, comprometeram extensas
áreas florestais, como a inundação provocada pela hidrelétrica de Balbina, e
não atendem minimamente as expectativas (Angra produz meros 1,57% da energia
consumida no Brasil e Balbina produz irrisórios 250 megawatts). A hidrelétrica
de Tucuruí foi foco de intensas críticas por ter desalojado várias comunidades e
destruído a fauna e flora locais com a extensa inundação provocada. Associado a
isso, existem os inúmeros escândalos de corrupção e prevaricação nos quais se
envolveram Angra, Itaipu, Tucuruí e Balbina, além dos gastos com royalties
compensatórios por perdas ambientais e uso dos recursos hídricos, que
giram em torno de 15% de suas receitas. Para Guilherme de Azevedo Dantas, da
Universidade Federal do Rio de Janeiro, “Tucuruí e Balbina são empreendimentos
onde os interesses energéticos ‘atropelaram’ questões ambientais”. Para
se ter uma ideia, segundo Robson Rodrigues<a href="file:///C:/Users/walnerj/Documents/Documentos%20particulares/Produ%C3%A7%C3%A3o%20pol%C3%ADtica/Regime%20militar.docx#_ftn2" name="_ftnref2" style="mso-footnote-id: ftn2;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "calibri" , sans-serif; font-size: 11.0pt;">[2]</span></span></span></span></a>,
em estudo publicado pela Editora Abril, em 2017, “Itaipu custou US$ 16 bilhões,
e sua dívida só será paga em 2023; Tucuruí alavancou US$ 3,7 bilhões; as usinas
de Angra 1 e 2 custaram, segundo a Eletronuclear, R$ 1,468 bilhão e R$ 5,108
bilhões; a Ponte Rio-Niterói, US$ 400 milhões, sendo US$ 88 milhões de
empréstimo externo com a condição de que o aço do vão central fosse comprado de
empresas inglesas”. A conta de todo esse impropério administrativo
desaguou nos anos 80, agravado pela crise do petróleo de 79, o que alimentou o
desejo dos militares em sair do Governo e deixar a conta para seus sucessores,
e se arrasta até hoje.</div>
</div>
<div class="MsoNormal" style="margin-top: 6pt; text-align: justify;">
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Podemos, ainda, lembrar da
Transamazônica, cuja construção consumiu milhões de dólares, custou a vida de 8
mil índios e de um número desconhecido de trabalhadores e colonos, provocou intensas
disputas agrárias, agrediu três ecossistemas (caatinga, cerrado e floresta),
ofereceu condições precárias de trabalho, nunca atendeu ao que se propunha e nem
teve seu último trecho construído, tudo isso por ausência de planejamento, de estudo
de viabilidade econômica, de responsabilidade social e de declarações e propagandas
ufanistas, exageradas e inconsequentes dos militares, que produziram situações
complicadas e preocupantes, como migração descoordenada, disputa de terras,
garimpos ilegais, problemas de saúde pública e insegurança social nas áreas de
ocupação, o que, inclusive, levou à desmotivação de colonos para se fixarem na
região. Para Delfin Neto, “A Transamazônica foi um erro produzido pela
ignorância de imaginar que a Amazônia fosse um território rico”. A Transpantaneira
e a Perimetral Norte não tiveram histórico diferente da Transamazônica e
respondiam, conjuntamente a outros projetos de expansão da malha rodoviária e desmonte
dos modais ferroviário, fluvial e marítimo, a um pressuposto básico trazido pela
Escola Superior de Guerra, conforme Jairo Falcão<a href="file:///C:/Users/walnerj/Documents/Documentos%20particulares/Produ%C3%A7%C3%A3o%20pol%C3%ADtica/Regime%20militar.docx#_ftn3" name="_ftnref3" style="mso-footnote-id: ftn3;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "calibri" , sans-serif; font-size: 11.0pt;">[3]</span></span></span></span></a>: “desenvolvimento
de acumulação capitalista, baseado na indústria de bens duráveis, entre elas, a
automobilística”, com o consequente aumento de incentivos e facilitações de
crédito para a aquisição de caminhões e criação de transportadoras rodoviárias.
Ainda segundo Falcão, as estradas de ferro, no ano de 1972, foram reduzidas em 7.419
km, do total de 10.795 km e a preocupação dos militares foi muito mais com a
expansão do que com a recuperação e conservação da malha rodoviária já
existente. O investimento nesse projeto foi de mais de 4% do PIB, enquanto que
nos setores ferroviário e marítimo juntos orbitou em torno de meros 1%. Tal
política produziu graves problemas com o disparo do preço do petróleo a partir
de 74 e a exacerbação da crise a partir de 79, forçando o Governo a reduzir,
drasticamente, o investimento na expansão rodoviária, sem investimento
compensatório equivalente em outras modalidades de transporte, produzindo seu
estrangulamento e encarecimento, <o:p></o:p>e favorecendo empresas estrangeiras
no setor marítimo, por meio de normas da SUNAMAM que privilegiavam o perfil
dessas empresas, em detrimento de características próprias de empresas
brasileiras, segundo a revista Portos e Navios, em janeiro de 79.</div>
</div>
<div class="MsoNormal" style="margin-top: 6pt; text-align: justify;">
<div style="text-align: justify;">
<span style="text-align: justify;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="text-align: justify;">Se enveredarmos pelo campo da
Educação (e nem falaremos do INAMPS e da Saúde aqui, cujo caos criava esperas
intermináveis que obrigavam aos doentes dormirem nas longas filas, aguardando
atendimento, e fomentavam a venda de lugares, sendo um sistema público restritivo,
destinado apenas aos que possuíssem relações formais de emprego) a situação é
mais preocupante. A afirmação mais comum, atualmente, é que a escola do passado
ensinava melhor e que os professores eram respeitados pelos alunos. Se considerarmos
que até meados dos anos 50 a escola era ambiente destinado a pessoas de classe
média e alta, que as crianças possuíam já no lar as primeiras referências de um
mundo letrado e instruído, pois seus pais possuíam esse nível de educação, que
suas famílias eram bem estruturadas e possuíam mães presentes em tempo integral
na vida da criança e que isso faz toda a diferença no desempenho escolar, pois
a criança já chega na escola com um rico repertório educacional, é
compreensível o equívoco da afirmação, que confunde causa com efeito. Na
alfabetização, por exemplo, a criança precisa compreender que os traços que
fazemos no papel representam sons, antes de começarem a decodificar a relação
grafema-fonema, própria do método fônico e, se isso se dá a partir de contextos
e objetos já conhecidos e de interesse da criança, a alfabetização é muito mais
eficiente. Conforme Magda Becker Soares, professora da Universidade Federal de
Minas Gerais, em entrevista à Nova Escola</span><a href="file:///C:/Users/walnerj/Documents/Documentos%20particulares/Produ%C3%A7%C3%A3o%20pol%C3%ADtica/Regime%20militar.docx#_ftn4" name="_ftnref4" style="text-align: justify;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "calibri" , sans-serif; font-size: 11.0pt;">[4]</span></span></span></span></a><span style="text-align: justify;">,
nas famílias escolarizadas, essas etapas acabam ocorrendo espontaneamente antes
mesmo de a criança entrar na escola e é isso que promove o equívoco comum de
comparações esdrúxulas entre escolas elitizadas e aquelas que atendem alunos
das camadas populares. As realidades prévias, os pontos de partida são muito
desiguais e não permitem esse tipo simplista de comparação, seja entre presente
e passado, seja dentro do presente.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Nos anos 60 e 70 a realidade das
escolas públicas começou a mudar, mas foi com a Constituição de 88 que a
universalização da Educação permitiu a entrada massiva de alunos das classes
populares na escola e isso criou um desafio tanto social, quanto pedagógico e
financeiro, pois o aumento explosivo do quantitativo não foi acompanhado pela
qualificação de professores, pela teoria didática e pela infraestrutura, mas,
em compensação, permitiu o acesso e permanência a milhares de pessoas que
estavam fora da escola, dando-lhes chances, antes, inimagináveis e, com isso,
todos os muitos problemas de desigualdade social tramitaram para dentro da
escola pública, levando os filhos de famílias mais abastadas a migrarem para as
escolas privadas. Então, referendar a realidade escolar do período militar como
benchmark, momento em que a abertura da escola estava apenas se iniciando muito
timidamente, é desconsiderar todo o contexto social e educacional da época equiparando-o
ao atual. Equívoco semelhante se dá ao compararmos escolas públicas militarizadas
atuais às civis. A aparente melhor eficiência das escolas militarizadas apenas
ocorre porque elas realizam processos seletivos severos que privilegiam as camadas
mais elitizadas e excluem as mais populares, “jogando a sujeira para baixo do
tapete”, sem resolver o problema da baixa escolarização brasileira, que se
arrasta desde de sempre, inclusive, no período militar, conforme o pesquisador
Sérgio Costa Ribeiro. Na esteira de todos esses problemas encontramos o Mobral,
que propagandeou muito mais que executou (a taxa de analfabetismo entre jovens em idade escolar bateu os 20%! E se incluirmos os adolescentes acima de 15 anos e os adulto, isso aumenta, escandalosamente), adotou uma referência pedagógica tecnicista ultra-tradicional
de alfabetização e nem chegou perto de atender minimamente a demanda social com
a qualidade necessária.</div>
</div>
<div class="MsoNormal" style="margin-top: 6pt; text-align: justify;">
<div style="text-align: justify;">
<o:p></o:p></div>
<div style="text-align: justify;">
Precisamos reconhecer os esforços
dos militares (assim como de todos os Governos que já vigeram no Brasil) no
sentido de implementar mudanças que possibilitassem o desenvolvimento econômico
do país. No entanto, como deixa claro o texto, estabelecer uma relação de
idolatria com um passado mítico, desconsiderando todo o contexto da época e atual,
em comparações espúrias, sem dar visibilidade aos inúmeros e graves problemas políticos,
sociais, econômicos e ambientais que acompanharam esses esforços, em razão de
um direcionamento ideológico comprometido mais com o empresariado do que com a
população em geral é, no mínimo, ingênuo. Assim, afirmações saudosas em relação
ao Regime Militar, como se este tivesse sido o paraíso em Terra e seu retorno
representasse o novo Canaã, assim como sua irrestrita condenação, sem
considerar os avanços conquistados, é ilustrativo de um completo
desconhecimento histórico e da carência de uma abordagem crítica do tema.</div>
</div>
<div class="MsoNormal" style="margin-top: 6pt; text-align: justify;">
<div style="text-align: justify;">
<o:p></o:p></div>
</div>
<div class="MsoNormal" style="margin-top: 6pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-top: 6pt; text-align: justify;">
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;">Algumas referências (não-acadêmicas) para consulta das informações
dadas:<o:p></o:p></b></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-top: 6pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: x-small;"><a href="http://www.eeh2010.anpuh-rs.org.br/resources/anais/9/1279508786_%0bARQUIVO_ArtigoparaAnaisANPUH.pdf">http://www.eeh2010.anpuh-rs.org.br/resources/anais/9/1279508786_ARQUIVO_ArtigoparaAnaisANPUH.pdf</a><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-top: 6pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: x-small;"><a href="https://dms.ufpel.edu.br/sus/files/media/INPS.pdf">https://dms.ufpel.edu.br/sus/files/media/INPS.pdf</a><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-top: 6pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: x-small;"><a href="https://guiadoestudante.abril.com.br/estudo/obras-de-infraestrutura-do-brasil-na-ditadura/">https://guiadoestudante.abril.com.br/estudo/obras-de-infraestrutura-do-brasil-na-ditadura/</a><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-top: 6pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: x-small;"><a href="https://vestibular.uol.com.br/resumo-das-disciplinas/atualidades/ditadura-militar-grandes-obras-e-truculencia-policial-sao-algumas-herancas-do-regime.htm">https://vestibular.uol.com.br/resumo-das-disciplinas/atualidades/ditadura-militar-grandes-obras-e-truculencia-policial-sao-algumas-herancas-do-regime.htm</a><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-top: 6pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: x-small;"><a href="https://www.bbc.com/portuguese/brasil-38337544">https://www.bbc.com/portuguese/brasil-38337544</a><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-top: 6pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: x-small;"><a href="https://www.gazetadopovo.com.br/ideias/5-coisas-que-a-ditadura-militar-gostaria-que-voce-esquecesse-5awepn1sdius9ws0m7na1zlnb/">https://www.gazetadopovo.com.br/ideias/5-coisas-que-a-ditadura-militar-gostaria-que-voce-esquecesse-5awepn1sdius9ws0m7na1zlnb/</a><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-top: 6pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: x-small;"><a href="https://www.nexojornal.com.br/expresso/2016/11/10/Por-que-no-Brasil-h%C3%A1-mais-estradas-concedidas-%C3%A0-iniciativa-privada-do-que-em-outros-pa%C3%ADses">https://www.nexojornal.com.br/expresso/2016/11/10/Por-que-no-Brasil-h%C3%A1-mais-estradas-concedidas-%C3%A0-iniciativa-privada-do-que-em-outros-pa%C3%ADses</a><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-top: 6pt; text-align: justify;">
<a href="https://www1.folha.uol.com.br/educacao/2019/01/vivi-estado-novo-e-ditadura-mas-nunca-vi-periodo-tao-assustador-diz-referencia-em-alfabetizacao.shtml"><span style="font-size: x-small;">https://www1.folha.uol.com.br/educacao/2019/01/vivi-estado-novo-e-ditadura-mas-nunca-vi-periodo-tao-assustador-diz-referencia-em-alfabetizacao.shtml</span></a><o:p></o:p></div>
<div style="mso-element: footnote-list;">
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<!--[if !supportFootnotes]-->
<br />
<hr size="1" style="text-align: justify;" width="33%" />
<!--[endif]-->
<br />
<div id="ftn1" style="mso-element: footnote;">
<div class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: x-small;"><a href="file:///C:/Users/walnerj/Documents/Documentos%20particulares/Produ%C3%A7%C3%A3o%20pol%C3%ADtica/Regime%20militar.docx#_ftnref1" name="_ftn1" style="mso-footnote-id: ftn1;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "calibri" , sans-serif;">[1]</span></span><!--[endif]--></span></span></a>http://www.eeh2010.anpuh-rs.org.br/resources/anais/9/1279508786_ARQUIVO_ArtigoparaAnaisANPUH.pdf<o:p></o:p></span></div>
</div>
<div id="ftn2" style="mso-element: footnote;">
<div class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: x-small;"><a href="file:///C:/Users/walnerj/Documents/Documentos%20particulares/Produ%C3%A7%C3%A3o%20pol%C3%ADtica/Regime%20militar.docx#_ftnref2" name="_ftn2" style="mso-footnote-id: ftn2;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "calibri" , sans-serif;">[2]</span></span><!--[endif]--></span></span></a> https://guiadoestudante.abril.com.br/estudo/obras-de-infraestrutura-do-brasil-na-ditadura/<o:p></o:p></span></div>
</div>
<div id="ftn3" style="mso-element: footnote;">
<div class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: x-small;"><a href="file:///C:/Users/walnerj/Documents/Documentos%20particulares/Produ%C3%A7%C3%A3o%20pol%C3%ADtica/Regime%20militar.docx#_ftnref3" name="_ftn3" style="mso-footnote-id: ftn3;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "calibri" , sans-serif;">[3]</span></span><!--[endif]--></span></span></a>http://www.eeh2010.anpuh-rs.org.br/resources/anais/9/1279508786_ARQUIVO_ArtigoparaAnaisANPUH.pdf<o:p></o:p></span></div>
</div>
<div id="ftn4" style="mso-element: footnote;">
<div class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: x-small;"><a href="file:///C:/Users/walnerj/Documents/Documentos%20particulares/Produ%C3%A7%C3%A3o%20pol%C3%ADtica/Regime%20militar.docx#_ftnref4" name="_ftn4" style="mso-footnote-id: ftn4;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "calibri" , sans-serif;">[4]</span></span><!--[endif]--></span></span></a><a href="https://www1.folha.uol.com.br/educacao/2019/01/vivi-estado-novo-e-ditadura-mas-nunca-vi-periodo-tao-assustador-diz-referencia-em-alfabetizacao.shtml">https://www1.folha.uol.com.br/educacao/2019/01/vivi-estado-novo-e-ditadura-mas-nunca-vi-periodo-tao-assustador-diz-referencia-em-alfabetizacao.shtml</a></span><o:p></o:p></div>
</div>
</div>
<br />Walner Mamedehttp://www.blogger.com/profile/12889964824133215359noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8450972477713093575.post-70873055768643594322018-02-01T15:48:00.000-08:002019-05-10T06:11:29.258-07:00Cirurgia genital: mutilação ou direito cultural?<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
<div align="right" class="MsoNormal" style="text-align: right;">
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<iframe allowfullscreen='allowfullscreen' webkitallowfullscreen='webkitallowfullscreen' mozallowfullscreen='mozallowfullscreen' width='320' height='266' src='https://www.blogger.com/video.g?token=AD6v5dx153s3eEZIUw1klvKkUX-cITjvFT5AG1D5VNo9SwxumGZ0JExLsOj8Uwar-8_5Y9VdLVnfQShJ-PdkmUjxkQ' class='b-hbp-video b-uploaded' frameborder='0'></iframe></div>
<div style="text-align: center;">
<u1:p><span style="font-size: 13.5pt;"><br />
<!--[endif]--><o:p></o:p></span></u1:p></div>
<u1:p><span style="font-size: 13.5pt;"><br /></span></u1:p>
<u1:p><span style="font-size: 13.5pt;"><br /></span></u1:p></div>
<div align="right" class="MsoNormal" style="text-align: right;">
<u1:p><span style="font-size: 13.5pt;">Por Walner Mamede <o:p></o:p></span></u1:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 13.5pt;">O presente ensaio não realiza uma
apologia acerca de posições contrárias ou favoráveis ao tema proposto. Tampouco é
uma crítica à defesa do direito da mulher ou do homem a uma autonomia sobre seu
próprio corpo. Antes, é um convite à reflexão sobre como tendemos a ser
etnocêntricos e como convocamos a Ciência a nosso favor, em uma narrativa universalizante, quando assim é
conveniente, ainda nos dias de hoje, sem nos darmos conta dos aspectos
subjetivos e políticos que figuram como pano de fundo na determinação de
teorias científicas, nem sempre isentas de interesses ou de interferências de
fatores extracientíficos.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 13.5pt;">Cirurgias genitais, tanto
masculinas quanto femininas, praticadas em regiões africanas como produto
cultural e religioso têm sido alvo de grandes discussões, na atualidade, e
adentraram o campo de debate sobre direitos humanos, sexismo, feminismo e violência
contra a mulher e seu direito de decidir sobre seu próprio corpo e sexualidade.
Contudo, conforme Shahvisi e Earp (2018), a Rede Consultiva de Políticas
Públicas não-partidária sobre Cirurgias Genitais Femininas na África afirma que
“a grande maioria das sociedades mundiais pode ser descrita como patriarcal e a
maioria não modifica os órgãos genitais de qualquer sexo ou modifica apenas os
genitais dos homens. Não há quase nenhuma sociedade patriarcal com cirurgias
genitais habituais para mulheres apenas" (p.14). Ainda conforme os
autores, a forma como as intervenções cirúrgicas genitais femininas vêm sendo
apresentadas no Ocidente se mostram um tanto estereotipadas e
descontextualizadas de sua raiz cultural. Assim, as mulheres originárias dessas culturas têm sido tratadas
quase sempre como destituídas de capacidade de discernimento e vítimas ingênuas
de um sistema patriarcal que controla sua sexualidade, não dando voz a um
grande e dominante número de mulheres que veem nessa prática um costume a ser
respeitado como construtor da identidade feminina e da ordem social em seus
países.<o:p></o:p></span><u1:p></u1:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 13.5pt;">Na esteira da
descontextualização cultural das análises, desconsideram-se outros elementos
como o fato de que, em alguns grupos sociais, a circuncisão masculina é reconhecida e
realizada, explicitamente, como rito de passagem para ascensão ao status adulto e inclusão social entre os jovens e controle do comportamento sexual
masculino, com um discurso higienista moral que propugna a
diminuição do desejo e do instinto sexual e que visa levar desde a inibição da
masturbação à redução do número de coitos, passando pela busca de não propagação
do HIV e outras doenças. Isso pode ser verificado em países tão distintos
quanto Camarões e EUA, em grupos específicos, ou mesmo em campanhas
internacionais, no Ocidente, favoráveis a essa prática. Além disso, existe uma
aviso subliminar nos ritos de passagem masculinos que incluem a mutilação
peniana (circuncisão, a sub-incisão, raspagem uretral, sangria, pique,
piercings...): os mais velhos passam a mensagem aos noviços de que possuem o
poder de castração em caso de uso inadequado do pênis, exercendo um controle
sobre o comportamento sexual masculino, segundo padrões culturais ou
religiosos. No entanto, as oposições morais dominantes no Ocidente se
apresentam, apenas, contra o mutilação feminina, com o argumento de ser ela um
ato sexista de dominação masculina sobre a sexualidade feminina, enquanto a
circuncisão é vista como aceitável e sem consequências morais, físicas ou
psicológicas. Ainda que motivos sexuais figurem como justificativa para
mutilações genitais tanto femininas quanto masculinas em algumas comunidades,
em outras não são eles os causadores do costume (Shahvisi e Earp, 2018). Tais evidências colocam em
xeque a concepção de repressão sexual feminina por uma sociedade,
eminentemente, machista ao apresentar indícios de que o costume da mutilação
genital nem sempre é sexualmente condicionado e, quando o é, não é orientado
pelo gênero da “vítima” e sim está disseminado nessas comunidades como uma
tentativa de coação comportamental difusa em relação à sexualidade, em resposta
a crenças e valores culturais ou religiosos, que atingem tanto homens, quanto
mulheres.<o:p></o:p></span><u1:p></u1:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 13.5pt;">De acordo com Shahvisi e Earp
(2018), há indícios de que a aversão ocidental à mutilação feminina e a
permissividade à mutilação masculina (assim como às cirurgias estéticas
genitais femininas, que perseguem objetivos ideológicos muito próximos das
ditas mutilações, mas gozam de prestígio entre mulheres ocidentais brancas)
estejam em linha de diálogo direto com uma islãfobia e à identificação do Islã
como uma sociedade patriarcal e misógina, cujas práticas, por força da
religião, são sempre sexistas, ainda que possuam muito mais homens mutilados
que mulheres entre eles. A disseminação dessa imagem do povo mulçumano permitiu a
camuflagem do preconceito em relação a ele na forma da preocupação com o
bem-estar da mulher, fortalecendo discursos, bandeiras e agendas da luta contra
o sexismo pelo mundo e atendendo interesses políticos e econômicos de
desqualificação desse povo perante a comunidade mundial. Ainda que exista
legitimidade na luta contra o preconceito e a violência dirigidos à mulher, a
retórica que utiliza o costume mulçumano como ilustração da existência de tal
preconceito recorre ao sofisma para tal, em uma análise reducionista da cultura
desse povo, o que produz um preconceito (contra o mulçumano) em busca de
redução de outro (contra a mulher), em uma estratégia instrumentalista, onde os
fins justificam os meios, sem qualquer preocupação com seus efeitos colaterais.
A estrutura do raciocínio é simples: (1) A conseguiu se legitimar como bom
(mito). (2) B é mau porque não atende as expectativas de A (autocentrismo). (3)
Se B é mau, tudo o que faz é ruim (falácia da origem). (4) Se x é
produto de B, boa coisa não é. (5) A disse que a conduta y é má e deve ser
coibida (apelo à autoridade). (6) Quem produz y é ruim, pois uma árvore se
conhece por seus frutos (falácia da generalização). (7) As condutas x e y
parecem idênticas. (8) A disse que x e y são a mesma coisa (reducionismo). (9)
Então B produz também y, logo, B é muito mau e deve ser combatido. (10) Se B produz
y, y é mesmo muito ruim e deve ser combatido (falácia da circularidade). Com
esse raciocínio, produz-se uma associação espúria entre dois elementos
distintos e um justifica o juízo de valor acerca do outro. Como o raciocínio é
complexo e distanciado no tempo, as associações falaciosas não são percebidas.
Aqui opera (a) uma percepção sensorial de dados do real; (b) uma elaboração de
conceitos e concepções derivadas dos dados; (c) a produção de ideias e teorias
derivadas dos conceitos e concepções. Essa é uma operação de fundo kantiano e é
legítima, não fosse o fato de, no caso da equiparação entre sexismo e costume
mulçumano, não ter se considerado as intenções por trás dos atos.<o:p></o:p></span><u1:p></u1:p><br />
<span style="font-size: 13.5pt;"><br /></span>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<iframe allowfullscreen="" class="YOUTUBE-iframe-video" data-thumbnail-src="https://i.ytimg.com/vi/pPQXb8uR5OE/0.jpg" frameborder="0" height="266" src="https://www.youtube.com/embed/pPQXb8uR5OE?feature=player_embedded" width="320"></iframe></div>
<span style="font-size: 13.5pt;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 13.5pt;">Em outras palavras, numa
abordagem kantiana, a intenção é o que define a moralidade do ato e este deve
se dar, independentemente, das consequências se a lei a priori que o motiva
atende a um imperativo categórico, algo que seja socialmente aceito e
comprometido com a harmonia social. Assim, antes de arbitrar pela classificação
da amputação clitoriana como um ato sexista, há que se colocar as seguintes
questões: o que, de fato, na cultura considerada, motiva o ato?; a motivação em
um contexto possui as mesmas premissas morais, éticas, filosóficas,
ideológicas, técnicas que em outro?. Colocar tais questões impede o passo (8),
do reducionismo, e já minaria a possibilidade de associação espúria e
circularidade, passo (10). No entanto, as conclusões (ideias) advindas desse (e
de qualquer) raciocínio são produtos de reflexões lógico-racionais (passo (c))
e, como tais, carentes de lastro óbvio e direto com a realidade empírica, pois,
apesar de parecer, não derivam da experiência e sim da intelecção sobre a
experiência e, assim, passíveis de ambiguidades, obscuridades, vieses
originados da subjetividade e da biografia de quem observa (passo(a)), julga
(passo(b)) e conclui (passo (c)) e, portanto, permissivas à existência de
antinomias, cuja verdade dos enunciados será apenas, arbitrariamente, decidida
pelos agentes imersos em um campo social, cultural, científico ou qualquer
outro, ou pelos atores interessados nos resultados a se obter. A arbitragem,
para Bourdieu (2004 a, b), seria herdeira da estrutura e do habitus existente
no campo em questão, sendo, no campo científico, a realidade empírica convocada
a priori como árbitro da decisão, em um processo de verificação e refutação de
hipóteses. Para Latour (2000; 2012), seria tributária das negociações de
interesses intersubjetivas realizadas pelos atores em uma rede sociotécnica,
havendo convocação da realidade empírica como legitimadora da decisão, apenas a
posteriori de uma refutação política da hipótese perdedora. Em ambos os casos
não existe isenção da interferência de interesses políticos e econômicos
externos à Ciência na decisão chancelada.<o:p></o:p></span><u1:p></u1:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 13.5pt;">Nesse contexto, acaba por
existir um imperialismo cultural velado ocidental sobre as comunidades
não-ocidentais que propugnam o direito à amputação clitoriana (ou outro
procedimento “mutilatório” genital). Com isso, cria-se uma narrativa
legitimadora de intervenções locais externas sob o discurso de preocupação com
o bem-estar da população autóctone, assim como ocorreu na colonização do Brasil
(Gomes e Novais, 2013), quando os colonizadores, na figura dos jesuítas,
utilizaram a conduta sexual “depravada” (inclusa, e principalmente, a prática
do homossexualismo) dos indígenas como elemento legitimador de sua
catequização, a fim de que suas almas fossem salvas e, a partir disso, toda
sorte de atrocidades contra os indígenas passaram a ser compreendidas como em
seu próprio benefício, pois eram ignorantes e não possuíam discernimento sobre
o que lhes era ou não benéfico. Guardadas as devidas ressalvas entre um e outro
caso, a estrutura do pensamento é a mesma e a história já mostrou, no caso
brasileiro, o quanto as atitudes colonialistas foram violentas e inadequadas.
Tendo em conta essas questões, porque considerar que as intervenções do Ocidentes
sobre as culturas não-ocidentais que praticam intervenções cirúrgicas genitais
como forma de construção de identidades masculinas ou femininas, seja em
resposta a critérios culturais, seja em atendimento a exigências religiosas,
estejam erradas ou sejam más? Apenas porque possuímos, hoje, a chancela da
Ciência e dos pretensos consensos das convenções que editaram os direitos
Humanos Universais? Tais entidades ou instituições sociais modernas diferem em
que medida, em termos de critérios lógico-racionais, das instituições que deram
causa às chacinas e opressões aos nossos indígenas durante a colonização? Ao
considerarmos a Ciência, como arauto do conhecimento verdadeiro, como explicar
que uma teoria passada foi, cientificamente, elaborada e, hoje, é considerada
obsoleta ou absurda? Podemos dizer que ela foi menos científica do que a teoria
que a substituiu e, por esse motivo, as ações embasadas na teoria atual possuem
mais chances de sucesso? Não existiria a possibilidade de uma teoria futura nos
mostrar o quão equivocados estávamos e nos fazer arrepender das decisões
tomadas, quando poderiam ter sido diferentes se incluíssemos, em seu cálculo, a
percepção e opinião dos sujeitos para os quais nossas ações estão sendo
dirigidas? Essas são questões que precisam ser discutidas antes do estabelecimento de normas universais que visem a homogenização de condutas e valores entre culturas </span><span style="font-size: 13.5pt;">que não compartilham das mesmas crenças e necessidades, ainda que a Ciência surja como a grande legitimadora das decisões, pois, como bem trás Annemarrie Mol, em sua Política Ontológica, a realidade é, mais que plural, múltipla e demanda a participação de seus múltiplos atores, munidos das muitas performances pertencentes ao objeto em análise para que ele seja, minimamente, compreendido em sua complexidade, aceitando-se sua multiplicidade ontológica, subjetiva, temporal e espacialmente, determinada (Mol, 1999).</span><br />
<u1:p></u1:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-size: 13.5pt;">Bibliografia</span><u1:p></u1:p></b><span style="font-size: 13.5pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit; font-size: x-small;">Bourdieu, Pierre. 2004a. Os
usos sociais da Ciência: por uma sociologia clínica do campo científico. São
Paulo: Unesp.<o:p></o:p><u1:p></u1:p></span><br />
<span style="font-family: inherit; font-size: x-small;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit; font-size: x-small;">Bourdieu, Pierre. 2004b. Para
uma sociologia da Ciência. Lisboa: Edições 70.<o:p></o:p><u1:p></u1:p></span><br />
<span style="font-family: inherit; font-size: x-small;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit; font-size: x-small;">Gomes, Aguinaldo Rodrigues;
Novais, Sandra Nara da Silva. 2013. Práticas Sexuais e Homossexualidade entre
os Indígenas Brasileiros. Caderno Espaço Feminino - Uberlândia-MG - v. 26, n.
2. Disponível em <a href="http://www.seer.ufu.br/index.php/neguem/article/viewFile/24666/13726">http://www.seer.ufu.br/index.php/neguem/article/viewFile/24666/13726</a>.<o:p></o:p><u1:p></u1:p></span><br />
<span style="font-family: inherit; font-size: x-small;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit; font-size: x-small;">Latour, B. 2000. Ciência em
ação. São Paulo, São Paulo: Unesp.<o:p></o:p><u1:p></u1:p></span><br />
<span style="font-family: inherit; font-size: x-small;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit; font-size: x-small;">Latour, B. 2012. Reagregando o Social: Uma introdução à Teoria do Ator-Rede.
Salvador/Ba-Bauru/SP: EDUFBA/EDUSC.</span><br />
<span style="font-family: inherit; font-size: x-small;"><br /></span>
<span style="font-family: inherit; font-size: x-small;"><span style="text-indent: 42.55pt;">Mol, Annemarie.
1999. Ontological Politics: a word and some questions. In J. Law & J.
Hassard (Org.). </span><i style="text-indent: 42.55pt;">Actor Network Theory and After</i><span style="text-indent: 42.55pt;">. Oxford: Blackwell Publishers
(The Sociological Review, p. 74-89). Disponível em <a href="http://dx.doi.org/10.1111/j.1467-954X.1999.tb03483.x">http://dx.doi.org/10.1111/j.1467-954X.1999.tb03483.x</a>.</span></span><br />
<span style="font-family: inherit; font-size: x-small;"><span style="text-indent: 42.55pt;"><br /></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit; font-size: x-small;">Shahvisi, A., & Earp, B. D.
(in press). 2018. The law and ethics of female genital cutting. In S. Creighton
& L.-M. Liao (Eds.) Female Genital Cosmetic Surgery: Interdisciplinary
Analysis & Solution. Cambridge: Cambridge University Press. Disponível
em <a href="https://midwivesofcolor.wordpress.com/2018/01/14/the-law-and-ethics-of-female-genital-cutting/">https://midwivesofcolor.wordpress.com/2018/01/14/the-law-and-ethics-of-female-genital-cutting/</a>.</span><span style="font-size: 13.5pt;"><o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
</div>
Walner Mamedehttp://www.blogger.com/profile/12889964824133215359noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-8450972477713093575.post-91176799889854647412017-09-06T14:14:00.001-07:002017-09-06T14:43:28.110-07:00Sílvio Santos: o bode expiatório do politicamente correto?<div style="text-align: right;">
Walner MAMEDE</div>
<div style="text-align: right;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: white; color: rgba(0 , 0 , 0 , 0.8); font-family: "georgia" , "times new roman" , "times" , serif; letter-spacing: 0.1px;"><b><span style="font-size: large;">S</span></b></span><span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><span style="background-color: white; color: rgba(0 , 0 , 0 , 0.8); letter-spacing: 0.1px;">ilvio Santos, um ícone na sociedade brasileira, vem sendo hostilizado pelos defensores do </span><span style="background-color: white; box-sizing: inherit; color: rgba(0 , 0 , 0 , 0.8); letter-spacing: 0.1px; margin-bottom: 0px;"><i>politicamente correto </i>por seus posicionamentos polêmicos<i> </i>em temas que envolvem mulheres. Com frases como </span><span style="background-color: white; color: rgba(0 , 0 , 0 , 0.8); letter-spacing: 0.1px;">“Mulher não tem o direito de ser feia”</span><span style="background-color: white; box-sizing: inherit; color: rgba(0 , 0 , 0 , 0.8); letter-spacing: 0.1px; margin-bottom: 0px;"> e, particularmente, no caso atual, por expressar sua opinião sobre Fernanda Lima, de Amor & Sexo, com a frase </span><span style="background-color: white; color: rgba(0 , 0 , 0 , 0.8); letter-spacing: 0.1px;">“</span><span style="background-color: white; color: rgba(0 , 0 , 0 , 0.8); letter-spacing: 0.1px;">Com ela não tem nem amor nem sexo. Com essas pernas aí? Nada disso. Quem gosta de osso é cachorro" e pela provocação para que Maísa, sua criação artística, alcance o mesmo padrão, o apresentador tem sido acusado de machista por seus opositores</span><span style="background-color: white; color: rgba(0 , 0 , 0 , 0.8); letter-spacing: 0.1px;">. A</span><span style="background-color: white; color: rgba(0 , 0 , 0 , 0.8); letter-spacing: 0.1px;">cusar de machista (ou racista, homofóbico, anti-ecológico, etc) alguém que expressa uma opinião não submetida à ditadura do "politicamente correto" é, no mínimo, reducionista. Ser machista ou feminista exige um rol de pensamentos e comportamentos complexos, estruturados como predominantes ao longo de uma linha histórica de vida (se desejasse polemizar ainda mais o tema, diria que não se é possível enquadrar nada ou ninguém em qualquer categoria de forma absoluta, universal e definitiva e que ninguém "é algo", mas apenas "se comporta" de tal ou qual maneira, conforme o contexto, sendo menos ou mais maleável ao contexto na dependência do rigor de suas convicções). Contudo, o que vemos hoje, nos mais diversos campos, é o fuzilamento sumário de qualquer um e seu rotulamento precoce, tomando por referência comportamentos que não expressam a totalidade do indivíduo julgado: é uma verdadeira caça às bruxas contemporânea!</span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><span style="background-color: white; color: rgba(0 , 0 , 0 , 0.8); letter-spacing: 0.1px;"><br /></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><span style="background-color: white; color: rgba(0 , 0 , 0 , 0.8); letter-spacing: 0.1px;">Ter-se um pensamento ou mesmo um comportamento machista não é suficiente para se incluir o indivíduo nesta categoria, assim como não é suficiente enquadrar alguém como cristão apenas porque executou alguns atos de caridade. Tenho minhas dúvidas, inclusive, se é justo determinar a essência de alguém como "assassino" por ter cometido um ato de assassinato (aliás, qtos atos seriam necessários para que alguém seja enquadrado em qqer categoria?). Tenho certas restrições com a tendência atual (de fundo positivista, que possui suas vantagens relativas) de se querer colocar tudo e a todos dentro de caixinhas fechadas, como se cada sujeito pudesse ser reduzido ao rótulo que lhe foi imposto ou que assumiu por vontade própria. Aliás, tenho, mesmo, dúvidas qto ao suposto machismo no posicionamento alardeado de Silvio Santos, por considerá-lo apenas como uma tomada de posição pouco popular e, tvz, inadequada para o momento. No máximo, foi falta de bom senso.</span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: white; color: rgba(0 , 0 , 0 , 0.8); letter-spacing: 0.1px;"><span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><br /></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: white; color: rgba(0 , 0 , 0 , 0.8); letter-spacing: 0.1px;"><span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">Estabelecendo um recorte específico no caso concreto, somos obrigados a adentrar o árido tema da evolução histórica do Feminismo. Para Camille Paglia, uma feminista antifeminista (veja uma síntese de seu pensamento em <a href="http://www.fronteiras.com/ativemanager/uploads/arquivos/produtos_culturais/3ff3bfa1fd56600a7f17b0bbaf608934.pdf">http://www.fronteiras.com/ativemanager/uploads/arquivos/produtos_culturais/3ff3bfa1fd56600a7f17b0bbaf608934.pdf</a> e também em <a href="http://www1.folha.uol.com.br/ilustrada/2015/04/1619320-nao-publicar-entrevista-camille-paglia-fronteiras-do-pensamento.shtml">http://www1.folha.uol.com.br/ilustrada/2015/04/1619320-nao-publicar-entrevista-camille-paglia-fronteiras-do-pensamento.shtml</a>), os novos enquadramentos do Feminismo, apoiados pelo</span></span><span style="background-color: white; color: rgba(0 , 0 , 0 , 0.8); font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; letter-spacing: 0.1px;">, acrescento,</span><span style="background-color: white; color: rgba(0 , 0 , 0 , 0.8); font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; letter-spacing: 0.1px;"> "politicamente correto", são equívocos ideológicos que precisam ser superados e que tentam, entre outras coisas, desvalorizar a maternidade, naturalizar a exposição do corpo feminino de forma irresponsável e inconsequente, sem considerar as consequências desastrosas advindas de degeneração social, supervalorizar a carreira profissional em detrimento da vida familiar, negar a determinação biológica sem a devida relativização, naturalizar intervenções cirúrgicas para a mudança de sexo como solução para problemas de ordem psicológica solucionáveis de outra forma menos narcísica, submeter a Igreja ao Estado ao obrigarem-na a aceitar o casamento gay, culpar os homens por todas as mazelas femininas e metamorfosear o homem à imagem da mulher, desrespeitando a complexidade da masculinidade e da feminilidade em uma massa disforme pasteurizada pela supressão das diferenças, amordaçando aquelas pessoas que ousem se opor a tais axiomas. Nada mais ingênuo e autoritário que tentar amordaçar aqueles que não se submetem à censura do politicamente correto e o que se vê hoje é a tentativa de se demonizar todo indivíduo com esse perfil.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: white; color: rgba(0 , 0 , 0 , 0.8); letter-spacing: 0.1px;"><span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><br /></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: white; color: rgba(0 , 0 , 0 , 0.8); letter-spacing: 0.1px;"><span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">No caso da relação machismo x feminismo, todo tipo de valor socialmente execrado, qdo identificado no comportamento masculino e com uma mínima possibilidade de relação, ainda que distante e indireta, com a mulher, é taxado sumariamente de "machismo". Este é um mecanismo, tão velho qto a humanidade, para se construir mitos: elege-se, socialmente, algo ou alguém, elabora-se sua história, atribui-se certo rol de valores positivos ou negativos (na dependência do perfil do mito) e estabelece-se um juízo de valor a seu respeito, o qual é "vendido" na feira popular e, a partir daí, toda sorte de valores flutuantes na sociedade serão, espontaneamente, agregados a esse produto artificial, culturalmente, construído, e ele parecerá possuir autonomia em relação a seus criadores, com isso, adquirindo uma suposta naturalidade que lhe possibilitará caminhar pela sociedade angariando adoradores e odiadores como se real fosse. O feminismo, o machismo e toda sorte de bandeiras ideológicas são exemplos ilustrativos desse mecanismo e urge nos tornarmos conscientes desse estratagema, submetendo-o ao crivo da razão se aspiramos qualquer desenvolvimento social, ético e moral significativo, do contrário, estagnaremos imersos em nosso próprio vômito.</span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: white; color: rgba(0 , 0 , 0 , 0.8); letter-spacing: 0.1px;"><span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><br /></span></span></div>
Walner Mamedehttp://www.blogger.com/profile/12889964824133215359noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8450972477713093575.post-57047885796426683262017-09-05T16:01:00.001-07:002018-04-06T15:04:59.344-07:00Redução e limitação do salário inicial em concursos públicos: solução ou complicação?<div style="text-align: right;">
Walner MAMEDE</div>
<div style="text-align: right;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Estamos no calor do debate sobre a pertinência da redução dos salários iniciais em concursos do Executivo, por meio de Medida Provisória. Alguns defendem tal Medida alegando diferenças injustas entre o salário privado e publico. Outros alegam ser isso capaz de movimentar o mercado por incentivar o empreendedorismo e coibir o inchamento do Estado. Outros, ainda, alegam não ser lícito tocar no salário dos magistrados, por serem detentores de grande responsabilidade. As opiniões se multiplicam, muitas incoerentes e ilustrativas da ignorância histórica e política de seus defensores. Bem, para esse debate, algumas questões precisam ser ponderadas e não parecem estar sendo consideradas, assim, resolvi trazer o debate para nosso blog, a fim de alimentar a discussão. São elas:</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
1-Há, na atualidade, uma tendência quase descarada para se demonizar o servidor público, especialmente, do Executivo como inimigo número um do Brasil e, com esse pano de fundo, outros discursos derivados surgem, como a redução ou congelamento dos salários, os PDV's e o famoso "enxugamento da máquina administrativa" como algumas das soluções para os problemas econômicos do país. Além disso, comparar os salários entre setor público e privado não pode ser algo tão simplista. Não há equivalência direta entre os postos. Pinçar este ou aquele posto e dizer que o setor público paga muito melhor é reducionista, pois há situações em que um profissional, no setor privado, ganha 5 vezes mais que o mesmo profissional no setor público, na dependência das funções, obrigações, responsabilidades, competências e currículo. Não é o setor privado que deve ser a baliza para se ponderar o valor dos salários públicos, pois o mercado privado é muito diverso, além do que as garantias trabalhistas para um trabalhador celetista são muito maiores do que para um estatutário, ainda que consideremos a estabilidade (que é um dispositivo criado não para a segurança do indivíduo, mas para a segurança do Estado, que não pode submeter seus trabalhadores aos desmandos políticos e ao risco de demissões injustificadas, comprometendo o funcionamento da máquina administrativa pela alta rotatividade nos cargos ou pela perda da última barreira contra a improbidade administrativa dos gestores, que não se furtarão a demitir quem se colocar em seu caminho), pois um celetista possui o Estado a seu favor nas disputas trabalhistas e possui o FGTS para reduzir o impacto da demissão, ao passo que o estatutário possui o Estado contra si em ações trabalhistas e não detém o apoio do setor privado, estando sozinho e, sequer, possuindo benefícios como o FGTS.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
2-Qualquer pessoa, hoje, para se tornar servidor público, precisa estudar muito, gastar muitas horas e muito assento de banco, isso não é privilégio de juiz e, diga-se de passagem, o concurso de Juiz é muuuito mais fácil que qualquer outro concurso da esfera Federal. Uma prova para ser magistrado exige os conteúdos regulares da graduação (claro, de uma graduação bem feita em uma boa Universidade) ou da especialização, que é parte integrante da atividade profissional de qqer advogado. Outros concurseiros precisam estudar coisas que nunca viram na vida acadêmica e com as quais, mta vezes, não possuem sequer afinidade e nem utilizam profissionalmente no dia a dia, pois não é parte integrante de qqer de suas atividades (ou seja, se não passar no concurso, é conhecimento supérfluo para o dia a dia profissional, às vzs, até mesmo no cargo do concurso). O número e diversidades do conteúdo nos concursos em geral é mto superior ao de um concurso para juiz. Outro exemplo, uma prova para Professor Universitário exige muito, mas muito, mas muito mais estudo que qqer concurso para juiz. Nesse caso, são cinco anos de graduação, dois de mestrado e quatro de doutorado, isso se seu concorrente não possuir outros títulos que redundam em muitas outras horas de estudo e pontos, ou seja, pra o cargo de Professor, diferentemente do cargo de juiz, não basta uma graduaçãozinha e uma especializaçãozinha que, no fundo, é treinamento pra concurso, não ensinam o magistrado a pensar cientificamente (deficiência severa no Direito) e permitem que entrem imaturos e cometam as atrocidades que vemos no dia a dia dos tribunais, pois decidem muito mais com base em suas convicções pessoais (mtas vzs, conduzidas por interesses de grupos financeiros) do que com base na análise racional e bem estruturada do caso concreto e do contexto. Além disso, ainda somos obrigados a ouvir que o STF é a última instância com prerrogativa de errar, pois que são tb humanos!!! Podiam, pelo menos, errar menos! Contudo, apesar dos altos salários e da suposta maior responsabilidade social q deveriam ter, brincam de deuses e se blindam com o discurso do direito de errar, pois o erro em qqer outra instância é colocado na mesa de discussão, o deles segue a máxima do "cumpra-se". E essa cultura desce em cascata até os menores tribunais, criando uma casta de intocáveis abusadores do poder e do povo. Ainda, não há que se falar em responsabilidade superior dos magistrados como justificativa para os seus ganhos abusivos, pois cada servidor do Executivo recebe salários sem bonificações milionárias e possui responsabilidades inalienáveis compatíveis com seus cargos, respondendo por elas, qdo do erro, sem fôro privilegiado e tratamento especial.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
3-Pela incompetência do nosso Judiciário e pela corrupção do nosso Legislativo, deveria ser ali o primeiro estalo da chibata e não no lombo dos mais fracos, como é costume no Brasil. A redução do salário inicial, no mínimo, deveria atingir todos. Claro que isso não acontecerá. Os líderes da aristocracia são intocáveis! Sim, vivemos em uma aristocracia velada e no topo da cadeia alimentar estão o Judiciário e o Legislativo se digladiando pra ver quem fica com o maior pedaço da carne que é o povo. E qdo digo isso, refiro-me aos seus gestores maiores, aos juízes e políticos, não aos técnicos do setor, pois q estes, a despeito dos salários intocados pela Medida e do sangue azul, são uma casta inferior, sem poder de decisão, e estão a serviço de seus superiores.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
4-Ainda que seja questionável a capacidade dos concursos (mina de dinheiro, para o setor privado, que vai secar) selecionarem bem, em razão das mal elaboradas provas (que não se preocupam, de fato, com a seleção do candidato segundo uma equivalência entre seu perfil e o perfil do cargo que pleiteia, se pautando mto mais em processos de memorização de conteúdos inúteis ao cargo, em processos seletivos massificados), a redução do salário inicial irá comprometer a qualidade do serviço prestado, pois, inicialmente, os mais aptos deixarão de se submeter a concursos e, em um segundo momento, vagas ociosas justificarão a contratação de empresas terceirizadas para realizarem o mesmo trabalho, pelo dobro do custo e metade da qualidade, deixando, ainda, o Estado nas mãos do setor privado. A redução da qualidade não se deve à competência pessoal dos prestadores de serviço, mas ao fato de que o Estado perderá sua autonomia, a história institucional ficará a cargo das empresas contratadas que, empoderadas, se imporão sobre o Estado, condicionando o conteúdo de editais de licitações, retendo informações estratégicas e determinando os rumos das políticas públicas. Esse cenário atende ao apelo do enxugamento (melhor seria dizer "sucateamento") do Estado para privilegiar a hegemonia do setor privado que, a despeito de sua importância para o desenvolvimento do País, não possui competência nem disposição e condições concretas e objetivas para a gestão da máquina pública segundo os interesses e necessidades da coletividade.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
5-Dizer que a redução dos salários movimentará o empreendedorismo é uma falácia descabida! Quem é empreendedor o é desde sempre. Faz parte do perfil do indivíduo e não é uma atitude imoral dos nossos governantes que vai mudar a personalidade da pessoa, nem motivá-la a empreender. No máximo, isso causará engrossamento das filas de desemprego e o aumento da concorrência por postos de trabalho no setor privado, que não se sentirá rogado em reduzir salários, já que a procura cresceu e estão todos desesperados por emprego. O incentivo ao empreendedorismo se dá é pela redução da burocracia para se constituir ou desconstituir uma empresa, pela redução da corrupção e da incompetência nos órgãos responsáveis pela fiscalização e concessão de licenças, pela criação de incentivos econômicos e pela redução da carga tributária, entre outras coisas. Isso faz até os menos empreendedores pensarem em ter seu próprio negócio. A medida tomada, inclusive, faz coro contra o empreendedorismo e reduz, até, a circulação de dinheiro no mercado, piorando a estagnação econômica do Brasil, em efeito cascata. Esse discurso Temeroso é parte integrante do discurso privatista que tomou conta das cabeças menos brilhantes da população e das cabeças mais ardilosas de nossos políticos, juristas e gestores do alto escalão. Temos que melhorar as condições do mercado privado para atrair empreendedores e não piorar as condições do serviço público para empurrar todos para as sarjetas do mercado. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Para finalizar, sou adepto da racionalização dos salários públicos, mas isso precisa acontecer de forma gradual, pensada, responsável e em todos os níveis e em todos os Poderes, considerando os impactos no longo prazo, como parte de uma política pública mais ampla, comprometida com o bem coletivo. Contudo, o que estou vendo acontecer é um retrocesso de mais de 30 anos no serviço público! Quem está há muitos anos no serviço público, como eu, sabe que antes de a obrigatoriedade de concurso e ampliação da concorrência, que nos obrigou a estudar muito antes pleitear uma vaga, os postos públicos eram desvalorizados e ocupados por pessoas pobremente qualificadas para a função. É fácil perceber isso quando comparamos a qualificação inicial dos servidores que estão em fase de quase se aposentar e aqueles que adentraram o serviço após meados dos anos 90. Quem não está dentro não consegue perceber ou imaginar a diferença incomensurável que isso fez e como isso qualificou o serviço prestado. Ainda há, entre os mais novos, a mesma cultura que imperou em tempos passados, claro, mas aos poucos isso tem mudado consideravelmente: os mais novos aprendendo a prática do órgão com os mais velhos e estes se beneficiando da teoria administrativa e legal trazida pelos mais novos na constituição de processos mais céleres, inteligentes, eficientes e efetivos. Ainda há muito o que caminhar na direção da competência administrativa, mas o caminho, nem de longe, <span style="font-family: "Source Serif Pro", serif; text-align: left; white-space: pre-wrap;">é esse!!! Isso apenas está nos atrasando em 30 anos ao desvalorizar o papel das instituições públicas e do próprio servidor público que, sendo mais estável que o trabalhador do setor privado, possui plenas condições de se interpor contra a ilegalidade de atos administrativos, sem sofrer represálias severas como a demissão por insubordinação, ainda que necessite enfrentar retaliações veladas, mas esse é um ônus necessário a quem resolver assumir um cargo efetivo na Administração Pública e é seu dever ético sair da zona de conforto e se rebelar contra atos de improbidade administrativa, o que trabalhadores destituídos de estabilidade não possuem condições de fazer, em decorrência dos frágeis vínculos entre empregado e empregador.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
Walner Mamedehttp://www.blogger.com/profile/12889964824133215359noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8450972477713093575.post-3621651692167263732017-04-18T10:57:00.002-07:002017-04-18T11:00:27.764-07:00Mudar a Previdência exige cuidado social, diz pesquisador brasileiro<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="line-height: 12.0pt;">
</div>
<div style="text-align: right;">
<b><span style="color: #666666; font-size: 10.5pt;">POR MARCELO
MEDEIROS</span></b></div>
<div style="text-align: center;">
<span style="font-size: x-small;"><b><span style="color: #666666;">Originalmente disponível em </span></b><i style="text-align: justify;"><a href="http://www1.folha.uol.com.br/ilustrissima/2017/04/1873529-mudar-a-previdencia-exige-cuidado-social-diz-pesquisador-brasileiro.shtml?cmpid=compfb">http://www1.folha.uol.com.br/ilustrissima/2017/04/1873529-mudar-a-previdencia-exige-cuidado-social-diz-pesquisador-brasileiro.shtml?cmpid=compfb</a></i></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="background: white; line-height: 16.5pt; text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "georgia" , serif; font-size: 13.5pt;">RESUMO</span></b><span class="apple-converted-space"><span style="font-family: "georgia" , serif; font-size: 13.5pt;"> </span></span><span style="font-family: "georgia" , serif; font-size: 13.5pt;">Em resposta a<span class="apple-converted-space"> </span><a href="http://www1.folha.uol.com.br/ilustrissima/2017/03/1869259-mudar-a-previdencia-beneficia-os-pobres-dizem-economistas-do-governo.shtml"><span style="color: #00adef;">economistas do governo</span></a><span class="apple-converted-space"> </span>("Ilustríssima", 26/3),
autor reconhece necessidade de reformar a Previdência para equilibrar as
contas, mas argumenta que a proposta atual impõe restrições desnecessárias aos
mais pobres, cria pressão injusta sobre as mulheres e concede privilégios a
grupos influentes.<o:p></o:p></span></div>
<table border="0" cellpadding="0" cellspacing="0" class="MsoNormalTable" style="border-collapse: collapse; border-spacing: 0px; text-align: justify; width: 620px;">
<tbody>
<tr>
<td rowspan="3" style="padding: 0cm 0cm 0cm 0cm; width: .3pt;" valign="top" width="0"></td>
<td style="padding: .75pt .75pt .75pt .75pt;" valign="top"><div class="MsoNormal" style="line-height: 9.0pt; text-align: right;">
<span style="color: #444444; font-family: "arial" , "sans-serif"; font-size: 7.5pt;">Bruno
Santos/Folhapress<o:p></o:p></span></div>
</td>
<td rowspan="3" style="padding: 0cm 0cm 0cm 0cm; width: .3pt;" valign="top" width="0"></td>
</tr>
<tr>
<td style="padding: 0cm 0cm 0cm 0cm;" valign="top"><div class="MsoNormal" style="line-height: 11.25pt; text-align: center;">
<br /></div>
</td>
</tr>
<tr>
<td style="border-bottom: solid #E8E8E8 1.0pt; border: none; box-shadow: rgba(0, 0, 0, 0.0666667) 0px 0px 0px inset, rgba(0, 0, 0, 0.0470588) 0px 2px; padding: 4.5pt 3.75pt 4.5pt 3.75pt;" valign="top"><div class="MsoNormal" style="line-height: 11.25pt;">
<br /></div>
</td>
</tr>
</tbody></table>
<div style="background: white; line-height: 16.5pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , serif; font-size: 13.5pt;">A<span class="apple-converted-space"> </span><a href="http://arte.folha.uol.com.br/mercado/2017/previdencia/#/introducao"><span style="color: #00adef;">Previdência</span></a><span class="apple-converted-space"> </span>não
é um problema. É uma solução, e das mais importantes: ela protege pessoas que
perderam parte de sua capacidade de trabalhar. </span><span style="font-family: "georgia" , serif; font-size: 13.5pt;">A proposta que está em pauta no
Congresso, entretanto, encara a Previdência como problema, não como solução.
Daí por que sua motivação central é economizar dinheiro no futuro.</span></div>
<div style="background: white; line-height: 16.5pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , serif; font-size: 13.5pt;"><br /></span></div>
<div style="background: white; line-height: 16.5pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , serif; font-size: 13.5pt;">Mais ainda, dá pouca atenção ao fato
de que<span class="apple-converted-space"> </span><a href="http://arte.folha.uol.com.br/mercado/2017/previdencia/#/um-pais-desigual"><span style="color: #00adef;">o Brasil é incrivelmente desigual</span></a>. Tanto assim
que a reforma, até o momento, tem três características principais: não traz
benefícios adicionais aos mais pobres, é injusta com as mulheres e complacente
com os mais ricos. </span><span style="font-family: "georgia" , serif; font-size: 13.5pt;">Trata-se de importante medida de
ajuste fiscal, mas sem intenção de ser socialmente responsável.</span></div>
<div style="background: white; line-height: 16.5pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , serif; font-size: 13.5pt;"><br /></span></div>
<div style="background: white; line-height: 16.5pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , serif; font-size: 13.5pt;">Nada há de errado em se preocupar
com os gastos. Como a Previdência tem<span class="apple-converted-space"> </span><a href="http://arte.folha.uol.com.br/mercado/2017/previdencia/#/as-contas-publicas"><span style="color: #00adef;">forte impacto nas contas públicas</span></a>, o aumento
das despesas precisa ser controlado. </span><span style="font-family: "georgia" , serif; font-size: 13.5pt;">Sem reformas, ou com modificações
parciais que mantenham privilégios, os desembolsos com aposentadorias e pensões
consumirão boa parte do dinheiro que o país deveria investir em outras áreas,
como saúde, educação e infraestrutura. </span><span style="font-family: "georgia" , serif; font-size: 13.5pt;">A pergunta crucial, portanto, não é
se devemos controlar gastos, mas quais gastos devemos controlar. A resposta
deveria soar óbvia.</span></div>
<div style="background: white; line-height: 16.5pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , serif; font-size: 13.5pt;"><br /></span></div>
<div style="background: white; line-height: 16.5pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , serif; font-size: 13.5pt;">A Previdência, tanto quanto o Brasil,
é extremamente desigual. Os números variam conforme o ano, mas, arredondando,
eis a regra de bolso: entre os aposentados, o 1% mais rico fica com fatia
equivalente à da metade mais pobre. Em outra comparação, 50% dos recursos
previdenciários vão para os 10% mais ricos, enquanto 25% vão para os 66% mais
pobres, pelo que mostra a Pesquisa de Orçamentos Familiares do IBGE.<o:p></o:p></span></div>
<div style="background: white; line-height: 16.5pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , serif; font-size: 13.5pt;"><br /></span></div>
<div style="background: white; line-height: 16.5pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , serif; font-size: 13.5pt;">Quando se quer economizar, o mais
sensato é olhar antes para onde mais se gasta. Se o país precisa poupar
recursos, é melhor mirar as aposentadorias mais altas. Faz sentido que seja
assim. Diminuir despesas com os mais ricos não só afeta bem menos pessoas como
também promove economia muito maior.<o:p></o:p></span></div>
<div style="background: white; line-height: 16.5pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , serif; font-size: 13.5pt;"><br /></span></div>
<div style="background: white; line-height: 16.5pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , serif; font-size: 13.5pt;">Assim, a tentativa de equilibrar as
contas da Previdência poderia contemplar contribuições progressivas –isto é,
proporcionalmente maiores para quem ganha mais– e deveria passar
necessariamente pela fixação de um teto válido para todos, inclusive militares,
funcionários estaduais e municipais.<o:p></o:p></span></div>
<div style="background: white; line-height: 16.5pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , serif; font-size: 13.5pt;"><br /></span></div>
<div style="background: white; line-height: 16.5pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , serif; font-size: 13.5pt;">Aliás, se a reforma ao menos
atingisse todos os servidores, como prometeu vagamente o governo de Michel
Temer (PMDB), a pressão sobre o caixa cairia o suficiente para permitir
transição mais suave e menos restrições à aposentadoria dos mais pobres e das
mulheres.<o:p></o:p></span></div>
<div style="background: white; line-height: 16.5pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , serif; font-size: 13.5pt;"><br /></span></div>
<div style="background: white; line-height: 16.5pt; text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "georgia" , serif; font-size: 13.5pt;">PREJUÍZOS</span></b><span style="font-family: "georgia" , serif; font-size: 13.5pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div style="background: white; line-height: 16.5pt; text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "georgia" , serif; font-size: 13.5pt;"><br /></span></b></div>
<div style="background: white; line-height: 16.5pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , serif; font-size: 13.5pt;">Diferentemente do que sugeriram
Mansueto Almeida e Marcos Mendes em<span class="apple-converted-space"> </span><a href="http://www1.folha.uol.com.br/ilustrissima/2017/03/1869259-mudar-a-previdencia-beneficia-os-pobres-dizem-economistas-do-governo.shtml"><span style="color: #00adef;">artigo publicado neste caderno</span></a><span class="apple-converted-space"> </span>("Ilustríssima", 26/3), não
há nenhum sinal de que a proposta beneficiará a população de baixa renda. É
certo, por outro lado, que trará prejuízos se não for alterada.<o:p></o:p></span></div>
<div style="background: white; line-height: 16.5pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , serif; font-size: 13.5pt;"><br /></span></div>
<div style="background: white; line-height: 16.5pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , serif; font-size: 13.5pt;">"População de baixa renda"
talvez seja uma expressão abstrata. Em termos concretos, esse é o contingente
que reúne de metade a dois terços da população nacional. Ou seja, de 100
milhões a 130 milhões de brasileiros com dificuldade para bancar moradia
decente, por exemplo, ou compensar aquilo que o SUS não oferece. </span><span style="font-family: "georgia" , serif; font-size: 13.5pt;">Essas pessoas, um dia, precisarão se
aposentar. O país deve cuidar delas, não só dos miseráveis.</span></div>
<div style="background: white; line-height: 16.5pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , serif; font-size: 13.5pt;"><br /></span></div>
<div style="background: white; line-height: 16.5pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , serif; font-size: 13.5pt;">A proposta do governo, porém, inclui
três medidas excessivamente restritivas para os mais pobres, e só o faz porque
lhes impõe as mesmas regras válidas para os mais ricos. </span><span style="font-family: "georgia" , serif; font-size: 13.5pt;">A primeira eleva de 15 para 25 anos
o</span><span class="apple-converted-space" style="font-family: "georgia" , serif; font-size: 13.5pt;"> </span><a href="http://www1.folha.uol.com.br/mercado/2017/04/1872230-calcule-quanto-falta-para-se-aposentar-se-a-proposta-do-governo-for-aprovada.shtml" style="font-family: Georgia, serif; font-size: 13.5pt;"><span style="color: #00adef;">tempo mínimo de contribuição</span></a><span style="font-family: "georgia" , serif; font-size: 13.5pt;">. A segunda aumenta
de 65 para 70 anos a idade mínima para o acesso à assistência social dos
idosos. A terceira torna menores as aposentadorias de quem contribuir por menos
de 49 anos*.</span></div>
<div style="background: white; line-height: 16.5pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , serif; font-size: 13.5pt;"><br /></span></div>
<div style="background: white; line-height: 16.5pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , serif; font-size: 13.5pt;">Embora muita gente manifeste
preocupação com fixação de uma idade mínima, o maior problema está no tempo de
contribuição. </span><span style="font-family: "georgia" , serif; font-size: 13.5pt;">Idades mínimas tendem a tornar a
Previdência mais igualitária, já que os trabalhadores mais bem posicionados são
os que têm mais facilidade para acumular o tempo de contribuição necessário. </span><span style="font-family: "georgia" , serif; font-size: 13.5pt;">É razoável que, para fazer jus à
aposentadoria, seja preciso contribuir, e não apenas trabalhar. O dinheiro,
afinal, precisa vir de algum lugar. Exigir muitos anos de contribuição,
contudo, penaliza os mais vulneráveis.</span></div>
<div style="background: white; line-height: 16.5pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , serif; font-size: 13.5pt;"><br /></span></div>
<div style="background: white; line-height: 16.5pt; text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "georgia" , serif; font-size: 13.5pt;">INFORMALIDADE</span></b><span style="font-family: "georgia" , serif; font-size: 13.5pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div style="background: white; line-height: 16.5pt; text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "georgia" , serif; font-size: 13.5pt;"><br /></span></b></div>
<div style="background: white; line-height: 16.5pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , serif; font-size: 13.5pt;">São dois problemas distintos. O
primeiro, mais grave, é a limitação do acesso criada pelo simples aumento do
tempo mínimo de contribuição. O segundo, o desconto aplicado a quem se
aposentar com menos de 49 anos* de contribuição.<o:p></o:p></span></div>
<div style="background: white; line-height: 16.5pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , serif; font-size: 13.5pt;"><br /></span></div>
<div style="background: white; line-height: 16.5pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , serif; font-size: 13.5pt;">Ter emprego estável, de boa
qualidade e com carteira assinada não constitui regra, mas exceção. Não há
nenhum problema em cobrar períodos longos de contribuição dessa parcela
minoritária. Em relação à maioria dos brasileiros, no entanto, a exigência
resulta injusta. Quem mais depende da Previdência é quem tem mais dificuldade
para manter contribuições por anos a fio.<o:p></o:p></span></div>
<div style="background: white; line-height: 16.5pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , serif; font-size: 13.5pt;"><br /></span></div>
<div style="background: white; line-height: 16.5pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , serif; font-size: 13.5pt;">As restrições da reforma serão ruins
para os mais pobres porque muito trabalhador terá de permanecer ativo depois
dos 65 anos para cumprir os 25 anos de contribuição. </span><span style="font-family: "georgia" , serif; font-size: 13.5pt;">Continuar ativo após os 65 anos
talvez não pareça excessivo para quem se dedica a tarefas intelectuais. Para a
maioria, porém, a realidade é outra. Quem de fato precisa da aposentadoria e da
assistência fez trabalho pesado a vida inteira. </span><span style="font-family: "georgia" , serif; font-size: 13.5pt;">Não precisa ser especialista; basta
olhar ao redor. A massa de trabalhadores de baixa renda no Brasil está na
construção civil, nos empregos domésticos, na limpeza, na manutenção e em
outras ocupações que exigem esforço físico intenso demais para idosos.</span></div>
<div style="background: white; line-height: 16.5pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , serif; font-size: 13.5pt;"><br /></span></div>
<div style="background: white; line-height: 16.5pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , serif; font-size: 13.5pt;">Os números variam ao longo do tempo,
mas, historicamente, mais ou menos metade da força de trabalho está na<span class="apple-converted-space"> </span><a href="http://www1.folha.uol.com.br/mercado/2017/03/1871475-desemprego-bate-novo-recorde-e-ja-atinge-mais-de-13-milhoes-no-brasil.shtml"><span style="color: #00adef;">informalidade</span></a>. São pessoas que, trabalhando
duro e ganhando pouco, nem sempre têm renda para contribuir como autônomo ou
microempresa individual. Além disso, há muito desemprego, subemprego e
rotatividade de empregos no Brasil. </span><span style="font-family: "georgia" , serif; font-size: 13.5pt;">Isso significa que metade do país
terá dificuldade para cumprir o mínimo de 25 anos. Alguns conseguirão, outros
não.</span></div>
<div style="background: white; line-height: 16.5pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , serif; font-size: 13.5pt;"><br /></span></div>
<div style="background: white; line-height: 16.5pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , serif; font-size: 13.5pt;">A regra<span class="apple-converted-space"> </span><a href="http://arte.folha.uol.com.br/mercado/2017/previdencia/#/a-proposta-do-governo"><span style="color: #00adef;">proposta pelo governo</span></a><span class="apple-converted-space"> </span>é injusta. Melhor seria se
trabalhadores com 15 a 24 anos de contribuição pudessem se aposentar recebendo
o mínimo aos 65 anos de idade. Essa alternativa seria mais sensível com a
população pobre e não causaria grande pressão nas contas, pois o maior problema
está nas aposentadorias de valor elevado.<o:p></o:p></span></div>
<div style="background: white; line-height: 16.5pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , serif; font-size: 13.5pt;"><br /></span></div>
<div style="background: white; line-height: 16.5pt; text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "georgia" , serif; font-size: 13.5pt;">BPC</span></b><span style="font-family: "georgia" , serif; font-size: 13.5pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div style="background: white; line-height: 16.5pt; text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "georgia" , serif; font-size: 13.5pt;"><br /></span></b></div>
<div style="background: white; line-height: 16.5pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , serif; font-size: 13.5pt;">Especialmente ruim para os pobres é
a proposta de restringir o acesso ao BPC (Benefício de Prestação Continuada),
bem como diminuir seu valor. Trata-se de benefício de assistência social
destinado a idosos que não têm renda para viver de forma aceitável.<o:p></o:p></span></div>
<div style="background: white; line-height: 16.5pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , serif; font-size: 13.5pt;"><br /></span></div>
<div style="background: white; line-height: 16.5pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , serif; font-size: 13.5pt;">Pelas regras atuais, pode receber o
BPC aquele que, tendo pelo menos 65 anos, não contribuiu o suficiente para se
aposentar e é extremamente pobre –a renda de sua família não pode superar um
quarto de salário mínimo por pessoa. </span><span style="font-family: "georgia" , serif; font-size: 13.5pt;">O governo propõe elevar essa idade
de 65 para 70 anos. Quem vai contratar um pedreiro ou uma faxineira de 69 anos?
De 66? São essas as pessoas que precisam do BPC aos 65 anos. Aumentar a idade
de acesso não garantirá que elas trabalhem mais e certamente vai deixá-las
desprotegidas. Em suma, a medida ampliará a pobreza entre os idosos, um problema
que o Brasil vinha conseguindo resolver.</span></div>
<div style="background: white; line-height: 16.5pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , serif; font-size: 13.5pt;"><br /></span></div>
<div style="background: white; line-height: 16.5pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , serif; font-size: 13.5pt;">A economia compensa? </span><span style="font-family: "georgia" , serif; font-size: 13.5pt;">Ninguém tem a conta exata. Apenas se
sabe que o dinheiro poupado será pouco, talvez de 1% a 2% do gasto
previdenciário total, o que daria, quando muito, 0,1% do PIB. Ou seja, cifra
irrelevante em relação ao tamanho do sacrifício imposto a idosos pobres. </span><span style="font-family: "georgia" , serif; font-size: 13.5pt;">Para piorar, pela proposta do
governo, o BPC não teria mais seu valor associado ao salário mínimo. Se a
economia voltar a crescer e o salário mínimo tiver ganhos acima da inflação, o
BPC ficará para trás.</span></div>
<div style="background: white; line-height: 16.5pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , serif; font-size: 13.5pt;"><br /></span></div>
<div style="background: white; line-height: 16.5pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , serif; font-size: 13.5pt;">Criar outra desvantagem para idosos
pobres é um bom caminho? </span><span style="font-family: "georgia" , serif; font-size: 13.5pt;">Não. A iniciativa não produz
economia digna de nota. Se, numa hipótese surreal, o governo dobrasse o salário
mínimo e congelasse as aposentadorias e pensões, o montante poupado chegaria a
meros 10% do gasto previdenciário.</span></div>
<div style="background: white; line-height: 16.5pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , serif; font-size: 13.5pt;"><br /></span></div>
<div style="background: white; line-height: 16.5pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , serif; font-size: 13.5pt;">Num cenário mais realista, se o
salário mínimo tiver aumento de 10% acima da inflação na próxima década, o
impacto resultante do pagamento do BPC segundo as regras em vigor ficará em
torno de 1% do que se gasta com Previdência hoje –um dinheiro, vale lembrar,
direcionado a pessoas muito pobres. </span><span style="font-family: "georgia" , serif; font-size: 13.5pt;">De acordo com os dados da Pesquisa
de Orçamentos Familiares, do IBGE, a despesa com as aposentadorias mais altas,
o 1% mais rico dos aposentados, equivale a mais de dez vezes esse montante.</span></div>
<div style="background: white; line-height: 16.5pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , serif; font-size: 13.5pt;"><br /></span></div>
<div style="background: white; line-height: 16.5pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , serif; font-size: 13.5pt;">Na conta de curto prazo, as
alterações no BPC têm muito mais de antipatia em relação à assistência social
do que de preocupação objetiva com as finanças públicas. </span><span style="font-family: "georgia" , serif; font-size: 13.5pt;">No longo prazo, as restrições ao BPC
em tese têm a ver com efeitos colaterais produzidos pela reforma. Ao
dificultarem o acesso à aposentadoria, as mudanças propostas pelo governo
empurrarão mais gente para a assistência social. Ou seja, sem endurecer as regras
do BPC, haveria simples troca de parte da Previdência por assistência.</span></div>
<div style="background: white; line-height: 16.5pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , serif; font-size: 13.5pt;"><br /></span></div>
<div style="background: white; line-height: 16.5pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , serif; font-size: 13.5pt;">Ocorre que não há estimativa
aceitável para vários dos custos sociais decorrentes de efeitos colaterais da
reforma. Não foram apresentadas, porque inexistem, contas de quantas pessoas de
baixa renda deixarão de se aposentar aos 65 anos por falta de contribuição.
Portanto, o receio de aumento de procura do BPC não se baseia em nada que não
seja especulação. </span><span style="font-family: "georgia" , serif; font-size: 13.5pt;">Espera-se que o relator da reforma
na Câmara, deputado Arthur Maia (PPS-BA), retire da proposta essas mudanças,
mantendo o benefício tal como é hoje. A julgar pelo que o próprio presidente
Temer afirmou na quinta-feira (6), o</span><span class="apple-converted-space" style="font-family: "georgia" , serif; font-size: 13.5pt;"> </span><a href="http://www1.folha.uol.com.br/mercado/2017/04/1873173-sob-pressao-temer-diz-que-reforma-da-previdencia-sera-flexibilizada.shtml" style="font-family: Georgia, serif; font-size: 13.5pt;"><span style="color: #00adef;">governo se dispõe a aceitar o recuo</span></a><span style="font-family: "georgia" , serif; font-size: 13.5pt;">.</span></div>
<div style="background: white; line-height: 16.5pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , serif; font-size: 13.5pt;"><br /></span></div>
<div style="background: white; line-height: 16.5pt; text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "georgia" , serif; font-size: 13.5pt;">MULHERES</span></b><span style="font-family: "georgia" , serif; font-size: 13.5pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div style="background: white; line-height: 16.5pt; text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "georgia" , serif; font-size: 13.5pt;"><br /></span></b></div>
<div style="background: white; line-height: 16.5pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , serif; font-size: 13.5pt;">As mulheres, em especial as de baixa
renda, têm mais dificuldade em contribuir para a Previdência. Por uma série de
razões, que vão da discriminação à falta de creches, elas saem do mercado
formal quando cuidam de filhos e voltam mais tarde, depois de terem permanecido
um período na informalidade ou sem trabalhar. </span><span style="font-family: "georgia" , serif; font-size: 13.5pt;">Aplicar as mesmas regras para homens
e mulheres é ignorar esse fato e fazer cair sobre as mulheres mais pobres um
peso desproporcional na economia de gastos. </span><span style="font-family: "georgia" , serif; font-size: 13.5pt;">Não se trata de corrigir
desigualdades. É apenas questão de não propagá-las pela Previdência. As
mulheres, mais do que os homens, terão dificuldade para cumprir os 25 anos
mínimos de contribuição. </span><span style="font-family: "georgia" , serif; font-size: 13.5pt;">Além disso, serão mais afetadas por
outro ponto da proposta: quem contribuir durante um mínimo de 25 anos, mas
menos de 49*, não receberá aposentadoria integral.</span></div>
<div style="background: white; line-height: 16.5pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , serif; font-size: 13.5pt;"><br /></span></div>
<div style="background: white; line-height: 16.5pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , serif; font-size: 13.5pt;">Em termos gerais, a ideia do governo
é esta: quem se aposentar aos 65 anos receberá 51% da média dos salários de
contribuição, além de um ponto percentual a mais para cada ano de contribuição.
Como todos precisam contribuir pelo menos 25 anos, o mínimo a receber é 76% da
média salarial (ou um salário mínimo, se este for maior). </span><span style="font-family: "georgia" , serif; font-size: 13.5pt;">Daí por que a aposentadoria integral
(respeitado o teto de R$ 5.531) seria paga apenas mediante 49 anos* de
contribuição. Quem contribuir durante 35 anos, por exemplo, receberá 86% do
valor integral (51 + 35).</span></div>
<div style="background: white; line-height: 16.5pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , serif; font-size: 13.5pt;"><br /></span></div>
<div style="background: white; line-height: 16.5pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , serif; font-size: 13.5pt;">Para os ricos, que fazem poupança ao
longo da vida, é fácil compensar a diferença. Os pobres não podem se dar esse
luxo. Terão de trabalhar mais tempo ou reduzir seu padrão de vida. </span><span style="font-family: "georgia" , serif; font-size: 13.5pt;">Quanto a isso, não tem sentido</span><span class="apple-converted-space" style="font-family: "georgia" , serif; font-size: 13.5pt;"> </span><a href="http://www1.folha.uol.com.br/mercado/2017/04/1873277-reforma-imita-europa-so-na-idade-minima-e-desvaloriza-a-mulher.shtml" style="font-family: Georgia, serif; font-size: 13.5pt;"><span style="color: #00adef;">comparar a realidade do Brasil</span></a><span class="apple-converted-space" style="font-family: "georgia" , serif; font-size: 13.5pt;"> </span><span style="font-family: "georgia" , serif; font-size: 13.5pt;">com a de países ricos, como fazem os
economistas do governo. O desconto aplicado na Alemanha, na França ou na
Austrália pode ser maior que o proposto na reforma brasileira, mas também é
maior a capacidade de poupança de suas respectivas populações. </span><span style="font-family: "georgia" , serif; font-size: 13.5pt;">Basta imaginar um brasileiro que
tenha recebido dois salários mínimos ao longo de toda a vida, mas sem conseguir
contribuir de forma ininterrupta desde os 16 anos de idade e muito menos fazer
poupança própria. O desconto fará falta.</span></div>
<div style="background: white; line-height: 16.5pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , serif; font-size: 13.5pt;"><br /></span></div>
<div style="background: white; line-height: 16.5pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , serif; font-size: 13.5pt;">Ao saírem de empregos formais para
cuidar de filhos, as mulheres terão menos tempo de contribuição e, portanto, um
desconto maior que o dos homens. É certo que elas terão contribuído menos, mas
é injusto tratá-las da mesma forma. </span><span style="font-family: "georgia" , serif; font-size: 13.5pt;">Na maioria das vezes, elas não
deixam de contribuir para a Previdência porque querem, mas porque não podem.
Compensar isso exigiria uma sociedade com baixo desemprego, mínima
informalidade e bons sistemas de creche e de saúde, coisas que não teremos
nesta década ou na próxima.</span></div>
<div style="background: white; line-height: 16.5pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , serif; font-size: 13.5pt;"><br /></span></div>
<div style="background: white; line-height: 16.5pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , serif; font-size: 13.5pt;">Regras diferenciadas de tempo de contribuição
para mulheres não dão vantagens a ninguém nem compensam o passado. Devem
existir apenas para que não se propaguem desigualdades.<o:p></o:p></span></div>
<div style="background: white; line-height: 16.5pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , serif; font-size: 13.5pt;"><br /></span></div>
<div style="background: white; line-height: 16.5pt; text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "georgia" , serif; font-size: 13.5pt;">POUPANÇA PÚBLICA</span></b><span style="font-family: "georgia" , serif; font-size: 13.5pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div style="background: white; line-height: 16.5pt; text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "georgia" , serif; font-size: 13.5pt;"><br /></span></b></div>
<div style="background: white; line-height: 16.5pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , serif; font-size: 13.5pt;">Entre os argumentos a favor da
reforma da Previdência, o governo sustenta que o dinheiro economizado será
usado para proteger crianças. A não ser que exista uma cláusula constitucional
determinando a transferência desses recursos para projetos voltados à infância,
a proposição é falsa.<o:p></o:p></span></div>
<div style="background: white; line-height: 16.5pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , serif; font-size: 13.5pt;"><br /></span></div>
<div style="background: white; line-height: 16.5pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , serif; font-size: 13.5pt;">Dado o período de transição, a
reforma terá pouco efeito imediato em termos de economia de recursos. Mais
importante, não se pode afirmar que o dinheiro poupado daqui a 15 anos vai para
as crianças ou para os pobres, já que cabe ao Congresso e ao Executivo tomar
essa decisão –até lá, teremos diversas renovações dos Poderes. </span><span style="font-family: "georgia" , serif; font-size: 13.5pt;">Nada impede que recursos
economizados na Previdência venham a bancar supersalários ou propaganda, entre
outros exemplos pouco edificantes.</span></div>
<div style="background: white; line-height: 16.5pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , serif; font-size: 13.5pt;"><br /></span></div>
<div style="background: white; line-height: 16.5pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , serif; font-size: 13.5pt;">Tampouco se pode prometer que essas
quantias resultarão em benefícios para os mais pobres como consequência do
crescimento da economia. Menos ainda que a eventual expansão irá beneficiar os
aposentados pobres. </span><span style="font-family: "georgia" , serif; font-size: 13.5pt;">Primeiro, porque muitos dos gastos
públicos não geram crescimento. Segundo, porque a economia pode se expandir de
formas diferentes, e não está dado que todos ganharão igualmente com isso.</span></div>
<div style="background: white; line-height: 16.5pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , serif; font-size: 13.5pt;"><br /></span></div>
<div style="background: white; line-height: 16.5pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , serif; font-size: 13.5pt;">Estudos recentes mostram que, desde
meados da (primeira) década de 2000, o 1% mais rico da população se apropriou de cerca de
30% de todo o crescimento do país. O bolo aumentou, mas o pedaço maior ficou
com os mais ricos. </span><span style="font-family: "georgia" , serif; font-size: 13.5pt;">Ou seja, mesmo que cada centavo
preservado com a reforma fosse usado para estimular a economia brasileira, e
mesmo que por causa disso a renda de todos melhorasse no mesmo padrão dos
últimos anos, mais de um quarto do crescimento seria apropriado pelo topo da
pirâmide. A metade mais pobre ficaria com algo em torno de 13%.</span></div>
<div style="background: white; line-height: 16.5pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , serif; font-size: 13.5pt;"><br /></span></div>
<div style="background: white; line-height: 16.5pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , serif; font-size: 13.5pt;">Em terceiro lugar, a lógica é
inimiga do argumento de que os aposentados mais pobres serão beneficiados.
Abuse da generosidade e imagine que toda a despesa economizada será convertida
em crescimento e que todo o crescimento se traduzirá em criação de melhores
postos de trabalho. Dado que aposentados não trabalham, como eles tirariam
proveito disso?<o:p></o:p></span></div>
<div style="background: white; line-height: 16.5pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , serif; font-size: 13.5pt;"><br /></span></div>
<div style="background: white; line-height: 16.5pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , serif; font-size: 13.5pt;">Quarto, faça o raciocínio inverso.
Abuse do ceticismo e suponha que essa economia de gastos é capturada por grupos
de pressão. Como os mais pobres têm menos poder de barganha, é possível que o
dinheiro economizado acabe, na verdade, por beneficiar os mais ricos, cuja
capacidade de influência política é muito maior. </span><span style="font-family: "georgia" , serif; font-size: 13.5pt;">Nesse caso, restringir a Previdência
prejudicará os pobres apenas para beneficiar os ricos.</span></div>
<div style="background: white; line-height: 16.5pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , serif; font-size: 13.5pt;"><br /></span></div>
<div style="background: white; line-height: 16.5pt; text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "georgia" , serif; font-size: 13.5pt;">PRIVILÉGIOS</span></b><span style="font-family: "georgia" , serif; font-size: 13.5pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div style="background: white; line-height: 16.5pt; text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "georgia" , serif; font-size: 13.5pt;"><br /></span></b></div>
<div style="background: white; line-height: 16.5pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , serif; font-size: 13.5pt;">Meses atrás, quando apresentou pela
primeira vez suas ideias para a reforma, o governo parecia disposto a tornar a
Previdência mais igualitária, submetendo todos às mesmas regras. Hoje está
claro que o rigor válido para grupos mais fragilizados não se aplica aos que
conseguem exercer pressão.<o:p></o:p></span></div>
<div style="background: white; line-height: 16.5pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , serif; font-size: 13.5pt;"><br /></span></div>
<div style="background: white; line-height: 16.5pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , serif; font-size: 13.5pt;">A tolerância com vantagens ou mesmo
privilégios de alguns estamentos específicos tem duas consequências graves. Faz
com que os trabalhadores mais vulneráveis paguem muito mais do que deveriam
pelo pato do ajuste previdenciário e lança para o futuro a necessidade de novas
mudanças capazes de equilibrar as contas. </span><span style="font-family: "georgia" , serif; font-size: 13.5pt;">No discurso original do governo,
havia dois fatores importantes de redução de despesa: limitar a acumulação de
aposentadorias e impor aos</span><span class="apple-converted-space" style="font-family: "georgia" , serif; font-size: 13.5pt;"> </span><a href="http://www1.folha.uol.com.br/mercado/2017/03/1869079-temer-tira-da-reforma-70-dos-funcionarios.shtml" style="font-family: Georgia, serif; font-size: 13.5pt;"><span style="color: #00adef;">servidores públicos civis</span></a><span class="apple-converted-space" style="font-family: "georgia" , serif; font-size: 13.5pt;"> </span><span style="font-family: "georgia" , serif; font-size: 13.5pt;">e militares o mesmo teto a que se
submetem os trabalhadores da iniciativa privada.</span></div>
<div style="background: white; line-height: 16.5pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , serif; font-size: 13.5pt;"><br /></span></div>
<div style="background: white; line-height: 16.5pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , serif; font-size: 13.5pt;">Impedir o acúmulo de aposentadorias
ainda faz parte da reforma; trata-se de medida que produz efeitos imediatos.
Além disso, iniciativas adotadas em 2013 e reforçadas agora acelerarão o
controle dos gastos com servidores federais. </span><span style="font-family: "georgia" , serif; font-size: 13.5pt;">O governo, contudo, recuou em
relação aos servidores estaduais e municipais, deixando-os livres do teto. Como
eles respondem por fatia relevante do deficit atual, a conta talvez tenha que
ser paga por todos se o governo federal precisar criar um plano para resgatar
as finanças de Estados e Municípios.</span></div>
<div style="background: white; line-height: 16.5pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , serif; font-size: 13.5pt;"><br /></span></div>
<div style="background: white; line-height: 16.5pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , serif; font-size: 13.5pt;">Mais surpreendente ainda é o silêncio
em que se mantêm os defensores da reforma quanto aos<span class="apple-converted-space"> </span><a href="http://www1.folha.uol.com.br/mercado/2017/03/1866219-militares-querem-manter-beneficio-em-troca-de-se-aposentar-mais-tarde.shtml"><span style="color: #00adef;">militares</span></a>. Ninguém se apresentou para explicar
por que o governo fala grosso com mulheres, trabalhadores do setor informal e
idosos pobres, mas afina quando o assunto são as Forças Armadas. </span><span style="font-family: "georgia" , serif; font-size: 13.5pt;">Do ponto de vista técnico, nada no
documento de justificativa da proposta recomenda a distinção. </span><span style="font-family: "georgia" , serif; font-size: 13.5pt;">Verdade que militares obedecem a
normas especiais de aposentadoria em vários países. Nos EUA, por exemplo, podem
se aposentar –ir para a reserva é, na prática, uma aposentadoria– antes dos 65
anos de idade, mas incide sobre seu benefício desconto similar ao proposto pela
reforma brasileira, proporcional ao tempo de contribuição.</span></div>
<div style="background: white; line-height: 16.5pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , serif; font-size: 13.5pt;"><br /></span></div>
<div style="background: white; line-height: 16.5pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , serif; font-size: 13.5pt;">Não há problema na diferenciação de
tratamento em si –como se viu, seria justo cobrar contribuições maiores de quem
ganha mais e exigir menos tempo de contribuição de grupos vulneráveis. </span><span style="font-family: "georgia" , serif; font-size: 13.5pt;">O problema está na concessão de
imunidade a grupos privilegiados e na imposição de regras espartanas aos
demais. </span><span style="font-family: "georgia" , serif; font-size: 13.5pt;">A reforma da Previdência precisa ser
discutida de uma vez e para todos, sem deixar para depois problemas que o
governo prefere não enfrentar agora –especialmente quando esse gesto se traduz
numa conta pesada demais para as pessoas de renda mais baixa. Como isso não foi
feito, é profundamente injusto insistir em regras rigorosas para a população
mais vulnerável.</span></div>
<div style="background: white; line-height: 16.5pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , serif; font-size: 13.5pt;"><br /></span></div>
<div style="background: white; line-height: 16.5pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , serif; font-size: 13.5pt;">*</span><span style="font-family: "georgia" , serif; font-size: x-small;">O tempo de contribuição foi ontem reduzido para 40 anos.</span><br />
<span style="font-family: "georgia" , serif; font-size: x-small;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "arial" , sans-serif; font-size: 10pt;">MARCELO MEDEIROS</span></b><span style="font-family: "arial" , sans-serif; font-size: 10pt;">, 47, é professor da
Universidade de Brasília e pesquisador do Ipea e da Universidade Yale</span></div>
Walner Mamedehttp://www.blogger.com/profile/12889964824133215359noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8450972477713093575.post-49548981807663771362017-03-31T18:08:00.001-07:002017-04-11T10:45:32.962-07:00Por que ética e política não conversam? A Educação, a educação e o diálogo como proposta<div style="text-align: right;">
Walner Mamede</div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Para Rossoni e Mota (2017), à
guisa de Horkheimer (2002), na sociedade atual vige uma racionalidade
instrumental alienada e esvaziada de moralidade, aderente a símbolos de unidade
social constitutivos de identidades coletivas e comportamentos previsíveis, alheios
às diferenças individuais, à autonomia do pensamento e à autenticidade da ação.
Ao mesmo tempo, o narcisismo, a individualidade e a impessoalidade passam a ser
as grandes regentes das relações humanas, criando uma sensação de
não-pertencimento a qualquer lugar, na medida em que não há o reconhecimento de
si a partir do outro e sim a partir do símbolo unificador, ideologicamente, estabelecido
em favor de grupos específicos, monetariamente, interessados e apoiados por uma
mídia descomprometida com os anseios sociais amplos e múltiplos, inclusive,
para além do pluralismo, na esteira do que propõem Mol, Law e Hassar (1999) ao
discutir o conceito de política ontológica na constituição do espaço público.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Nesse contexto, ocorre a
construção de consensos pautados em meias verdades, a supressão da diversidade,
o esfacelamento das comunidades e a deslegitimação de interesses comuns, o que
fomenta o medo, a insegurança, o desamparo e a consequente imobilidade, sendo apresentado
o símbolo unificante como motor teleológico e referência para a reconfiguração
do coletivo e do pertencimento, ainda que as diferenças sejam maiores que as
pretensas semelhanças induzidas pelo símbolo. Isso conduz à massificação e
aniquilamento do indivíduo (Benjamin, 2000), que persegue necessidades alheias
como sendo suas, e constitui uma comunidade artificial e incompleta (Bauman,
2001), engendrada em torno do narcísico, da violência e da crueldade (Birman,
2006), cujo conteúdo moral é fragilizado por forças internas e externas de
dissolução e pela ausência do outro como contraponto ao eu: internas, pela
pressão exercida a partir das diferenças camufladas; externas, em razão das
inúmeras pressões de cooptação sofridas a partir de outros grupos de interesse;
sendo dirigida ao símbolo e não às pessoas, a convicção mantenedora da unidade produz
condutas pautadas na máxima “os fins justificam os meios”, já que o fim último
é a defesa do símbolo imbuído de valor moral, e a ética deixa de ser o fio
condutor, o que inviabiliza a busca do bem comum e a própria política,
particularmente, quando esse fim é monetizado e conduzido pelas relações de
consumo que doutrinam a construção da subjetividade nos tempos atuais (Benjamin,
2000; Birman, 2006; Rossoni e Mota, 2017).<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Derivando da concepção trazida
por Arendt (2010), com a monetização do fim, poderíamos falar de um totalitarismo
dissimulado por meio de ferramentas da democracia, não um totalitarismo de
Estado, mas de grupos econômicos que colocam o Estado a seu serviço e aliciam
indivíduos a aderirem aos seus valores, ascendidos ao status de valor moral,
como caminhos de passagem obrigatória ao alcance de suas necessidades
individuais, à semelhança dos alistamentos encontrados na Teoria Ator-Rede (Latour,
2012). Essa perspectiva compromete o diálogo coletivo, que questiona o consenso
na busca do bom senso (Cavazza, 2008) por meio de um processo dialético (Cindra,
1995), e distancia a democracia vivida da democracia almejada, como nos coloca Chauí
(1986), radicalizando discursos que permanecem distantes da necessária
relativização. Nesse aspecto, a Educação e a educação possuem papel central,
pois têm o potencial de blindar o cidadão contra a manipulação e de o
instrumentalizarem para o debate fundamentado e consciente. E, aqui, não
falamos de qualquer Educação, mas daquela perspectiva trazida por Terci (2016),
na contramão da propaganda e dos agendamentos comportamentais orientados pela
ideologia do consumo e da submissão, que manipulam a opinião, implementam uma produção
em série da subjetividade e que, escapando aos canais midiáticos convencionais,
adentraram nossas escolas travestidos de educação.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Para Rossoni e Mota (2017), o
descaso com o bem comum, progenitor de uma conduta corrupta, antiética e
antipolítica no Brasil, seja no público, seja no privado, não tem suas raízes em
Governos específicos, em uma espécie de personificação mítica do Mal, ou na
contemporaneidade, como fazem crer as incursões da mídia de massa no tema.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Abordagens
dessa monta produzem discursos de ódio e estigmatizações, além de concepções
superficiais sobre o fenômeno que, em síntese, é sociológico e não se solverá nos
muitos e mal amarrados instrumentos legais, sem a participação efetiva de uma
Educação e uma educação verdadeiras, como propõe Terci (2016). Ao contrário, ainda
que elementos da pós-modernidade tenham acentuado o fenômeno, conforme apontam Rossoni
e Mota (2017) e Gomes (2008), tal descaso é tributário de princípios e valores
implantados em nossa sociedade e que remontam ao Período Colonial, particularmente,
com a instalação da Côrte Portuguesa no país. Um comportamento naturalizado nas
relações sociais cotidianas e legitimado pelo discurso da “natureza humana”
que, apesar de existente, precisa ser relativizado e se curvar ao crivo da
razão na direção de hábitos que sigam além de uma ética utilitarista narcisista
que, diferente do Utilitarismo de Benthan (1789), busca o prazer pessoal em
detrimento do coletivo em nome do direito a uma individualidade que rompe os
laços do sujeito com a sociedade.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b>Referências<o:p></o:p></b></div>
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Walner Mamedehttp://www.blogger.com/profile/12889964824133215359noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8450972477713093575.post-18797897224897903692017-01-01T04:27:00.000-08:002016-12-31T22:27:46.527-08:00O Brasil dos medíocres<span style="font-size: x-small;">Walner Mamede</span><br />
<br />
Em um momento em que o mundo se debruça sobre estratégias de aprimoramento da ciência e tecnologia como recurso de desenvolvimento social e econômico, somos, no Brasil das contradições, achacados e aviltados com o enxugamento desmedido e incoerente dos investimentos nessa área (http://www.brasil247.com/pt/247/brasil/272830/Nota-denuncia-o-desmonte-da-Ciência-e-Tecnologia.htm). A verba para educação, ciência e tecnologia aumentou exponencialmente na última década! As universidades públicas foram regiamente compensadas pelo descaso anterior. Na Capes e no CNPq abundavam bolsas, a ponto de só serem negadas aos projetos verdadeiramente ruins e não por excesso de demanda. Contudo, o investimento público por si, apenas, não foi capaz de garantir que o brasileiro passasse a produzir conhecimento inovador, criativo e de impacto mundial. Para isso, urge uma reforma da cultura geral brasileira e da maneira como cada cidadão, cada professor, cada aluno percebe a educação. A despeito de qqer necessário investimento financeiro realizado pelo Estado em educação e cultura (o qual precisa ser fomentado), nada surtirá efeito se nós não modificarmos o próprio formato da escola e das aulas, grandes responsáveis pela formação do pensamento e da conduta humanas. Nossos alunos precisam aprender a criar e recriar e não apenas a copiar, reproduzir! É assim q se produz ciência de ponta, investindo-se na capacidade crítica e criativa das bases. Infelizmente, dada a mediocridade de nossa educação, o brasileiro possui uma cultura científica medíocre, uma cultura de massa medíocre, em decorrência de uma mente medíocre, subalternizada e escrava da mídia idiotizante a serviço de uma política antidemocrática dissimulada (a maioria de nossos cidadãos e, pasme, de nossos políticos sequer têm consciência disso!). Como resultado, somos vítimas de políticas públicas irracionais e descomprometidas com um projeto sério de nação (não nos esqueçamos da PEC 55). O Brasil nasceu condenado a uma existência pífia, kitsch, subalterna e nesses 500 anos de existência nada fez para provar o contrário. Somos um povo ignóbil e medíocre, a despeito do ufanismo midiático. O espírito acolhedor, os corpos sarados e bonitos, a cultura divertida e diversificada nada são além de elementos de manipulação, ouro de tolo, isca de mosca que nos atraem, nos prendem e nos impedem de ver, no panorama mais amplo, o que realmente importa para o país, para a nação, dissipando esforços na promoção do futebol, da música de qualidade duvidosa e volume ensurdecedor, da arte sem conotação crítica, das novelas e filmes de enredo fácil, previsível e pobre, da filosofia de butekim, das bundas sacolejantes, peitos turbinados e cabeças vazias. Elementos que pouco ou nada contribuem para a formação de um cidadão verdadeiramente capaz de olhar com reservas e críticas contundentes e fundamentadas o mundo a seu redor. Esse é o Brasil de ontem, hoje e, tristemente, o de amanhã, dados os últimos acontecimentos deste 2016 que se encerra. O que vivenciamos com o impeachment foi a mais cabal expressão da mediocridade intelectual e cultural e da ignorância política e histórica de um povo e o resultado é Temeroso! Um feliz 2017 a você que se dispôs a ler esse texto, se é que será possível falar em felicidade no horizonte que a primeira manhã deste que será um longo ano nos apresenta!Walner Mamedehttp://www.blogger.com/profile/12889964824133215359noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-8450972477713093575.post-15070322252495397252016-12-31T21:59:00.001-08:002016-12-31T21:59:32.434-08:00 O ano em que os imbecis venceram*Mais um texto que, mesmo não sendo de minha autoria, considero ser de leitura importante, pela maestria de suas letras. Divirtam-se e feliz ano novo...se é que podemos nos permitir esse sonho!<br />
<br />
<br />
por Moisés Mendes (jornalista)<br />
<br />
Em 1944, quando os nazistas deixaram a França, depois de mais de quatro anos de ocupação, perguntaram ao cineasta Jean Renoir como ele definiria aquele período. Renoir, que havia fugido do nazismo para os Estados Unidos, disse que muitos poderiam ver os franceses mais acovardados, mais amedrontados ou mais brutalizados. Mas ele, olhando de longe, achava que os franceses estavam mesmo mais imbecis pela ação ou omissão de intelectuais, jornalistas e artistas.<br />
Daqui a alguns anos, poderemos fazer a mesma pergunta, não aos outros, mas a nós mesmos, sobre o período que chegou ao auge em 2016 no Brasil e que ninguém sabe quanto tempo poderá durar. Por antecipação, dá para dizer que nos prepararam nos últimos anos para que sejamos todos imbecis. E que a imprensa tem papel decisivo nessa empreitada.<br />
Na França, as perguntas incômodas com o fim da ocupação eram estas: o que se faz agora para entender o colaboracionismo? Como olhar para os que atenderam aos apelos dos nazistas para que colaborassem com a imposição de seu domínio? Os franceses chegaram a planejar julgamentos, mas desistiram. Não haveria, em muitas circunstâncias, como separar omissão, silêncio, distanciamento ou apoio declarado aos que ocuparam o país, perseguiram e mataram.<br />
Quem colaborou ou se calou – e muitos da imprensa, da universidade e das artes fizeram isso – teve o argumento de que não havia, como admitiu Sartre, como fazer parte da resistência declarada sem ao mesmo tempo condenar-se à morte. No Brasil pós-golpe de 64, sem querer comparar contextos e circunstâncias, um argumento semelhante foi usado pelos que se aliaram à ditadura.<br />
Havia na França ocupada pelo nazismo e no Brasil tomado pelos militares nos anos 1960 a imposição da força e do terror fardado. Os que se aliaram ou colaboraram têm esse pretexto, inclusive a imprensa. Poucos dos que sobreviveram, lá e aqui, perfilados com os regimes no poder, admitiram depois que emporcalharam a própria reputação e as reputações e a vida de parentes e amigos. Adesistas não cedem com facilidade à tentação de serem sinceros e honestos consigo mesmos e com os que os rodeiam.<br />
Mas o Brasil das exceções de 2016, do golpe e da ascensão de um governo ilegítimo não está sob ameaça de nenhuma força militar. O ano de 2016 pode ter nos deixado mais imbecis por uma sequência de desatinos levados adiante com naturalidade.<br />
Não há nazistas e militares a fazer ameaças. Políticos, empresários, procuradores, juízes, jornalistas e outros que ainda contribuem para a imbecilização do país não sofreram nenhum constrangimento da força para aderir ao projeto de produzir idiotas. A linha de montagem da imbecilidade é civil.<br />
Mas quem irá se arrepender da contribuição ao projeto para que o país seja idiotizado? Quem bateu panelas sabe hoje o que de fato pretendia? Ou seguiu um pato pela Avenida Paulista? Ou apoiou Janaína Paschoal, ou aplaudiu Lobão, ou considerou a hipótese de que a democracia poderia (como ainda pode) ser trocada por uma eleição indireta?<br />
Qual é a dimensão do drama pessoal do ex-presidente do Supremo, Ricardo Lewandowski, que presidiu as sessões do Senado em que foi decidida a cassação do mandato de Dilma Rousseff? Que força jurídica inquestionável e superior determinou que o chefe da mais alta Corte do país se submetesse aos ritos e às vontades de um Congresso corrupto e golpista? Por que Lewandowski não se indispôs com a liturgia da farsa e não se declarou impedido de levar adiante o processo do golpe?<br />
Por que o país foi conivente até agora com as agressões do deputado Bolsonaro às mulheres? Quem um dia irá se arrepender (em especial os liberais brasileiros) de ter sido silencioso diante dos excessos da Lava-Jato? Com a transformação da prisão preventiva em masmorra desmoralizadora de candidatos a delator? Com o recorde de processos (cinco), decididos em tempos recordes, contra o ex-presidente Lula? Com a vergonhosa impunidade dos corruptos tucanos.<br />
O Brasil ficou mais imbecil em 2016 porque muitos colaboraram com os que articularam as ações de desqualificação da política, de esvaziamento das eleições e de destruição das conquistas da Constituição de 1988. E não há nada, como havia no nazismo e havia na ditadura, não há nenhuma força excepcional que justifique omissões, acovardamentos e colaborações com o golpe e com a sequência de fatos que o consolidam.<br />
O jornalismo estará um dia diante do que lhe cabe no balanço final do processo de imbecilização do país. Na cumplicidade com a manutenção de Eduardo Cunha até a execução do golpe. Nos aplausos ao homem do Jaburu usurpador do cargo de presidente. Na concordância com os desvios de conduta do juiz Sergio Moro. Na participação no processo de seleção de vazamentos que ajudaram a idiotizar desinformados e a empoderar golpistas.<br />
O jornalismo imbecilizador não estava, como estiveram os que enfrentaram o nazismo e a ditadura, sob nenhuma pressão insuportável. Desta vez, a imprensa brasileira contribuiu por conta e risco para a transformação de 2016 no ano da idiotia. A imprensa foi uma das idealizadoras e executoras do projeto de destruição das esquerdas e da democracia e de preservação de todos os envolvidos no golpismo.<br />
Não precisamos esperar que um dia alguém nos diga que em 2016 o jornalismo dito ‘independente’ foi protagonista do plano de imbecilizar o Brasil. E o projeto em curso ainda está longe do que foi idealizado com a ajuda de jornalistas que deveriam denunciá-lo e destruí-lo.<br />
<br />Walner Mamedehttp://www.blogger.com/profile/12889964824133215359noreply@blogger.com0Brasília, DF, Brasil-15.7942287 -47.882165799999996-16.283331699999998 -48.527612799999993 -15.3051257 -47.2367188tag:blogger.com,1999:blog-8450972477713093575.post-56757684479758158712016-12-31T15:31:00.001-08:002020-08-03T17:44:00.100-07:00Educação e Ciência: não basta o investimento financeiro<div style="text-align: right;">Walner Mamede</div><div style="text-align: right;"><br /></div><div style="text-align: justify;"><span style="background-color: white; color: #546673; font-family: "Source Sans Pro", "Helvetica Neue", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 16px; text-align: start;">Venho ouvindo, particularmente, nos últimos meses, que há necessidade de investimento financeiro na Educação, deixada à margem das políticas monetárias brasileiras, residindo aí suas mazelas e os motivos pelos quais templos religiosos agremiam mais defensores e têm maior prestígio que escolas. A verba para educação, ciência e tecnologia aumentou exponencialmente na gestão petista (apesar de todos o erros desse governo)! As universidades publicas foram regiamente compensadas pelo descaso tucano. Na Capes e no CNPq abundavam bolsas, a ponto de só serem negadas aos projetos verdadeiramente ruins e não por excesso de demanda. Não é o simples investimento público q vai fazer com que o brasileiro deixe de supervalorizar templos religiosos (e outras instituições humanas menos enriquecedoras do conhecimento científico) e passe a produzir conhecimento inovador, criativo e de impacto mundial, mas a cultura brasileira, a forma de cada cidadão perceber a educação, cada professor, cada aluno. A despeito de qqer investimento financeiro realizado pelo Estado, nada surtirá efeito se nós não modificarmos a forma de vermos e aplicarmos o processo didático em cada sala de aula e nossa relação com o conhecimento e a atitude científica. Nossos alunos precisam aprender a criar e recriar e não apenas a copiar, reproduzir! Infelizmente, o brasileiro possui uma cultura científica medíocre, uma cultura de massa medíocre, em decorrência de uma mente medíocre, subalternizada e escrava da mídia idiotizante a serviço de uma política antidemocrática dissimulada (a maioria de nossos cidadãos e, pasme, de nossos políticos sequer têm consciência disso!). O Brasil nasceu condenado a uma existência pífia, kitsch, subalterna e nesses 500 anos de existência nada fez para provar o contrário. Somos um povo ignóbil e medíocre, a despeito do ufanismo midiático. O espírito acolhedor, os corpos sarados e bonitos, a cultura divertida e diversificada nada são além de elementos de manipulação, ouro de tolo, isca de mosca que nos atraem, nos prendem e nos impedem de ver o que realmente importa para o país, para a nação, dissipando esforços na promoção do futebol, da música de qualidade duvidosa, da arte sem conotação crítica, das novelas e filmes de enredo fácil, previsível e pobre, da filosofia de butekim, das bundas sacolejantes, peitos turbinados e cabeças vazias. Elementos que pouco ou nada contribuem para a formação de um cidadão verdadeiramente capaz de olhar com reservas e críticas contundentes e fundamentadas o mundo a seu redor. Esse é o Brasil de ontem, hoje e, tristemente, o de amanhã, dados os últimos acontecimentos deste 2016 que se encerra hoje. O que vivenciamos com o impeachment foi a mais cabal expressão da mediocridade intelectual e cultural e da ignorância política e histórica de um povo</span></div>Walner Mamedehttp://www.blogger.com/profile/12889964824133215359noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8450972477713093575.post-19982997372242927132016-12-24T23:59:00.000-08:002016-12-24T23:59:14.143-08:00Reflexões natalinas a caminho de um ano novo cheio de velhos vícios<div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<br /></div>
<div align="right" class="MsoNormal" style="text-align: right;">
<span style="font-size: 9.0pt; line-height: 115%;">Walner Mamede<o:p></o:p></span></div>
<div align="right" class="MsoNormal" style="text-align: right;">
<span style="font-size: 9.0pt; line-height: 115%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="text-align: center;">Amigos, em tempos de Ano Novo e renovação dos votos de felicidade e esperança, vamos refletir um pouco? </span>Já pararam para pensar sobre como algumas decisões parlamentares, como uma Proposta de Emenda Constitucional (e, aqui, me refiro à PEC 55), ainda que
possuindo ampla rejeição popular e de parte de indivíduos do próprio
Legislativo e Judiciário, estão conseguindo se materializar como fato em nosso
Parlamento? Você conhece um número significativo ou mesmo um número reduzido de pessoas que apoiem, por exemplo, esta Emenda? Com tamanha rejeição,
não seria o caso de o Congresso colocar o pé no freio e reconsiderar sua
votação, como a de outros projetos igualmente impopulares e contrários ao bem coletivo? Não é o Congresso o representante máximo da vontade popular em um
regime democrático? Se não estão representando a vontade da maioria, a quem
estão respondendo?! Conseguem imaginar as consequências disso para além dos
resultados da própria PEC 55? Um Congresso alheio ao apelo popular, que se
orienta por seus próprios interesses e que sairá empoderado em suas estratégias
antidemocráticas terá corrompido (e já vem corrompendo), completamente,
qualquer premissa da democracia! Vivemos ainda em um país democrático ou nossas
estruturas, aparentemente, democráticas apenas se prestam para legitimar
interesses de uma minoria? A democracia atual é a expressão das necessidades da
maioria ou é expressão da força de uma minoria hábil na arte de distorcer a
realidade, manipular informações, manobrar massas de adoradores ignóbeis e
impor, sorrateiramente, suas próprias necessidades como uma alternativa para a
solução de problemas coletivos? Pra mim, o que vivemos hoje se assemelha ao que
Nietzsche já afirmou sobre a adoção de valores do senhor pelo escravo como se
dele fossem. Por outro lado, se assemelha, também, à adoção da estratégia de
desvios (translação) apontada por Latour e que leva um ator a adotar soluções
alternativas trazidas por outro ator, como se essas fossem um ponto de passagem
para a solução de suas próprias necessidades. É possível que esta seja a origem
genealógica de uma renovada <i>moral do ressentimento
</i>tão bem descrita por Nietzsche e que vejo despontar entre diferentes
coletivos sociais, uns em relação aos outros? Talvez possamos garimpar, na
Filosofia, Sociologia e Antropologia, diversos autores que falem similaridades
e todos apontarão para um ponto em comum: a habilidade de engabelar, manipular,
conduzir e ludibriar os menos capazes na arte do pensamento e de arregimentar
aliados em torno de interesses, aparentemente, comuns. Observem se essa não é a
habilidade principal dos políticos em nosso Brasil, um dia, quiçá, Varonil!!!
São essas minhas reflexões sobre o ano que finda e proponho que as levemos para
o ano que se aproxima, a fim de que tenhamos, a partir de 2017, a possibilidade
de construir, no futuro, um ano verdadeiramente feliz e possamos viver com
convicção um<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<br />
<div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;">
FELIZ ANO NOVO!!!<o:p></o:p></div>
Walner Mamedehttp://www.blogger.com/profile/12889964824133215359noreply@blogger.com0Brasília, DF, Brasil-15.7942287 -47.882165799999996-16.283331699999998 -48.527612799999993 -15.3051257 -47.2367188tag:blogger.com,1999:blog-8450972477713093575.post-55948131847284938502016-09-01T14:00:00.004-07:002016-09-01T14:00:48.568-07:00Um golpe muito bem orquestrado - Parte 2<br />
<span style="font-size: large;">Ainda no espírito de publicar, literalmente, aquilo que considero não ser possível parafrasear ou melhorar, segue o texto abaixo:</span><br />
<br />
<br />
<div align="center" style="line-height: 16.8pt; margin: 0cm 0cm 12pt; text-align: center;">
<span style="color: #444444; font-family: "Helvetica","sans-serif"; font-size: 10.5pt;"><o:p><span style="color: #444444; font-family: "Helvetica","sans-serif";"><strong><span style="font-size: large;">TEMER ou O TRIUNFO DA MEDIOCRIDADE </span></strong></span><span style="color: #444444; font-family: "Helvetica","sans-serif"; font-size: 10.5pt;"><br /> Por <a href="https://www.facebook.com/luisfelipemiguel.unb" target="_blank"><span style="color: #2585b2;">Luis Felipe Miguel</span></a> (UnB) no<a href="http://grupo-demode.tumblr.com/post/145501893307/temer-ou-o-triunfo-da-mediocridade" target="_blank"><span style="color: #2585b2;"> Blog Demodê</span></a><o:p></o:p></span></o:p></span></div>
<br />
<div align="center" style="line-height: 16.8pt; margin: 0cm 0cm 12pt; text-align: center;">
<span style="color: #444444; font-family: "Helvetica","sans-serif"; font-size: 10.5pt;"><img alt="Temer Burns" border="0" id="_x0000_i1025" src="https://acasadevidro.files.wordpress.com/2016/09/temer-burns.jpg?w=560" style="background-color: white; border: 1px solid rgb(204, 204, 204); clear: both; display: block; margin: 0in auto; max-width: 100%; min-height: auto; padding: 4px;" /><o:p></o:p></span></div>
<br />
<div align="center" style="line-height: 16.8pt; margin: 0cm 0cm 12pt; text-align: center;">
<span style="color: #444444; font-family: "Helvetica","sans-serif"; font-size: 10.5pt;"><o:p></o:p></span> </div>
<br />
<div style="line-height: 16.8pt; margin: 0cm 0cm 12pt; text-align: justify;">
<span style="color: #444444; font-family: "Helvetica","sans-serif"; font-size: 10.5pt;">Ouso dizer que, de todos os
governantes brasileiros desde o fim do regime militar, Michel Temer é o mais
desprovido de qualidades. Alguns pensarão em Fernando Collor, mas Collor era,
quando se elegeu presidente em 1989, um jovem aventureiro audaz. Temer, não.
Temer fez uma longa e laboriosa carreira na mediocridade. Tem mais de trinta
anos de vida pública e não há quem possa acusá-lo de ter dado uma contribuição,
por menor que seja, a qualquer debate sobre qualquer questão nacional.<o:p></o:p></span></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="line-height: 16.8pt; margin: 0cm 0cm 12pt; text-align: justify;">
<span style="color: #444444; font-family: "Helvetica","sans-serif"; font-size: 10.5pt;">O primeiro cargo relevante que ocupou foi a Secretaria de
Segurança Pública de São Paulo, em 1984. Recentemente, no seu ensaiado chilique
de macheza, ele bateu na mesa e disse que, graças a essa experiência, tinha
aprendido a conversar com bandido. Se é verdade, foi o único fruto de sua
passagem pelo cargo. A gestão Temer não apresentou nenhum resultado no combate
à criminalidade, na qualificação da polícia, em nada. Uma leitura dos relatos
da época mostra que o que Temer fez foi aprender a ser Temer: uma preocupação
central de sua gestão foi preparar sua candidatura a deputado federal (nas
eleições de 1986). Não conseguiu se eleger, o que é uma constante: Temer gosta
do poder, mas o voto popular não gosta de Temer.<o:p></o:p></span></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="line-height: 16.8pt; margin: 0cm 0cm 12pt; text-align: justify;">
<span style="color: #444444; font-family: "Helvetica","sans-serif"; font-size: 10.5pt;">Suplente, assumiu o posto de deputado constituinte com a licença
do titular. Não se destacou em nada na elaboração da Constituição, nem para o
bem, nem, justiça seja feita, para o mal. Na avaliação do Departamento
Intersindical de Assessoria Parlamentar (DIAP), que mediu o grau de proximidade
dos constituintes com os interesses da classe trabalhadora, ficou com média
2,25, isto é, revelou posições bastante à direita. Em suma, um legítimo
integrante do baixo clero parlamentar.<o:p></o:p></span></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="line-height: 16.8pt; margin: 0cm 0cm 12pt; text-align: justify;">
<span style="color: #444444; font-family: "Helvetica","sans-serif"; font-size: 10.5pt;">Novamente derrotado na sua pretensão de ser deputado federal,
nas eleições de 1990, voltou à Secretaria de Segurança Pública de São Paulo,
que assumiu logo após o massacre do Carandiru. Sua nova passagem pelo cargo foi
marcada pela obstrução da investigação e da punição da chacina. Saiu da
Secretaria para ocupar uma cadeira na Câmara dos Deputados, na qualidade de
suplente convocado.<o:p></o:p></span></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="line-height: 16.8pt; margin: 0cm 0cm 12pt; text-align: justify;">
<span style="color: #444444; font-family: "Helvetica","sans-serif"; font-size: 10.5pt;">Finalmente eleito em 1994, deu seu passo decisivo para se tornar
um parlamentar “importante” ao romper com seu padrinho, Orestes Quércia, e
ajudar a fazer com que o PMDB aderisse ao governo de Fernando Henrique Cardoso.
Tentou ser ministro, mas nunca conseguiu que FHC o quisesse - ou, depois, Lula.
Aos poucos, foi tomando conta da máquina partidária, nisso revelando seu maior
(ou único) talento: equilibrar-se no topo da federação de gangues que o PMDB se
tornou.<o:p></o:p></span></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="line-height: 16.8pt; margin: 0cm 0cm 12pt; text-align: justify;">
<span style="color: #444444; font-family: "Helvetica","sans-serif"; font-size: 10.5pt;">Três vezes presidente da Câmara dos Deputados, chefe do maior
partido do país, Michel Temer exerceu uma influência absolutamente
desproporcional à sua grandeza como figura pública. Ele é, com certeza, o
perfeito representante da pior imagem que se faz da elite política brasileira:
um espírito mesquinho, que vive nas sombras, nos bastidores, incapaz de um
gesto de generosidade, sem qualquer empatia pelo povo ao qual pretensamente
serviria. Sua ligeira semelhança física com o Sr. Burns, do desenho animado Os
Simpsons, certamente é mera coincidência, mas uma coincidência significativa.<o:p></o:p></span></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="line-height: 16.8pt; margin: 0cm 0cm 12pt; text-align: justify;">
<span style="color: #444444; font-family: "Helvetica","sans-serif"; font-size: 10.5pt;">Tornou-se candidato a vice-presidente, em 2010, manobrando a
convenção do PMDB e empurrando a si mesmo goela abaixo de Lula, de Dilma e do
PT, que preferiam outro nome, qualquer outro nome, mas não queriam prescindir
dos preciosos minutos de televisão que a coligação lhes forneceria.
(Abstenho-me aqui de julgar o acerto da decisão.) A gente se perguntava o que
ele fazia no cargo, mas agora sabemos: tramava.<o:p></o:p></span></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="line-height: 16.8pt; margin: 0cm 0cm 12pt; text-align: justify;">
<span style="color: #444444; font-family: "Helvetica","sans-serif"; font-size: 10.5pt;">Por controlar o PMDB como controlava, ganhou fama de “grande articulador
político”, mas na preparação do golpe abusou de truques pueris, como o pretenso
“vazamento” da patética cartinha para a presidente Dilma ou o igualmente
pretenso “vazamento” de seu discurso de candidato indireto às vésperas da
votação do “impeachment” (entre aspas, pois a palavra certa seria golpe) na
Câmara. No meio do caminho, lançou a tal “Ponte para o futuro”, que seria a
negação da afirmação que fiz no primeiro parágrafo, de que ele nunca deu
qualquer contribuição para os debates das grandes questões nacionais. Seria,
mas não é: a “Ponte” simplesmente regurgita velhas propostas da direita, sem
qualquer nova formulação, além de aparentemente ter sido traduzida do inglês.
Talvez tenha sido uma cortesia da Embaixada dos Estados Unidos, em recompensa
pela atividade de Temer como seu informante, o que foi comprovado por
documentos divulgados pelo Wikileaks.<o:p></o:p></span></div>
<br />
<div style="line-height: 16.8pt; margin: 0cm 0cm 12pt; text-align: justify;">
<span style="color: #444444; font-family: "Helvetica","sans-serif"; font-size: 10.5pt;"><img alt="TEMER3" border="0" id="_x0000_i1026" src="https://acasadevidro.files.wordpress.com/2016/09/temer3.jpg?w=560" style="background-color: white; border: 1px solid rgb(204, 204, 204); clear: both; display: block; margin: 0in auto; max-width: 100%; min-height: auto; padding: 4px;" /><br />
Alçado à presidência por meio do golpe de Estado do último dia 12 de maio,
organizou um governo que, em poucas semanas, já se mostra um dos mais
desastrosos da história. Sua interinidade é marcada não apenas pela
irresponsabilidade e pelo reacionarismo, mas também, como observou o jornalista
Luis Nassif, pela incompetência profunda. Em pastas do peso do Ministério da
Educação, do Ministério da Saúde, do Ministério do Planejamento ou do
Ministério das Relações Exteriores, foram colocados indivíduos sem a menor
familiaridade com as questões que deveriam administrar. O resultado se mostra
constrangedor, a ponto de ameaçar o sucesso definitivo do golpe.<o:p></o:p></span></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="line-height: 16.8pt; margin: 0cm 0cm 12pt; text-align: justify;">
<span style="color: #444444; font-family: "Helvetica","sans-serif"; font-size: 10.5pt;">Uma questão desafiadora é entender como tal figura, medíocre em
todos os aspectos, conseguiu chegar à Presidência do Brasil. Talvez seja porque
ele espelha - infelizmente - a maioria de nossa elite política.<o:p></o:p></span></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="line-height: 16.8pt; margin: 0cm 0cm 12pt; text-align: justify;">
<span style="color: #444444; font-family: "Helvetica","sans-serif"; font-size: 10.5pt;"><br />
Num de seus textos instigantes, o cientista político Bruno Wanderley Reis
apresentou uma tipologia dos políticos. Há o improvável kantiano que segue uma
ética rigorosa; há o que “joga o jogo” e que tem na lei, mas não numa ética
estrita, o seu limite; há o que é motivado pela disputa pelo poder, aceitando
mesmo compactuar ou cometer atos ilícitos quando julga necessário; há o que,
por outro lado, é motivado mais por ganhos pessoais e aceita facilmente um
desgaste político se é o preço a pagar pelo enriquecimento; por fim, há o que é
“testa de ferro do crime organizado”.<o:p></o:p></span></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="line-height: 16.8pt; margin: 0cm 0cm 12pt; text-align: justify;">
<span style="color: #444444; font-family: "Helvetica","sans-serif"; font-size: 10.5pt;">A tipologia é uma provocação ao pensamento, sem pretensão de
apresentar um modelo consolidado, e cumpre bem sua tarefa. Há uma clara
gradação de caráter normativo, em que o primeiro tipo representa o ideal mais
elevado (embora uma leitura mais cruamente maquiaveliana possa discordar dessa
apreciação) e vamos descendo, degrau a degrau, até chegar ao quinto tipo.<o:p></o:p></span></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="line-height: 16.8pt; margin: 0cm 0cm 12pt; text-align: justify;">
<span style="color: #444444; font-family: "Helvetica","sans-serif"; font-size: 10.5pt;">Uma especulação possível é que, independentemente da composição
do baixo clero, o núcleo central do Poder Executivo no Brasil sempre foi
ocupado por políticos dos tipos 2 e 3, isto é, políticos que tinham na lei seu
limite e políticos que eram maleáveis com a lei, mas motivados pela luta
política em si. A degradação paulatina da elite política, da qual o Congresso
eleito em 2014 é o exemplo supremo, propiciou uma mudança nesse arranjo. Dilma
se viu forçada a acomodar integrantes dos tipos mais baixos de político em seu
governo, tal como ocorrera com todos os seus antecessores, mas eles não se
satisfizeram, pois agora desejavam ascender a esse núcleo central de condução
da política. Na Câmara dos Deputados, a eleição de Eduardo Cunha já fora
emblemática; agora, tratava-se de alcançar também o Executivo.<o:p></o:p></span></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="line-height: 16.8pt; margin: 0cm 0cm 12pt; text-align: justify;">
<span style="color: #444444; font-family: "Helvetica","sans-serif"; font-size: 10.5pt;">O golpe de maio de 2016 permitiu que descêssemos um ou dois
degraus e esse núcleo passasse a ser integrado por políticos dos tipos 3, 4 e
5. Temer, o triunfo da mediocridade, é também o triunfo da bandidagem na
política.<o:p></o:p></span></div>
<br />
<div style="line-height: 16.8pt; margin: 0cm 0cm 12pt;">
<span style="color: #444444; font-family: "Helvetica","sans-serif"; font-size: 10.5pt; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: PT-BR; mso-fareast-theme-font: minor-latin;"><img alt="Por que gritamos golpe_Midia NINJA_3" border="0" id="_x0000_i1027" src="https://acasadevidro.files.wordpress.com/2016/09/por-que-gritamos-golpe_midia-ninja_3.jpg?w=560" style="background-color: white; border: 1px solid rgb(204, 204, 204); clear: both; display: block; margin: 0in auto; max-width: 100%; min-height: auto; padding: 4px;" /><br style="mso-special-character: line-break;" />
<!--[if !supportLineBreakNewLine]--><br style="mso-special-character: line-break;" />
<!--[endif]--></span></div>
Walner Mamedehttp://www.blogger.com/profile/12889964824133215359noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8450972477713093575.post-38371855147000512722016-09-01T13:24:00.004-07:002016-09-01T13:50:57.800-07:00Um golpe muito bem orquestrado - Parte 1<table border="0" cellpadding="0" cellspacing="0" class="MsoNormalTable" style="mso-cellspacing: 0cm; mso-padding-alt: 0cm 0cm 0cm 0cm; mso-yfti-tbllook: 1184;"><tbody>
<tr style="mso-yfti-firstrow: yes; mso-yfti-irow: 0; mso-yfti-lastrow: yes;"><td nowrap="" style="background-color: transparent; border-image: none; border: rgb(0, 0, 0); padding: 0cm;" valign="top"><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: center;">
<span style="font-family: "calibri";"></span> </div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: center;">
</div>
</div>
</td><td style="background-color: transparent; border-image: none; border: rgb(0, 0, 0); padding: 0cm;"><br />
<h2 style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
</h2>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
<span style="color: #888888;"> </span><o:p></o:p></div>
</td></tr>
</tbody></table>
<br />
<br />
<h1 align="center" style="margin: 4.8pt 0cm 3.6pt; text-align: center;">
<img alt="Golpe" border="0" id="_x0000_i1026" src="https://acasadevidro.files.wordpress.com/2016/09/golpe.gif?w=560" style="background-color: white; border-image: none; border: 1px solid rgb(204, 204, 204); clear: both; display: block; margin: 0in auto; max-width: 100%; min-height: auto; padding: 4px;" /><o:p></o:p></h1>
<br />
<br />
<h1 align="center" style="margin: 4.8pt 0cm 3.6pt; text-align: center;">
<span style="font-size: x-small;"></span><span style="color: #444444; font-size: 10.5pt;"></span><o:p></o:p><div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "calibri";"><span style="font-size: 18pt; mso-ascii-font-family: Calibri; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-hansi-font-family: Calibri;">Não pude deixar de publicar esta matéria aqui. Uma citação literal é justificável quando entendemos que qualquer coisa que digamos não será melhor do que o já dito...Nesse espírito, disponibilizo a vocês o presente texto:</span><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12pt;"><o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin: 0cm 0cm 0pt;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12pt;"><o:p> </o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin: 0cm 0cm 10pt;">
<span style="font-family: "calibri";"><span style="font-size: 12pt; mso-ascii-font-family: Calibri; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-hansi-font-family: Calibri;"> </span><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12pt;"><o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin: 0cm 0cm 0pt;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12pt;"><o:p> </o:p></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: center;">
<span style="font-family: "calibri";"><span style="font-size: 24pt; mso-ascii-font-family: Calibri; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-hansi-font-family: Calibri;">O golpe contra Dilma Rousseff: O afastamento da presidenta é sem dúvida o capítulo mais vergonhoso da história política brasileira</span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: center;">
<span style="font-family: "calibri";"><span style="font-family: "calibri";"><span style="font-size: small;">Por Luiz Ruffato no </span><a href="http://brasil.elpais.com/brasil/2016/08/31/opinion/1472650538_750062.html"><span style="color: #249fa3;"><span style="font-size: small;">EL PAÍS Brasil<o:p></o:p></span></span></a></span><o:p></o:p></span></div>
<br /><br /><span style="font-size: x-small;"> </span></h1>
<div style="line-height: 16.8pt; margin: 0cm 0cm 12pt; text-align: justify;">
<span style="color: #444444; font-family: "helvetica" , "sans-serif"; font-size: 10.5pt;">"O afastamento definitivo de Dilma Rousseff da Presidência da República é sem dúvida o capítulo mais vergonhoso da história política brasileira. Acusada de praticar uma manobra contábil, as chamadas “pedaladas fiscais”, contra ela não foram levantadas quaisquer suspeitas de enriquecimento ilícito ou aproveitamento do cargo em benefício próprio, ainda que sua vida, privada e pública, tenha sido vasculhada com lupa por seus adversários. Se ela cometeu crime de responsabilidade, também o fizeram e deveriam perder o cargo 16 dos 27 atuais governadores, que usaram o mesmo artifício para fechar as contas em seus estados.<o:p></o:p></span></div>
<br />
<br />
<div align="center" class="MsoNormal" style="background: white; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: center;">
<img alt="SAIBA MAIS" border="0" id="_x0000_i1027" src="https://acasadevidro.files.wordpress.com/2016/09/pedaladas.jpg?w=560" style="margin-bottom: 12px; max-width: 100%; min-height: auto;" /><o:p></o:p></div>
<br />
<br />
<div align="center" style="background: white; line-height: 16.8pt; margin: 0cm 0cm 12pt; text-align: center;">
<span style="color: #444444; font-family: "helvetica" , "sans-serif"; font-size: 10.5pt;"><a href="https://www.facebook.com/blogacasadevidro/photos/a.198132083546458.58917.197558100270523/1521757167850603/?type=3&theater" target="_blank"><span style="color: #2585b2;">SAIBA MAIS</span></a><o:p></o:p></span></div>
<br />
<br />
<div style="line-height: 16.8pt; margin: 0cm 0cm 12pt; text-align: justify;">
<span style="color: #444444; font-family: "helvetica" , "sans-serif"; font-size: 10.5pt;">Mas, evidentemente, a presidente Dilma Rousseff não foi levada a julgamento por isso. As manifestações de rua contra seu governo, orquestradas por defensores dos mais diversos interesses, muitos deles espúrios, levantavam bandeiras anti-corrupção porém alimentavam-se de ressentimento. Parte da população, acostumada historicamente a usufruir dos mais amplos privilégios, nunca aceitou dividir espaço com a camada mais pobre, destinada, em sua invisibilidade, a manter-se apenas como uma espécie de reserva técnica de mão de obra desqualificada. As poucas, mas importantes, mudanças nesse quadro, patrocinadas pelos governos petistas, fermentaram uma reação de ódio e intolerância.<o:p></o:p></span></div>
<br />
<br />
<div style="line-height: 16.8pt; margin: 0cm 0cm 12pt; text-align: justify;">
<span style="color: #444444; font-family: "helvetica" , "sans-serif"; font-size: 10.5pt;">Assim, com o claro objetivo de arrancar a qualquer custo o poder das mãos da presidente Dilma Rousseff, as oposições, lideradas nas sombras pelo vice-presidente Michel Temer, passaram a articular demonstrações de força. Por trás dos protestos “espontâneos” contra o governo havia entidades como o Movimento Brasil Livre (MBL), financiado pelo DEM, PSDB, SD e PMDB; Vem pra Rua, criado em 2014 por um grupo de empresários para apoiar a candidatura do senador tucano Aécio Neves à Presidência da República; e Revoltados On-Line, gerenciado pelo empresário Marcello Reis, que não esconde sua simpatia pela ideia de intervenção militar e que possui ligações com o deputado fascista Jair Bolsonaro (PSC-RJ), pré-candidato à Presidência da República.<o:p></o:p></span></div>
<br />
<br />
<div style="line-height: 16.8pt; margin: 0cm 0cm 12pt;">
<span style="color: #444444; font-family: "helvetica" , "sans-serif"; font-size: 10.5pt;"><img alt="temer-Cunha-Judas-Golpistas" border="0" id="_x0000_i1028" src="https://acasadevidro.files.wordpress.com/2016/09/temer-cunha-judas-golpistas.jpg?w=560" style="background-color: white; border-image: none; border: 1px solid rgb(204, 204, 204); clear: both; display: block; margin: 0in auto; max-width: 100%; min-height: auto; padding: 4px;" /><o:p></o:p></span></div>
<br />
<br />
<div style="line-height: 16.8pt; margin: 0cm 0cm 12pt; text-align: justify;">
<span style="color: #444444; font-family: "helvetica" , "sans-serif"; font-size: 10.5pt;">O passo seguinte foi dado pelo então presidente da Câmara, deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), atualmente afastado por decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), alçada na qual é réu por crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro. Cunha tinha interesse em negociar a manutenção de seu mandato, em perigo desde a instauração, no dia 3 de dezembro, de um processo por quebra de decoro parlamentar no Conselho de Ética da Casa. Indignado com a retirada de apoio do PT à sua causa, Cunha deu andamento ao pedido de admissibilidade do impeachment contra a presidente Dilma Rousseff. No dia 17 de abril, o plenário da Câmara, que entre seus 513 membros conta com 53 réus na Suprema Corte, enquanto outros 148 parlamentares respondem a inúmeros crimes em diversas instâncias, antecipou o destino inglório da nação.<o:p></o:p></span></div>
<br />
<br />
<div style="line-height: 16.8pt; margin: 0cm 0cm 12pt; text-align: justify;">
<span style="color: #444444; font-family: "helvetica" , "sans-serif"; font-size: 10.5pt;">Baseado em um relatório de Antonio Anastasia (PSDB-MG), burocrata tornado político pelas mãos do candidato derrotado em 2014, Aécio Neves, o Senado cassou o mandato da presidente Dilma Rousseff. Do total de parlamentares que a julgaram, <a href="http://brasil.elpais.com/brasil/2016/05/10/politica/1462910494_551515.html" target="_blank"><span style="color: #2585b2;">60% são suspeitos ou acusados de crimes</span></a> que vão desde falsidade ideológica até abuso de poder econômico. Um terço da Casa – 23 parlamentares – responde a inquérito em ação penal no STF, entre eles nomes bastante conhecidos como Cássio Cunha Lima (PSDB-PB), Fernando Collor (PTB-AL), Jader Barbalho (PMDB-PA), Lobão Filho (PMDB-MA), Renan Calheiros (PMDB-AL) e Romero Jucá (PMDB-RR).<o:p></o:p></span></div>
<br />
<br />
<div style="line-height: 16.8pt; margin: 0cm 0cm 12pt; text-align: justify;">
<span style="color: #444444; font-family: "helvetica" , "sans-serif"; font-size: 10.5pt;">Com uma coragem e altivez poucas vezes vistas na política brasileira, a presidente Dilma Rousseff enfrentou 14 horas de interrogatório nas dependências do Senado. Inutilmente, ela sabia, porque o resultado daquela farsa já havia sido decidido muito antes, nos bastidores, envolvendo as mais inconfessáveis negociações. Sentada em frente ao presidente do STF, Ricardo Lewandowski, Dilma não enfrentava somente o rancor da elite contrariada, mas também todos os preconceitos existentes contra as mulheres, principalmente aquelas que não aceitam submeter-se ao poder patriarcal. Blindada por uma força extraordinária, Dilma ousava afirmar que, como ser humano passível de equívocos, errou algumas vezes durante o exercício de seu mandato. Assentada em utopias, Dilma ousava afirmar que continua acreditando na luta por um Brasil mais justo. Somos medíocres, não atrevemos sonhar; somos hipócritas, não admitimos assumir nossas falhas. Cassar arbitrariamente o mandato da presidente Dilma Rousseff significou um ato de cinismo covarde contra o desejo manifestado nas urnas por 54.501.118 brasileiros. A isso se chama golpe de estado."<o:p></o:p></span></div>
<br />
<br />
<div align="center" style="line-height: 16.8pt; margin: 0cm 0cm 12pt; text-align: center;">
<span style="color: #444444; font-family: "helvetica" , "sans-serif"; font-size: 10.5pt;">* * * * *<o:p></o:p></span></div>
<br />
<br />
<div align="center" style="line-height: 16.8pt; margin: 0cm 0cm 12pt; text-align: center;">
<span style="color: #444444; font-family: "helvetica" , "sans-serif"; font-size: 10.5pt;"><img alt="Temer5" border="0" id="_x0000_i1029" src="https://acasadevidro.files.wordpress.com/2016/09/temer5.jpg?w=560" style="background-color: white; border-image: none; border: 1px solid rgb(204, 204, 204); clear: both; display: block; margin: 0in auto; max-width: 100%; min-height: auto; padding: 4px;" /><o:p></o:p></span></div>
<br />
<br />
<div align="center" style="line-height: 16.8pt; margin: 0cm 0cm 12pt; text-align: center;">
<strong><span style="color: #444444; font-family: "helvetica" , "sans-serif"; font-size: 10.5pt;">O GOLPE ESTÁ SÓ COMEÇANDO</span></strong><span style="color: #444444; font-family: "helvetica" , "sans-serif"; font-size: 10.5pt;"><br /> por Guilherme Boulos na Folha de S. Paulo<o:p></o:p></span></div>
<br />
<br />
<div style="line-height: 16.8pt; margin: 0cm 0cm 12pt; text-align: justify;">
<span style="color: #444444; font-family: "helvetica" , "sans-serif"; font-size: 10.5pt;">O Senado Federal <a href="http://www1.folha.uol.com.br/poder/2016/08/1808784-senado-cassa-mandato-de-dilma-congresso-dara-posse-efetiva-a-temer.shtml" target="_blank"><span style="color: #2585b2;">consumou nesta quarta</span></a> (31) o golpe contra o mandato da presidenta Dilma Rousseff: 61 votos senatoriais cassaram, numa eleição indireta, 54 milhões de votos populares. Mas isso é somente o prenúncio do que está por vir. O golpe, na verdade, está apenas começando.<o:p></o:p></span></div>
<br />
<br />
<div style="line-height: 16.8pt; margin: 0cm 0cm 12pt; text-align: justify;">
<span style="color: #444444; font-family: "helvetica" , "sans-serif"; font-size: 10.5pt;">Michel Temer, ainda como interino, já recebeu os primeiros avisos do mercado de que o prazo para apresentar "medidas consistentes" em defesa de seus interesses é o fim deste ano. A banca cobra a fatura. Afinal, quem mais poderia fazê-lo? Temer não foi eleito e, ao que tudo indica, não pretende disputar reeleição. Não precisa, pois, prestar contas a ninguém na sociedade a não ser àqueles que sustentaram a manobra que o levou do Jaburu ao Planalto.<o:p></o:p></span></div>
<br />
<br />
<div style="line-height: 16.8pt; margin: 0cm 0cm 12pt; text-align: justify;">
<span style="color: #444444; font-family: "helvetica" , "sans-serif"; font-size: 10.5pt;">Quanto ao parlamento, a questão se resolve com a distribuição de cargos, em grande medida já efetuada. Cunha é um caso à parte e é de se esperar uma atuação decidida de Temer para abrandar sua pena e evitar a prisão. A grande fatura é mesmo devida à elite empresarial e financeira, que deu inequívoco suporte ao impeachment, e exige em troca um pacote de reformas regressivas, um verdadeiro golpe aos direitos sociais e trabalhistas.<o:p></o:p></span></div>
<br />
<br />
<div style="line-height: 16.8pt; margin: 0cm 0cm 12pt; text-align: justify;">
<span style="color: #444444; font-family: "helvetica" , "sans-serif"; font-size: 10.5pt;">As medidas antipopulares estão organizadas em três grandes frentes.<img alt="Temer4" border="0" id="_x0000_i1030" src="https://acasadevidro.files.wordpress.com/2016/09/temer4.jpg?w=560" style="background-color: white; border-image: none; border: 1px solid rgb(204, 204, 204); clear: both; display: block; margin: 0in auto; max-width: 100%; min-height: auto; padding: 4px;" /><br /> Primeiro, um <a href="http://www1.folha.uol.com.br/mercado/2016/07/1793537-governo-enviara-ao-congresso-ate-final-do-ano-tres-propostas-trabalhistas.shtml" target="_blank"><span style="color: #2585b2;">golpe contra a CLT</span></a> (Consolidação das Leis do Trabalho). Eliseu Padilha já deu a senha de como será, aliás ao melhor estilo peemedebista. Para destruir a CLT não é preciso revogá-la, basta torná-la sem efeito.<o:p></o:p></span></div>
<br />
<br />
<div style="line-height: 16.8pt; margin: 0cm 0cm 12pt; text-align: justify;">
<span style="color: #444444; font-family: "helvetica" , "sans-serif"; font-size: 10.5pt;">É o que se pretende apoiando a aprovação de alguns projetos que já tramitam no Congresso Nacional: o PLC 30, que autoriza a universalização dos contratos precários ao permitir a tercerização das atividades-fim; o PL 4193, que autoriza a prevalência do negociado sobre o legislado; e o PL 427, que institui a negociação individual entre empregado e empregador, fragilizando a negociação coletiva.<o:p></o:p></span></div>
<br />
<br />
<div style="line-height: 16.8pt; margin: 0cm 0cm 12pt; text-align: justify;">
<span style="color: #444444; font-family: "helvetica" , "sans-serif"; font-size: 10.5pt;">Ora, a aprovação desses projetos representa o velório dos direitos trabalhistas no Brasil, porque mesmo com a CLT em vigência, ela deixa de ser obrigatória para as relações de trabalho, perdendo na prática qualquer efetividade. Neste ponto é importante ressaltar que nem a ditadura militar, ao longo de seus vinte anos sombrios, ousou destruir a CLT. Temer pretende fazê-lo em dois anos.<o:p></o:p></span></div>
<br />
<br />
<div style="line-height: 16.8pt; margin: 0cm 0cm 12pt; text-align: justify;">
<span style="color: #444444; font-family: "helvetica" , "sans-serif"; font-size: 10.5pt;">Segundo, um golpe <a href="http://www1.folha.uol.com.br/mercado/2016/08/1803310-reforma-na-previdencia-ameaca-acumulo-de-pensao-com-aposentadoria.shtml" target="_blank"><span style="color: #2585b2;">contra a previdência social</span></a>. A reforma que querem aprovar ainda em 2016 é de uma perversidade que faz lembrar o ex-ministro das finanças japonês, Taro Aso, que chocou o mundo ao dizer que os idosos deveriam "se apressar e morrer" para poupar gastos públicos com saúde e previdência.<o:p></o:p></span></div>
<br />
<br />
<div style="line-height: 16.8pt; margin: 0cm 0cm 12pt; text-align: justify;">
<span style="color: #444444; font-family: "helvetica" , "sans-serif"; font-size: 10.5pt;">As principais medidas são o estabelecimento de uma idade mínima de 65 anos, voltada contra os trabalhadores mais pobres e vulneráveis, já que são eles que começam a trabalhar mais cedo; a equiparação de idade entre homens e mulheres, ignorando a dupla jornada doméstica feminina, ainda regra no país; o fim do regime especial de aposentadoria rural; e a desvinculação dos reajustes do salário mínimo com a aposentadoria, arrochando ainda mais o ganho dos aposentados.<o:p></o:p></span></div>
<br />
<br />
<div style="line-height: 16.8pt; margin: 0cm 0cm 12pt; text-align: justify;">
<span style="color: #444444; font-family: "helvetica" , "sans-serif"; font-size: 10.5pt;">É desolador, mas não para por aí.<o:p></o:p></span></div>
<br />
<br />
<div style="line-height: 16.8pt; margin: 0cm 0cm 12pt; text-align: justify;">
<span style="color: #444444; font-family: "helvetica" , "sans-serif"; font-size: 10.5pt;"><img alt="patopatinhas1" border="0" id="_x0000_i1031" src="https://acasadevidro.files.wordpress.com/2016/09/patopatinhas1.png?w=560" style="background-color: white; border-image: none; border: 1px solid rgb(204, 204, 204); clear: both; display: block; margin: 0in auto; max-width: 100%; min-height: auto; padding: 4px;" /><o:p></o:p></span></div>
<br />
<br />
<div style="line-height: 16.8pt; margin: 0cm 0cm 12pt; text-align: justify;">
<span style="color: #444444; font-family: "helvetica" , "sans-serif"; font-size: 10.5pt;">O terceiro grande golpe é contra a Constituição de 1988 e sua rede de proteção social. A <a href="http://www1.folha.uol.com.br/mercado/2016/08/1803581-projeto-de-teto-de-gasto-federal-enfrenta-resistencia-no-senado.shtml" target="_blank"><span style="color: #2585b2;">PEC 241</span></a> pretende congelar o investimento público por vinte anos, atingindo especialmente os gastos com educação, saúde e programas sociais, além de atacar os servidores. Na prática, trata-se de constitucionalizar a política de austeridade, tornando-a obrigatória a qualquer governo, visando com isso ampliar superávits para o pagamento de juros da dívida pública.<o:p></o:p></span></div>
<br />
<br />
<div style="line-height: 16.8pt; margin: 0cm 0cm 12pt; text-align: justify;">
<span style="color: #444444; font-family: "helvetica" , "sans-serif"; font-size: 10.5pt;">Em prejuízo, é claro, dos serviços públicos. O SUS e a educação pública serão as grandes vítimas da PEC. Se o financiamento atual já é insuficiente, seu congelamento durante duas décadas tende a produzir um verdadeiro colapso. Junto a isso, os programas sociais tendem a ser sistematicamente reduzidos e levados à inanição.<o:p></o:p></span></div>
<br />
<br />
<div style="line-height: 16.8pt; margin: 0cm 0cm 12pt; text-align: justify;">
<span style="color: #444444; font-family: "helvetica" , "sans-serif"; font-size: 10.5pt;">A parceria de Temer com o atual Congresso representa uma "desconstituinte". Utilizarão a maioria de dois terços para revogar o que há de progressivo na Constituição de 88, produzindo um retrocesso que poderá afetar algumas gerações. Afinal, será preciso uma inédita maioria de dois terços ou a convocação uma nova Assembleia Constituinte para que os setores populares e de esquerda revertam estes ataques.<o:p></o:p></span></div>
<br />
<br />
<div style="line-height: 16.8pt; margin: 0cm 0cm 12pt; text-align: justify;">
<span style="color: #444444; font-family: "helvetica" , "sans-serif"; font-size: 10.5pt;">Por tudo isso, o dia de hoje não marca a conclusão de um golpe, mas seu início. O golpe contra a soberania do voto popular anuncia o golpe mais duro da história recente contra a maioria do povo brasileiro. Esta agenda não foi eleita e jamais o seria. Só pode ser aplicada com um cerceamento da democracia, pela anulação do voto popular.<o:p></o:p></span></div>
<br />
<br />
<div style="line-height: 16.8pt; margin: 0cm 0cm 12pt; text-align: justify;">
<span style="color: #444444; font-family: "helvetica" , "sans-serif"; font-size: 10.5pt;">Seria, contudo, acreditar em conto de fadas supor que um golpe desta dimensão passará sem resistência popular. A maioria do povo não foi às ruas até aqui —nem de um lado nem de outro— por acreditar que não era com eles. A massa viu o impeachment como uma briga entre os políticos. Quando começar a perceber o que de fato está em jogo, o cenário será outro. É difícil prever quando e como, mas da mesma forma que o golpe está apenas começando, a resistência também está.<o:p></o:p></span></div>
<br />
<br />
<div align="center" style="line-height: 16.8pt; margin: 0cm 0cm 12pt; text-align: center;">
<span style="color: #444444; font-family: "helvetica" , "sans-serif"; font-size: 10.5pt;">* * * * *</span></div>
Walner Mamedehttp://www.blogger.com/profile/12889964824133215359noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8450972477713093575.post-26321397926973700792016-05-16T12:08:00.004-07:002019-02-24T16:00:53.164-08:00O belo, o inútil e a poesia<div align="center" style="background: white; margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: center;">
<br /></div>
<div style="background: white; margin: 0cm 0cm 0.0001pt; text-align: right;">
<span style="color: #333333; font-size: 10.0pt;">Por Walner
Mamede<o:p></o:p></span></div>
<div style="background: white; margin: 0cm 0cm 0.0001pt; text-align: right;">
<a href="http://contoemcantosonline.blogspot.com.br/" style="font-size: 10pt;">http://contoemcantosonline.blogspot.com.br/</a></div>
<div style="background: white; line-height: 14.6pt; margin-bottom: 8.4pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 8.4pt; text-align: justify;">
<span style="color: #333333;"><span style="font-family: inherit;">O sentimento do sublime frente ao belo
não é lógico, ele provém, para Gilles Deleuze, de um acordo discordante entre a
imaginação e a razão, uma contradição que produz harmonia na dor. A intuição
sensível, que nos põe em experiência com o objeto, nos exige um juízo lógico,
que produz conhecimento, ou um juízo estético, que engendra um sentimento de
prazer ou dor, nos convoca à vida (vivificação) e cria condições para a
contemplação do belo, quando se nos apresenta. Acessar o belo exige retermo-nos
no objeto de contemplação e, para tanto, é o ócio inútil a instância da vida
humana capaz de permití-lo, não o labor, não o trabalho, pois que estes, como
já alertava Hannah Arendt, estão comprometidos com a utilidade, buscando a subsistência
do corpo e a conquista de bens, respectivamente. O labor e o trabalho não nos
permitem o espaço e o tempo necessários à contemplação e às tarefas,
essencialmente, humanas como a arte e a política. Nem tampouco a demora,
inestimável ao jogo entre a sensibilidade e o entendimento, é-nos permitida na
ausência do ócio, e, assim, a consciência de que a razão dedutiva possui, em
si, algo de perverso e nos anestesia diante da vida sequer se manifesta
minimamente. Seria Eichmann o eterno fantasma a nos assombrar, nos alertando de
que a banalização do mal decorre da negligência com o belo, com o sublime?<o:p></o:p></span></span></div>
<div style="background: white; line-height: 14.6pt; margin-bottom: 8.4pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 8.4pt; text-align: justify;">
<span style="color: #333333;"><span style="font-family: inherit;">Aqui, parece razoável remetermo-nos a
Hermeto Paschoal<a href="file:///C:/Users/walnerj/Documents/Documentos%20particulares/Produ%C3%A7%C3%A3o%20acad%C3%AAmica/O%20belo,%20o%20in%C3%BAtil%20e%20a%20poesia.docx#_ftn1" name="_ftnref1" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="color: #333333; line-height: 115%;">[1]</span></span><!--[endif]--></span></a>,
para quem “não se pode...colocar o saber na frente do sentir”. Kant diria que a
experiência estética busca preencher o abismo que se instala entre o sujeito e
o objeto apresentado à sensação, abismo irremediável pelo instituto do
conhecimento. No sentimento estético, os conceitos preservam seu valor
intrínseco, mas de forma coadjuvante, permitindo ao juízo operar
não-dedutivamente na produção simultânea e explosiva de ideias libertas da
necessidade de memorização e entendimento e do compromisso com o útil, o
histórico, o moral e o lógico. Nesse sentido, a experiência estética não é
prática (bem), nem intelectual (bom), mas subproduto do jogo entre as
faculdades da sensibilidade, imaginação e entendimento, que, da contemplação
plácida do belo ao movimento do ânimo pelo sublime, materializa uma
possibilidade derivada da condição humana, um devir sempre subjetivo, ainda que
pareça aderente ao objeto. A vivificação e o prazer trazidos por essa relação
não possui condições de se manifestar na presença de regras prévias que a
determinem. Em segundas palavras, na ausência da liberdade para se jogar, o
abismo entre sujeito e objeto é alimentado e o prazer, o encantamento, o abalo,
o espanto, a surpresa, o susto, a alegria, o encontro, o entusiasmo, a comoção,
a atração, a repulsa, a embriaguez e a lucidez possíveis se perdem, com eles levando
nossa capacidade de sentirmo-nos adaptados ao mundo e de compartilhá-lo. A liberdade,
pressuposto da autenticidade, é obscurecida pela utilidade imanente às regras
prévias da contemplação objetivada, submetendo o belo à razão e roubando-o à
imaginação.<o:p></o:p></span></span></div>
<div style="background: white; line-height: 14.6pt; margin-bottom: 8.4pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 8.4pt; text-align: justify;">
<span style="color: #333333;"><span style="font-family: inherit;">A esse respeito, afirmaria Paulo
Leminski<a href="file:///C:/Users/walnerj/Documents/Documentos%20particulares/Produ%C3%A7%C3%A3o%20acad%C3%AAmica/O%20belo,%20o%20in%C3%BAtil%20e%20a%20poesia.docx#_ftn2" name="_ftnref2" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="color: #333333; line-height: 115%;">[2]</span></span><!--[endif]--></span></a> sobre o que Francis Bacon
denominara “ciência da imaginação”: “A poesia é um inutensílio, a única razão
de ser da poesia é que ela faz parte daquelas coisas inúteis da vida que não
precisam de justificativa porque elas são a própria razão de ser da vida...Querer
que a poesia tenha um ‘por quê’, querer que a poesia esteja à serviço de alguma
coisa, é a mesma coisa que querer, por exemplo...que o orgasmo tenha um por que...Acho
que a poesia faz parte daquelas coisas que não precisam ter um por que. Para
quê ‘por que’?”. E assevera, ainda, Leminski: “As pessoas sem imaginação estão
sempre querendo que a arte sirva para alguma coisa...Não enxergam que a arte (a
poesia é arte) é a única chance que o homem tem de vivenciar a experiência de
um mundo da liberdade, além da necessidade”.<o:p></o:p></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #333333; line-height: 115%;"><span style="font-family: inherit;">E, por oportuno, à guisa de abertura para
novas divagações, remetemo-nos, mais uma vez, a Hermeto Paschoal: “...[na
música] o que dá dinheiro é sempre burrice...Não tive e nem vou ter nenhum
retorno financeiro com minha obra, mas meu prazer, minha alegria, continua
sendo tocar. Por isso, as minhas músicas eu quero mais é que sejam pirateadas.
Quero mais é que as pessoas toquem, ouçam, a conheçam. E pra mim, quem reclama
da pirataria é quem faz música apenas para vender. Meu valor não são as notas
de dinheiro. São as notas musicais...” e, complemento eu, o valor depositado
nas notas musicais não é outra coisa senão a liberdade de gozar o belo na
inutilidade do ócio, à distância do labor e do trabalho que escravizam nossas
almas e limitam nossas mentes.</span></span>
</div>
<div>
<!--[if !supportFootnotes]--><br clear="all" />
<hr align="left" size="1" width="33%" />
<!--[endif]-->
<br />
<div id="ftn1">
<div style="background: white; margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<div style="text-align: right;">
<a href="file:///C:/Users/walnerj/Documents/Documentos%20particulares/Produ%C3%A7%C3%A3o%20acad%C3%AAmica/O%20belo,%20o%20in%C3%BAtil%20e%20a%20poesia.docx#_ftnref1" name="_ftn1" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">[1]</span></span><!--[endif]--></span></a>
<span style="color: #333333; font-family: "verdana" , "sans-serif"; font-size: 8.0pt;">Hermeto
Paschoal, compositor arranjador e multi-instrumentista brasileiro, nascido em 22
de junho de 1936, em Olho d'Água das Flores, Alagoas (https://www.cartacapital.com.br/cultura/na-musica-o-que-da-dinheiro-e-sempre-burrice-diz-hermeto-paschoal/ e https://www.recantodasletras.com.br/cronicas/4843831).</span><o:p></o:p></div>
</div>
</div>
<div id="ftn2">
<div style="background: white; margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<div style="text-align: right;">
<a href="file:///C:/Users/walnerj/Documents/Documentos%20particulares/Produ%C3%A7%C3%A3o%20acad%C3%AAmica/O%20belo,%20o%20in%C3%BAtil%20e%20a%20poesia.docx#_ftnref2" name="_ftn2" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">[2]</span></span><!--[endif]--></span></a>
<span style="color: #333333; font-family: "verdana" , "sans-serif"; font-size: 8.0pt;">Paulo
Leminski, escritor, poeta, crítico literário, tradutor e professor brasileiro,
nascido em Curitiba, 24 de agosto de 1944 e falecido em Curitiba, 7 de junho de
1989 (https://tateios.wordpress.com/2013/09/27/o-que-e-a-poesia-paulo-leminski/).</span><b><span style="color: #333333; font-family: "verdana" , "sans-serif"; font-size: 11.0pt;"><o:p></o:p></span></b></div>
</div>
<div class="MsoFootnoteText">
<div style="text-align: right;">
<br /></div>
</div>
</div>
</div>
Walner Mamedehttp://www.blogger.com/profile/12889964824133215359noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8450972477713093575.post-82432996036289713542015-12-07T10:06:00.000-08:002015-12-08T13:46:00.319-08:00Sobre o PT e a Constituição de 88<div style="text-align: right;">
Walner Mamede</div>
<br />
<div class="_209g _2vxa" data-block="true" data-offset-key="cctgs-0-0" style="text-align: justify;">
<span data-offset-key="cctgs-0-0"><span data-text="true">Algumas coisas precisam ficar claras quanto ao posicionamento contrário do PT acerca da Constituição Federal de 88 à época de sua promulgação. Antes disso, alguns pressupostos precisam ser ditos:</span></span></div>
<div class="_209g _2vxa" data-block="true" data-offset-key="fg7u9-0-0" style="text-align: justify;">
<span data-offset-key="fg7u9-0-0"><br data-text="true" /></span></div>
<div class="_209g _2vxa" data-block="true" data-offset-key="8hpm3-0-0" style="text-align: justify;">
<span data-offset-key="8hpm3-0-0"><span data-text="true">-Primeiro, não faço defesa ao PT e sim à ideologia que fundamentou sua criação e, há muito, foi abandonada, na prática, apesar de estar presente de forma fragmentada no discurso, inclusive, pasmem, da direita!</span></span></div>
<div class="_209g _2vxa" data-block="true" data-offset-key="dgvhs-0-0" style="text-align: justify;">
<span data-offset-key="dgvhs-0-0"><br data-text="true" /></span></div>
<div class="_209g _2vxa" data-block="true" data-offset-key="6hpg8-0-0" style="text-align: justify;">
<span data-offset-key="6hpg8-0-0"><span data-text="true">-Segundo, há que se lembrar que o PT era (com ênfase no "era") um partido de esquerda e voltado à causa popular e trabalhista e que seus votos seguiram à risca seus preceitos ideológicos de defesa do social e da classe trabalhadora, algo louvável e que não ocorre hoje. Curiosamente, os partidos de direita adversários (já que o PT se "endireitou"), hoje, nadam de braçada manipulando tal contradição histórica do PT: ora acusando-o de comunista e esquerda radical contrária ao desenvolvimento nacional, ora retratando-o como hipócrita, pelego e "caviar", por abandono à sua militância de esquerda. Ora essa! Pelo princípio da contradição, é impossível que o PT seja as duas coisas ao mesmo tempo, sejamos racionais! Contudo, esse "discurselho" raso e retórico convence fácil os menos aptos e cria oposição não apenas ao PT, mas a toda possibilidade de um governo de esquerda, sem que se tenha, de fato, elementos contra a verdadeira esquerda, mas tão somente contra o PT que não mais representa essa tradição ideológica.</span></span></div>
<div class="_209g _2vxa" data-block="true" data-offset-key="3jj8b-0-0" style="text-align: justify;">
<span data-offset-key="3jj8b-0-0"><br data-text="true" /></span></div>
<div class="_209g _2vxa" data-block="true" data-offset-key="ak5vj-0-0" style="text-align: justify;">
<span data-offset-key="ak5vj-0-0"><span data-text="true">-Terceiro, hoje, a oposição política não é ideológica, ela não existe por divergência quanto ao que seria melhor para o país e sim quanto ao que será melhor para o partido (qualquer que seja), em outras palavras, busca-se o poder pelo poder e caga-se (com o perdão da palavra!) para como isso se reflete sobre o Brasil e nós, seu povo. Prova disso é o pedido de impeachment, sem o menor fundamento legal ou constitucional, que mina a imagem internacional do Brasil e eleva o Risco Brasil, reduzindo investimentos internacionais: não houve dolo comprovado da presidência em ato de lesa pátria, apesar de seus inúmeros tropeços administrativos e da enorme insatisfação popular. A oposição usa isso para manipular a opinião pública e a boiada segue sob o som do berrante.</span></span></div>
<div class="_209g _2vxa" data-block="true" data-offset-key="7menp-0-0" style="text-align: justify;">
<span data-offset-key="7menp-0-0"><br data-text="true" /></span></div>
<div class="_209g _2vxa" data-block="true" data-offset-key="4ra8n-0-0" style="text-align: justify;">
<span data-offset-key="4ra8n-0-0"><span data-text="true">Dito isso, partamos para o principal:</span></span></div>
<div class="_209g _2vxa" data-block="true" data-offset-key="n39b-0-0" style="text-align: justify;">
<span data-offset-key="n39b-0-0"><br data-text="true" /></span></div>
<div class="_209g _2vxa" data-block="true" data-offset-key="7oaok-0-0" style="text-align: justify;">
<span data-offset-key="7oaok-0-0"><span data-text="true">A Constituição de 88, à época de sua promulgação, se tornou uma colcha de retalhos com predominância dos ideais da direita, não atendendo ao que a esquerda desejava para o país e seus trabalhadores. A exemplo, a esquerda lutava por 40 horas semanais de trabalho (a Constituição impôs 44h); por dois terços a mais de férias do que estava na Constituição; por 100% de acréscimo sobre a hora trabalhada na hora extra (a Constituição impôs só 50%, menos do que já era vigente à época em alguns casos); por melhores condições para a reforma agrária (a Constituição ofertou menos que o Estatuto da Terra, do Marechal Castelo Branco); por aproximação dos militares aos civis em termos de direitos (na Constituição, militares continuaram com regalias e como uma classe à parte, com direitos especiais, que remetiam à Ditadura); por definição clara dos termos para estabilidade no emprego e do aviso prévio (a Constituição colocou isso como artigo a ser regulamentado a posteriori); por obtenção de um texto constitucional finalístico e com um todo coerente (a Constituição foi aprovada com aprox 200 artigos para serem regulamentados e que dão problemas até hoje); por definição de normas claras a favor do trabalhador e da democracia (a Constituição foi aprovada com um grande número de princípios gerais, sem garantia de que sua regulamentação se daria a favor do povo). Deem uma olhada no discurso pronunciado à época sobre tal assunto em <a href="http://noblat.oglobo.globo.com/discursos/noticia/2008/11/por-isso-que-pt-vota-contra-texto-da-constituicao-138367.html.">http://noblat.oglobo.globo.com/discursos/noticia/2008/11/por-isso-que-pt-vota-contra-texto-da-constituicao-138367.html.</a></span></span></div>
<div class="_209g _2vxa" data-block="true" data-offset-key="ata4e-0-0" style="text-align: justify;">
<span data-offset-key="ata4e-0-0"><br data-text="true" /></span></div>
<div class="_209g _2vxa" data-block="true" data-offset-key="2iufg-0-0" style="text-align: justify;">
<span data-offset-key="2iufg-0-0"><span data-text="true">Para a esquerda da época, nomeadamente o PT, a Constituição promoveu avanços importantes, mas estava muito aquém do que poderia promover e deixou muito a desejar para o trabalhador e cidadão comum, mantendo a essência do poder latifundiário, industrial e militar em seu texto. Pois, segundo o próprio Lula, não basta uma democratização social onde se ausenta uma democratização do capital e da distribuição de renda, onde a diferença econômica e a soberania patronal permanece intacta. Por esse motivo, em nome do povo e da verdadeira democracia, a esquerda votou contra a Constituição e não pelos motivos que se têm veiculado nas diferentes mídias atuais (Facebook, sites, blogs, emails, Whats app, etc). É necessário que tenhamos esse discernimento para diferir o PT de hoje da esquerda histórica, o PT de hoje do PT de ontem, a direita da esquerda, sob o risco de, ao direcionarmos nossos votos e nossas críticas contra o PT (e, portanto, contra uma esquerda "endireitada"), o fazermos contra toda a ideologia de esquerda e fortalecermos os preceitos neoliberais do capital que, por princípio, não têm condições mínimas de, verdadeiramente, reduzirem diferenças sociais e econômicas, a não ser em seus discursos esvaziados de sentido e coerência, pois é da diferença, da injustiça social e do individualismo que o Capitalismo Neoliberal retira o alimento para sua existência, digam o que disserem seus defensores!</span></span></div>
<div class="_209g _2vxa" data-block="true" data-offset-key="f64c1-0-0" style="text-align: justify;">
<span data-offset-key="f64c1-0-0"><br data-text="true" /></span></div>
<div class="_209g _2vxa" data-block="true" data-offset-key="dhqcs-0-0" style="text-align: justify;">
<div class="_209g _2vxa" data-block="true" data-offset-key="dhqcs-0-0">
<span data-offset-key="dhqcs-0-0"><span data-text="true">Muito poderia ser dito, ainda, sobre o posicionamento do PT acerca da eleição de Tancredo, que postergaria o debate sobre as Diretas Já tão desejado pelo povo brasileiro, da "coalizão" proposta por Itamar, que foi mero artifício da direita para impor seus ideais, e do calote da dívida externa, que poderia dar ao Brasil a liberdade e o fôlego necessários para negociá-la segundo seus próprios termos e sem as pressões e imposições dos EUA, entre diversos outros disparates expostos em sites como <a href="http://www.averdadesufocada.com/index.php/voc-sabia-especial-89/3934-0710-um-resgate-da-histria-do-pt">http://www.averdadesufocada.com/index.php/voc-sabia-especial-89/3934-0710-um-resgate-da-histria-do-pt</a>. Mas vou deixar isso para os que, motivados pelo texto acima, procurarão refletir sobre o conteúdo falacioso de tais acusações, as quais são feitas de forma anacrônica e fora do contexto em que se deram as decisões políticas, desconsiderando motivações e inúmeras variáveis que não se reduzem ao que em tais críticas está, muito superficialmente, exposto. Variáveis que, entre outras coisas, representavam o compromisso do PT com o trabalhador e com o povo brasileiro e que, talvez, esteja ausente dos interesses atuais desse partido que já foi, para mim, um forte referencial político, mas que, hoje, não mais me representa.</span></span></div>
<div class="_209g _2vxa" data-block="true" data-offset-key="c4pis-0-0">
<span data-offset-key="c4pis-0-0"><br data-text="true" /></span></div>
</div>
Walner Mamedehttp://www.blogger.com/profile/12889964824133215359noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8450972477713093575.post-65207344532239505082015-09-18T06:02:00.001-07:002015-09-18T06:02:40.047-07:00Esquerda x Direita: um debate sem a necessária profundidade teórica<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<br />
<br />
<br />
<br />
<h2 style="text-align: center;">
</h2>
<h3 style="text-align: right;">
<span style="font-size: x-small;">Walner Mamede</span></h3>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi0ql9kklBuaDxakmos4Cnz9Jm1F8VOofKI_Jiq8KBu8jOu8ePM6Q7r9Z-6KJNEfKzhHvfWZwqjncVhKiekECPLSofy4YP0dYS2JP8r4DEjB6cLDL4z7W7gW3uHUr-EIUfqPSgDDQ2tUEw/s1600/Esquerda-Direita.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="248" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi0ql9kklBuaDxakmos4Cnz9Jm1F8VOofKI_Jiq8KBu8jOu8ePM6Q7r9Z-6KJNEfKzhHvfWZwqjncVhKiekECPLSofy4YP0dYS2JP8r4DEjB6cLDL4z7W7gW3uHUr-EIUfqPSgDDQ2tUEw/s320/Esquerda-Direita.jpg" width="320" /></a></div>
<h3 style="text-align: right;">
<span style="font-size: x-small;"> </span></h3>
<h3 style="text-align: justify;">
<span style="font-size: x-small;"> </span>Como bem coloca um amigo, tal afirmação (encabeçada no título e expressa na ilustração acima) precisa ser inserida no contexto do debate entre pensadores de ambos os lados, não entre
simpatizantes vazios de conteúdo e, igualmente, esbravejadores
verborrágicos vociferantes, independentemente do lado que estejam. Nesse contexto, dando o exemplo e a munição a seus simpatizantes, os argumentos da direita tendem a se mirar por um referencial raso,
propagandístico, apoiado nos valores reacionários do capital, sem a
profundidade teórica necessária e sem o compromisso social indispensável
à superação das mazelas no Brasil. E, aos <span class="text_exposed_show">antipetistas
de plantão, isso NÃO SE CONFUNDE com uma defesa do PT, que se
distanciou há muito dos princípios esquerdistas basilares, sendo aos
poucos cooptado pela direita, razão de seu fracasso e de sua perda de
legitimidade. Infelizmente, graças à pouca profundidade teórica dos
simpatizantes, as correntes subterrâneas que produziram tal fracasso não
são percebidas e eles se deixam levar pela direita, que se vale do
fiasco petista para atacar toda a ideologia da esquerda em frases como
"aí, ó o que a esquerda tem pra oferecer...o PT...olha a m&$#@ que
eles fazem...a esquerda está destruindo o Brasil..." e como solução
apontam a si próprios, os verdadeiros responsáveis históricos pelas
mazelas!!! É uma grande piada de mau gosto!!!</span></h3>
<h3 style="text-align: justify;">
<span class="text_exposed_show">As afirmações de que os ideais socialistas da esquerda são um grande fracasso, apontando Cuba e URSS como exemplos, não dão conta do intento. </span><span class="text_exposed_show"><span data-reactid=".4o.1:5.1:$comment959029867491920_959274994134074/=10.0.$right.0.$left.0.0.1"><span data-ft="{"tn":"K"}" data-reactid=".4o.1:5.1:$comment959029867491920_959274994134074/=10.0.$right.0.$left.0.0.1.$comment-body"><span class="UFICommentBody" data-reactid=".4o.1:5.1:$comment959029867491920_959274994134074/=10.0.$right.0.$left.0.0.1.$comment-body.0"><span data-reactid=".4o.1:5.1:$comment959029867491920_959274994134074/=10.0.$right.0.$left.0.0.1.$comment-body.0.$end/=1$text0/=010">John
Dewey, eminente filósofo da direita norte americana, de inícios do
seculo XX, que se debruçava sobre temas como educação e democracia, era
enfático ao afirmar q o ideal de democracia jamais havia se concretizado
de fato e que os regimes democráticos que conhecíamos eram mero arremedo da
ideia de democracia. Curioso é que nunca vimos essas mesmas pessoas, que desprezam a teoria em nome de um pragmatismo capenga, ao negarem o Socialismo, negando a
democracia a partir de seu fracasso fora do plano da ideias. Elas mesmas nunca se furtam a tentar superar
as limitações concretas do regime democrático em busca dos seus pressupostos teóricos. Isso se dá,
simplesmente, porque acreditam que a democracia é o melhor regime (e não
estou, aqui, dizendo que é). O que quero dizer é: o caso concreto nunca é
suficiente para se negar ou se afirmar definitivamente um ideal ou uma
teoria, serve apenas para que a coloquemos em suspense (epoké) ou a
aceitemos com parcimônia. Esse é um princípio da razão e deve ser
colocado em pratica, inclusive, ao discutirmos os ideais da esquerda.
Poder-se-ia alegar o mesmo sobre os ideais da direita, não fossem esses
tão polissêmicos, dado que instigam o individualismo, e contrários ao bem coletivo (claro, se o que se almeja
é o bem coletivo!), dado que pregam, no extremo, a anulação do Estado, instância maior garantidora do bem comum, a despeito da ausência de lucro.</span></span></span></span></span></h3>
<h3 style="text-align: justify;">
<span class="text_exposed_show"><span data-reactid=".4o.1:5.1:$comment959029867491920_959274994134074/=10.0.$right.0.$left.0.0.1"><span data-ft="{"tn":"K"}" data-reactid=".4o.1:5.1:$comment959029867491920_959274994134074/=10.0.$right.0.$left.0.0.1.$comment-body"><span class="UFICommentBody" data-reactid=".4o.1:5.1:$comment959029867491920_959274994134074/=10.0.$right.0.$left.0.0.1.$comment-body.0"><span data-reactid=".4o.1:5.1:$comment959029867491920_959274994134074/=10.0.$right.0.$left.0.0.1.$comment-body.0.$end/=1$text0/=010"><span data-reactid=".4o.1:5.1:$replies959029867491920_959283534133220/=10.1:2:$comment959029867491920_959363364125237/=10.0.$right.0.$left.0.0.1"><span data-ft="{"tn":"K"}" data-reactid=".4o.1:5.1:$replies959029867491920_959283534133220/=10.1:2:$comment959029867491920_959363364125237/=10.0.$right.0.$left.0.0.1.$comment-body"><span class="UFICommentBody _1n4g" data-reactid=".4o.1:5.1:$replies959029867491920_959283534133220/=10.1:2:$comment959029867491920_959363364125237/=10.0.$right.0.$left.0.0.1.$comment-body.0"><span data-reactid=".4o.1:5.1:$replies959029867491920_959283534133220/=10.1:2:$comment959029867491920_959363364125237/=10.0.$right.0.$left.0.0.1.$comment-body.0.0"><span data-reactid=".4o.1:5.1:$replies959029867491920_959283534133220/=10.1:2:$comment959029867491920_959363364125237/=10.0.$right.0.$left.0.0.1.$comment-body.0.0.$end/=1$text0/=010">A
ideia de que quanto menos o Estado se meter, melhor para o país e para o
povo é um equívoco se tratada de forma universal e anacrônica. O
contexto, no qual os ícones desse modelo político-econômico se
constituíram (nomeadamente, o G8), era bem outro </span></span><span data-reactid=".4o.1:5.1:$replies959029867491920_959283534133220/=10.1:2:$comment959029867491920_959363364125237/=10.0.$right.0.$left.0.0.1.$comment-body.0.3"><span data-reactid=".4o.1:5.1:$replies959029867491920_959283534133220/=10.1:2:$comment959029867491920_959363364125237/=10.0.$right.0.$left.0.0.1.$comment-body.0.3.0"><span data-reactid=".4o.1:5.1:$replies959029867491920_959283534133220/=10.1:2:$comment959029867491920_959363364125237/=10.0.$right.0.$left.0.0.1.$comment-body.0.3.0.$text0/=1$text0/=010">e
já mostrou indícios de grande fragilidade quando bancos
norte-americanos necessitaram recorrer ao Estado para não irem à
bancarrota e levarem com eles metade do mundo. Outro indicador da
falência desse modelo é a grande necessidade de cooperação internacional
exigida por um mundo de economia globalizada e com necessidades de
autossustentabilidade, no qual o percurso depredatório e imperialista
não figura mais como alternativa viável. Para países como o Brasil, que
sempre estiveram à sombra do imperialismo norte-americano, de forma mais
direta, e dos demais ditos de primeiro mundo, de forma menos direta, a
solução não é copiar o modelo político-econômico do pós-guerra,
filosoficamente, comprometido com os ideais neoliberais de enxugamento
radical do Estado, com sua omissão, especialmente, em questões
econômicas. O contexto atual não permite isso e seria a reprodução
irrefletida de algo que o Brasil sempre fez e que sempre o impediu de
construir sua autonomia: copiar e importar modelos alienígenas ao seu
contexto.</span></span></span></span></span></span></span></span></span></span></span></h3>
<h3 style="text-align: justify;">
<span class="text_exposed_show"><span data-reactid=".4o.1:5.1:$comment959029867491920_959274994134074/=10.0.$right.0.$left.0.0.1"><span data-ft="{"tn":"K"}" data-reactid=".4o.1:5.1:$comment959029867491920_959274994134074/=10.0.$right.0.$left.0.0.1.$comment-body"><span class="UFICommentBody" data-reactid=".4o.1:5.1:$comment959029867491920_959274994134074/=10.0.$right.0.$left.0.0.1.$comment-body.0"><span data-reactid=".4o.1:5.1:$comment959029867491920_959274994134074/=10.0.$right.0.$left.0.0.1.$comment-body.0.$end/=1$text0/=010"><span data-reactid=".4o.1:5.1:$replies959029867491920_959283534133220/=10.1:2:$comment959029867491920_959363364125237/=10.0.$right.0.$left.0.0.1"><span data-ft="{"tn":"K"}" data-reactid=".4o.1:5.1:$replies959029867491920_959283534133220/=10.1:2:$comment959029867491920_959363364125237/=10.0.$right.0.$left.0.0.1.$comment-body"><span class="UFICommentBody _1n4g" data-reactid=".4o.1:5.1:$replies959029867491920_959283534133220/=10.1:2:$comment959029867491920_959363364125237/=10.0.$right.0.$left.0.0.1.$comment-body.0"><span data-reactid=".4o.1:5.1:$replies959029867491920_959283534133220/=10.1:2:$comment959029867491920_959363364125237/=10.0.$right.0.$left.0.0.1.$comment-body.0.3"><span data-reactid=".4o.1:5.1:$replies959029867491920_959283534133220/=10.1:2:$comment959029867491920_959363364125237/=10.0.$right.0.$left.0.0.1.$comment-body.0.3.0"><span data-reactid=".4o.1:5.1:$replies959029867491920_959283534133220/=10.1:2:$comment959029867491920_959363364125237/=10.0.$right.0.$left.0.0.1.$comment-body.0.3.0.$text0/=1$text0/=010">Precisamos ter em mente alguns pressupostos de constituição do
Estado. Toda a atividade econômica que exercemos e dizemos, com
orgulho, pertencerem ao campo privado, foi no passado, em alguma medida,
competência do Estado. As exercemos por pura delegação estatal, por uma
desestatização gradual e histórica dessas funções, em nome da
eficiência (uma das formas de se fazer isso é a privatização). Mas para o
alcance de uma eficiência de fato e não apenas hipotética, a toda
conduta de desestatização deve corresponder igual conduta de controle,
por meio de instrumentos normativos, legais e administrativos
(planejamento, monitoramento, avaliações, premiações, punições,
repressões...) que garantam o bem comum em detrimento da benesse a
grupos ou indivíduos: a lógica da desestatização é, portanto, o bem
comum, o Estado se afasta, mas não se omite! Mas, para isso, o Estado precisa ser forte em seus instrumentos
de controle e possuir o apoio popular que lhe garanta legitimidade em
suas decisões. Uma coisa que o Estado brasileiro nunca foi é "forte" e
"legítimo" (por diversos motivos, que vão desde o modelo colonizatório,
até o perfil político atual: veja-se "Por que não há sentimento de
legitimidade da representação política no Brasil?" em </span><a class="" data-reactid=".4o.1:5.1:$replies959029867491920_959283534133220/=10.1:2:$comment959029867491920_959363364125237/=10.0.$right.0.$left.0.0.1.$comment-body.0.3.0.$range0/=10" dir="ltr" href="http://walnermamede.blogspot.com.br/2015_01_01_archive.html" rel="nofollow" target="_blank">http://walnermamede.blogspot.com.br/2015_01_01_archive.html</a><span data-reactid=".4o.1:5.1:$replies959029867491920_959283534133220/=10.1:2:$comment959029867491920_959363364125237/=10.0.$right.0.$left.0.0.1.$comment-body.0.3.0.$end/=1$text0/=010">)
e, além disso, seus instrumentos de controle sempre foram e são
medíocres e frágeis, sequer a cultura do planejamento e avaliação fazem
parte da conduta sistemática das nossas instituições brasileiras. Assim,
como querer delegar funções do Estado, sem condições de cobrar por
elas?</span></span></span></span></span></span></span></span></span></span></span></h3>
<h3 style="text-align: justify;">
<span class="text_exposed_show"><span data-reactid=".4o.1:5.1:$comment959029867491920_959274994134074/=10.0.$right.0.$left.0.0.1"><span data-ft="{"tn":"K"}" data-reactid=".4o.1:5.1:$comment959029867491920_959274994134074/=10.0.$right.0.$left.0.0.1.$comment-body"><span class="UFICommentBody" data-reactid=".4o.1:5.1:$comment959029867491920_959274994134074/=10.0.$right.0.$left.0.0.1.$comment-body.0"><span data-reactid=".4o.1:5.1:$comment959029867491920_959274994134074/=10.0.$right.0.$left.0.0.1.$comment-body.0.$end/=1$text0/=010"><span data-reactid=".4o.1:5.1:$replies959029867491920_959283534133220/=10.1:2:$comment959029867491920_959363364125237/=10.0.$right.0.$left.0.0.1"><span data-ft="{"tn":"K"}" data-reactid=".4o.1:5.1:$replies959029867491920_959283534133220/=10.1:2:$comment959029867491920_959363364125237/=10.0.$right.0.$left.0.0.1.$comment-body"><span class="UFICommentBody _1n4g" data-reactid=".4o.1:5.1:$replies959029867491920_959283534133220/=10.1:2:$comment959029867491920_959363364125237/=10.0.$right.0.$left.0.0.1.$comment-body.0"><span data-reactid=".4o.1:5.1:$replies959029867491920_959283534133220/=10.1:2:$comment959029867491920_959363364125237/=10.0.$right.0.$left.0.0.1.$comment-body.0.3"><span data-reactid=".4o.1:5.1:$replies959029867491920_959283534133220/=10.1:2:$comment959029867491920_959363364125237/=10.0.$right.0.$left.0.0.1.$comment-body.0.3.0"><span data-reactid=".4o.1:5.1:$replies959029867491920_959283534133220/=10.1:2:$comment959029867491920_959363364125237/=10.0.$right.0.$left.0.0.1.$comment-body.0.3.0.$end/=1$text0/=010">Nesse cenário, a grande massa de trabalhadores é que paga o pato,
sem a tutela estatal. Apesar das Agências de Controle criadas na era
FHC, elas restaram falidas quanto a tais objetivos e nada controlam de
fato, perdendo sua autonomia administrativa às custas do jogo político, o
que comprometeu o equilíbrio de forças no projeto privatista psdbista,
mas não os dissuadiu de continuarem tentando (veja-se o privilégio dado
às faculdades privadas em toda a década de 90 e a atrocidade que nosso
querido (des)Governador está implementando no SUS e na Educação de
Goiás, por meio de suas privatizações descontroladas!). Privatizações
dessa natureza nada têm a ver com aquelas que ocorreram nos EUA, as
condições materiais, objetivas, políticas e ideológicas são outras.
Contudo, as diferenças são deixadas de lado em detrimento das (parcas e
insustentáveis) semelhanças, produzindo um aparente futuro sucesso
social de tais medidas, quando, na verdade, está-se privilegiando apenas
a concentração de rendas.</span></span></span></span></span></span></span></span></span></span></span></h3>
<h3 style="text-align: justify;">
<span class="text_exposed_show"><span data-reactid=".4o.1:5.1:$comment959029867491920_959274994134074/=10.0.$right.0.$left.0.0.1"><span data-ft="{"tn":"K"}" data-reactid=".4o.1:5.1:$comment959029867491920_959274994134074/=10.0.$right.0.$left.0.0.1.$comment-body"><span class="UFICommentBody" data-reactid=".4o.1:5.1:$comment959029867491920_959274994134074/=10.0.$right.0.$left.0.0.1.$comment-body.0"><span data-reactid=".4o.1:5.1:$comment959029867491920_959274994134074/=10.0.$right.0.$left.0.0.1.$comment-body.0.$end/=1$text0/=010"><span data-reactid=".4o.1:5.1:$replies959029867491920_959283534133220/=10.1:2:$comment959029867491920_959363364125237/=10.0.$right.0.$left.0.0.1"><span data-ft="{"tn":"K"}" data-reactid=".4o.1:5.1:$replies959029867491920_959283534133220/=10.1:2:$comment959029867491920_959363364125237/=10.0.$right.0.$left.0.0.1.$comment-body"><span class="UFICommentBody _1n4g" data-reactid=".4o.1:5.1:$replies959029867491920_959283534133220/=10.1:2:$comment959029867491920_959363364125237/=10.0.$right.0.$left.0.0.1.$comment-body.0"><span data-reactid=".4o.1:5.1:$replies959029867491920_959283534133220/=10.1:2:$comment959029867491920_959363364125237/=10.0.$right.0.$left.0.0.1.$comment-body.0.3"><span data-reactid=".4o.1:5.1:$replies959029867491920_959283534133220/=10.1:2:$comment959029867491920_959363364125237/=10.0.$right.0.$left.0.0.1.$comment-body.0.3.0"><span data-reactid=".4o.1:5.1:$replies959029867491920_959283534133220/=10.1:2:$comment959029867491920_959363364125237/=10.0.$right.0.$left.0.0.1.$comment-body.0.3.0.$end/=1$text0/=010">Nesse ponto, sempre surge a afirmação "o
Estado deve se ocupar das questões que lhes são próprias, como Saúde,
Educação e Segurança" (algo, inclusive, desprezado pelas práticas privatistas, que se valem das OS's para gerenciar escolas públicas e redes de hospitais do SUS). Enche-se o peito para vociferar tal enunciado,
com ares de quem tem a solução dos problemas brasileiros, ali, na ponta
língua! Mas, aí, eu pergunto: você consegue definir cada um desses
domínios?; "saúde" na concepção estrita ou ampliada?; de qual
"segurança" estamos falando: do carro que não deve ser roubado ou ter
seu eixo quebrado por buracos na rua, da segurança alimentar, da
segurança intelectual, da segurança jurídica, da segurança do mercado,
do consumidor, do empresário?; e a "educação", sobre qual de seus
aspectos o Estado deve intervir?; o Estado deve suspender o direito de
existência das escolas privadas?. E por aí vão os questionamentos
possíveis que demonstram a irredutibilidade do Estado e do debate a
essas três dimensões, aparentemente, simples e, equivocadamente,
isoladas de um contexto mais geral. Por isso, entre inúmeras
outras questões, é que, apesar do PT (ao qual não faço defesa), ainda
milito por pressupostos de uma sociedade socialista e de esquerda e não
consigo vislumbrar na direita uma solução para os problemas que assolam o
mundo atual.</span></span></span></span></span></span> </span></span></span></span></span></h3>
<h3 style="text-align: justify;">
<span class="text_exposed_show"><span data-reactid=".4o.1:5.1:$comment959029867491920_959274994134074/=10.0.$right.0.$left.0.0.1"><span data-ft="{"tn":"K"}" data-reactid=".4o.1:5.1:$comment959029867491920_959274994134074/=10.0.$right.0.$left.0.0.1.$comment-body"><span class="UFICommentBody" data-reactid=".4o.1:5.1:$comment959029867491920_959274994134074/=10.0.$right.0.$left.0.0.1.$comment-body.0"><span data-reactid=".4o.1:5.1:$comment959029867491920_959274994134074/=10.0.$right.0.$left.0.0.1.$comment-body.0.$end/=1$text0/=010"> </span></span></span></span> </span></h3>
<br />
Walner Mamedehttp://www.blogger.com/profile/12889964824133215359noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-8450972477713093575.post-2328218834552939542015-03-15T19:00:00.000-07:002015-04-10T13:09:00.524-07:00"Fora Dilma!"...Hãã...mas por que mesmo?!<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
<div style="text-align: right;">
Walner Mamede</div>
<div style="text-align: right;">
<br /></div>
<div style="background-color: white; color: #141823; font-family: Helvetica, Arial, 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 19.3199996948242px; margin-bottom: 6px; text-align: right;">
[Leiam na íntegra, antes de qualquer crítica, sob o risco de o texto ser mal interpretado]</div>
<div style="background-color: white; color: #141823; font-family: Helvetica, Arial, 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 19.3199996948242px; margin-bottom: 6px; text-align: right;">
<br /></div>
<div style="background-color: white; color: #141823; display: inline; font-family: Helvetica, Arial, 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 19.3199996948242px; margin-top: 6px;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="line-height: 19.3199996948242px;">As manifestações de hoje (15/03) são quase uma repetição do que ocorreu com os 'Caras Pintadas' em inícios dos anos 90. À época, o povo (uma maioria de estudantes) foi às ruas pedir o impeachment do Collor. Contudo, tudo não passou de um teatro arquitetado por grupos da elite econômica, com o apoio de grupos políticos interessados na derrocada do então presidente. Não que ele não merecesse, mas o fato é que o movimento popular, por si, pouco teve a ver com o processo, seus integrantes foram mera massa de manobra, atores coadjuvantes, pois um impeachment depende de denúncia junto à Câmara dos Deputados (o que qualquer cidadão pode fazer) e de apoio de dois terços do Senado, frente a um flagrante ato criminoso ou inconstitucional do governante. Isso já estava decidido em gabinete à época, mas era necessária uma legitimação social para que o Congresso se visse empoderado e tomasse uma decisão que, a rigor, deveria ser tomada à revelia do apoio popular declarado, já que se tratava do bem comum. Em casos assim, tipificado o ilícito ou inconstitucional, uma intervenção do Congresso deveria ocorrer, mesmo que à revelia do povo, que muitas vezes não possui as informações necessárias para julgar. Mas aí surgem alguns problemas: a baixa representatividade política de nossos eleitos (a esse respeito veja <a href="http://walnermamede.blogspot.com.br/2015/01/por-que-nao-ha-sentimento-de.html">http://walnermamede.blogspot.com.br/2015/01/por-que-nao-ha-sentimento-de.html</a></span><span style="line-height: 19.3199996948242px;">), sua ética questionável e sua tendência a se mover com vistas em um novo mandato, ainda que isso signifique não agir em nome do bem comum. Nesse cenário, é mais que compreensível (mas não justificável) que a superação da inércia política apenas se dê à custa de legitimação popular e, para se conseguir isso, há uma corrida aos mais pomposos, incongruentes e manipuladores discursos que possam haver. A participação popular à época não foi um exercício da democracia, como parece a uma primeira vista ao senso comum, mas, justamente, um reflexo de sua ausência, caracterizada pela ilegitimidade política de nossos eleitos, os quais necessitam, a todo momento, reafirmar sua condição e representatividade 'a posteriori' das eleições, já que saem do palanque para o Congresso à custa de discursos eleitoreiros e populistas que são incapazes de constituir uma base eleitoral consistente, comprometida com o bem comum e com as decisões políticas de seus escolhidos nas urnas. Pra isso serviu o "Movimento dos Caras Pintadas", um termômetro para que nossos representantes políticos pudessem se garantir de que receberiam votos para uma próxima eleição. Se o apoio popular não tivesse ocorrido, ainda que o ilícito e o inconstitucional nas ações de Collor tivessem sido tipificados, eles se manteriam inertes e coniventes. Entretanto, sabemos que a superação na inércia não se deu em nome do bem comum, como é praxe no Brasil, esse foi apenas o discurso conveniente para legitimar interesses privados à custa do povo. O que ocorre agora possui algumas semelhanças. Não são os interesses com o bem comum que motivam o movimento "Fora Dilma". Qualquer um com um mínimo de conhecimento político e histórico percebe isso (espero!). Os interesses privados estão (e sempre estiveram) à frente. Um grupo político interessado no poder e se sentindo prejudicado em suas próprias negociatas articularam todo o movimento e o povo, mais uma vez, se apresenta como massa de manobra, gado, ator coadjuvante no processo sem, sequer, perceber que o discurso de impeachment é infundado, pois, diferentemente de Collor, não há ilícito ou inconstitucionalidade nos atos de Dilma, por mais que sua administração esteja sendo um desastre e que a corrupção esteja "vazando pelo ladrão"! Não faço sua defesa e muito menos do PT. Apenas evoco um pouco de clareza e conhecimento de causa dos muitos amigos que têm propalado a ideia de impeachment. O movimento pode ser válido por outros motivos, tais como, expressão de insatisfação, pressão política para mudança de rumos, enrijecimento das investigações e punição de corruptos, retomada dos princípios basilares que fundaram o PT ou mesmo substituição da política de esquerda por políticas de direita, como querem alguns (e nesse saco existe farinha dos dois tipos, brigando por coisas diferentes a partir de um mesmo discurso, sem se dar conta! kkk). O problema com movimentos como esse é que, ao contrário do que ouvi recentemente, ele não possibilita a conscientização política em longo prazo, pois as causas e interesses em jogo não estão, propositadamente, claros e as pessoas apenas seguem a onda, ainda que se auto-declarem conscientes do que fazem. Se se deixam ser manipuladas aqui e agora, não há razão nenhuma para eu acreditar que não o serão no futuro, por ideologias diversas ou confusas implementadas por grupos advogando em causa própria e tendo o povo como "bucha de canhão". A mera participação nas ruas, empunhando bandeiras em momentos pontuais não faz do indivíduo um ativista político, mas uma ferramenta do sistema para sua reprodução, ainda que crie a ilusão da revolução. A verdadeira revolução se faz, sim, com a ação, mas, sobretudo, com conhecimento capaz de qualificar a ação e lhe dotar de verdadeiro sentido político (e aqui faço menção ao sentido pré-socrático de que trata Hannah Arendt). Consequências toda ação traz, mas serão elas as consequências que ensejamos quando sequer temos clareza sobre os princípios que regem nossos atos e os limites de seu alcance?! Tenho comigo que não e de nada adianta contar com a contingência dos atos, pois isso apenas cria um sentimento de civismo e de dever cumprido que nada resultam senão em uma falsa revolução e numa reafirmação do estado atual das coisas, ainda que travestidas com indumentária reformista.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="line-height: 19.3199996948242px;"><br /></span></div>
</div>
Walner Mamedehttp://www.blogger.com/profile/12889964824133215359noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-8450972477713093575.post-40153482249211665392015-01-20T17:00:00.000-08:002018-10-09T12:00:12.664-07:00Por que não há sentimento de legitimidade da representação política no Brasil?<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
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Walner Mamede</div>
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Pegando de empréstimo os <i style="mso-bidi-font-style: normal;">insights </i>de Hannah Arendt para minhas próprias reflexões, inicio este texto esclarecendo que ele não possui o rigor metodológico exigido de um artigo científico, mas está comprometido com a seriedade acadêmica necessária à escrita de um ensaio. Assim, nas linhas que se seguem, procuraremos expressar nosso pensamento de forma sucinta, mas não reducionista, clara, mas não leviana, para que o leitor menos acostumado com os conceitos arendtianos seja capaz de compreender e interpelar nossas afirmações, sem que sejam consideradas algo esotéricas. Com essa pretensão em mente, sigamos adiante, então.</div>
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<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
Duas das características do Totalitarismo são o isolamento e a solidão. O primeiro, como em qualquer tirania, decorre da e promove a apatia ou repulsa política dos indivíduos com a, consequente, destruição da vida pública. A segunda é decorrente e promotora da ausência de um sentimento de pertença do indivíduo em relação ao mundo, o que impede seu enraizamento e compromete suas relações sociais ao se constituir uma condição de medo permanente contra um inimigo imaginário materializado em qualquer um como potencial traidor ou delator, destruindo a vida privada. Nos dois casos, o sentimento culminante é a falta de esperança em si, no outro, nas instituições e no próprio Estado, o que nos coloca à deriva, à procura de um porto seguro no qual atracar. Em um primeiro momento, aproveitando-se dessa situação prévia e levando-a ao extremo em um segundo momento, os regimes totalitários constituem uma comunalidade entre os integrantes de um grupo social amorfo sem-causa, sem-esperança, sem-raiz, sem-perspectiva e um objetivo comum a ser alcançado em nome ou por causa da comunalidade constituída. Com essa estrutura, o Nazismo instituiu, como comunalidade, o fato de esse grupo de cidadãos alemães pertencerem à raça branca (ariana) e, como objetivo, a ascensão dos pertencentes a essa raça a um <i style="mso-bidi-font-style: normal;">status</i> superior em todos os campos: econômico, político, social e moral. Para isso, as raças inferiores deveriam ser expulsas do país, pois estavam trazendo miséria aos verdadeiros herdeiros da Alemanha. Aproveitando-se do ódio latente cristão ancestral aos judeus e ao fato de estes, em grande parte, não terem se integrado à sociedade como cidadãos, permanecendo como párias nos países nos quais se radicaram (à exceção dos <i style="mso-bidi-font-style: normal;">parvenus</i>, judeus, voluntariamente, integrados ao sistema por suas qualidades intelectuais, financeiras ou estratégicas), foram eles os eleitos para focalizarem os esforços dos partidários do regime, em nome do objetivo comum traçado: a reconquista da glória ariana. Os judeus tinham contra si, ainda, o discurso de que, não sendo cidadãos e estando espalhados dentro de vários países, mas com fortes vínculos culturais, que os unia como uma nação supraestatal, não poderiam possuir compromisso patriótico com o país em que estavam e, portanto, seriam um risco a projetos nacionalistas, por seu potencial conspiratório e revolucionário. Tal situação, em casos isolados de pequenas proporções, já havia dado indícios daquilo que viria a ocorrer. A França, assim, antecipou em décadas o que se viu, massivamente, na Alemanha, quando permitiu uma campanha contra um judeu assimilado militar, acusado, injustamente, de traição (Caso Dreyfus), em finais do século XIX e início do século XX.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
A degradação da situação econômica e social e da autoestima dos cidadãos alemães, bem como a presença latente do isolamento e da solidão sociais, após a Primeira Guerra, constituíram o contexto ideal para que o Totalitarismo se implantasse em sua vertente nazista. Assim, um discurso irracional de ódio contra os judeus (antissemitismo) se espalhou e cidadãos alemães que partilhavam um mesmo sentimento de fracasso, humilhação e desesperança individual e coletiva, antes, divididos por suas diferenças de classe, viram, nesse discurso, na recém criada categoria “ariana” e nas promessas de ascensão propagadas pelo sistema, algo para se agarrarem como uma tábua de salvação, um porto seguro, ainda que à custa do outro (judeus). O efeito perverso disso é que, instituído o regime, todas as mazelas, que levaram os cidadãos a aderirem a ele, foram fomentadas como parte de uma estratégia que criou as condições de possibilidade de sua permanência e o inimigo, antes comum, passa a ser, potencialmente, qualquer um, ampliando a sensação de isolamento e solidão e tornando cada cidadão um fiscal do regime, pronto a delatar o mais íntimo compatriota por subversão, em nome do medo ou de vantagens. As relações se esfacelam, a vida privada é destruída junto com a pública, os indivíduos se tornam autômatos programados para servir ao sistema e nele se diluem, perdem sua individualidade, assim como a noção de coletividade, sua humanidade é destroçada e vivem como algo menos que um animal, incapazes de exercer sua liberdade por meio do pensamento. Pensar livremente é algo que vai além da simples dedução, é processo criativo impossibilitado pela atividade dedutiva, já que, nesta, a premissa contém, já implícita, a consequência, tal como em “Todo homem é mortal”. Dessa premissa não é possível deduzir que exista algum ser humano que não seja mortal e a conclusão é óbvia, não havendo espaço para a criatividade. Estabelecida uma premissa falaciosa e sendo esta, irrefletidamente, aceita pelas massas, a conclusão dedutiva a ser alcançada será, necessariamente, aquela prevista por quem produziu a premissa e, portanto, controlável, o que lhe dá poder sobre as massas.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
Discursos uníssonos, que suprimem a indução em nome da dedução, oprimem qualquer outra possibilidade discursiva e negligenciam o diálogo racional, especialmente os discursos de ódio, cegantes por natureza, são uma poderosa arma do Totalitarismo. A opressão pode ocorrer tanto por meio da violência, quanto da disseminação ideológica de ideias falaciosas discursivas (premissas em uma dedução) que ocupam o lugar das ideias legítimas dialogadas, numa espécie de antagonismo competitivo, este vitorioso em mentes ávidas por preencher o vazio deixado por seu desenraizamento de qualquer causa, descompromisso com qualquer tradição e descrença com a possibilidade de qualquer construção dialógica, esta concebida como infrutífera e ineficiente. A conduta totalitária pode ser identificada nas mais diversas áreas, estando além de e sobrevivendo à sua vertente como regime político tirânico, podendo se cristalizar em situações específicas, mesmo dentro de um sistema democrático, tal como a definição de um padrão de beleza, de um desejo de consumo, de um modelo educacional, de um paradigma científico ou seja lá qual for o pensamento hegemônico que esteja tentando se impor, discursivamente. Ao debruçarmos nosso olhar sobre as condições brasileiras, percebemos pequenos indícios que nos alertam para a existência dissimulada (como cabe a qualquer “bom” Totalitarismo) de um potencial totalitário nos mais diversos campos, especialmente no político. Dentre tais indícios, podemos destacar a apatia e repulsa popular contra a política, os políticos e o debate público, a clara certeza de que não existe representação política de fato, a ausência de um sentimento de pertença a uma nação, a desilusão com a possibilidade de tutela do Estado e com a tradição, o fortalecimento do individualismo, a superfluidade dos desejos e da conduta e o vazio ideológico. Este é um terreno fértil para a cristalização da ideologia totalitária, a partir de elementos latentes, que dormitam nos subterrâneos da vida social, aguardam uma janela de confluência favorável e que já têm demonstrado seus frutos, como pudemos ver durante as eleições de 2014. Discursos de ódio semelhantes, mas de sentidos opostos, puderam ser encontrados, assim, não se tratando o presente texto da defesa de uma posição político-partidária, nos valeremos do elemento mais evidente e permanente para ilustrarmos nosso argumento, o ataque à esquerda, já que ela saiu vitoriosa nas eleições.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
Um discurso de ódio nascente contra um tradicional partido representante da esquerda em nosso país, e já no poder há 12 anos, se tornou um discurso totalitário contra a própria ideologia de esquerda, em uma indevida transferência do ódio, à revelia do diálogo racional entre as partes que defendiam posições opostas. Assim, a premissa “<a href="http://www.averdadesufocada.com/index.php/memrias-reveladas-especial-87/8619-voce-sabe-de-onde-veio-a-expressao-q-comunista-come-criancinhaq-">comunista come criancinha</a>”, nascida durante a Revolução Russa e tão, fortemente, utilizada contra o Socialismo (não apenas contra o Comunismo, em uma conveniente confusão conceitual) durante o período da Cortina de Ferro, que separou o mundo em dois pólos até o início da década de 90 do último século e imprimiu seus reflexos na redemocratização do nosso país na década de 80, retornou às bocas brasileiras, mas travestido de diversas formas, tais como: <span style="font-family: inherit;"><span style="line-height: 115%;">“esquerdista
ignora o rombo das contas públicas”, “esquerdista é defensor do aborto”, “esquerdista
odeia judeus”, esquerdista festeja a morte de policiais”, “esquerdista coloca a
causa acima da ética”, “esquerdista defende a pobreza e o comunismo à custa do
PIB”, “esquerdista apoia os campos de concentração cubanos contra gays”, “esquerdista
não quer discutir a carga tributária exorbitante do país”, “esquerdista é
contra a família e a igreja”, “esquerdista é vingativo, nunca perdoa”, “esquerdista
gosta do discurso de vitimização”, “esquerdista faz vista grossa para crimes
cometidos pelo partido”, “esquerdista defende o partido, incondicionalmente”, “esquerdista
não entende de economia”, “esquerdista onera os cofres públicos com o
inchamento do Estado”, “esquerdista gasta todo o dinheiro do povo em
assistencialismo”, “esquerdista é contra a meritocracia”, “esquerdista só quer
saber de dar cotas pra preguiçoso”, “esquerdista não entende de números, por
isso administra mal as contas públicas”, “esquerdista fica cheio de teorias da
Sociologia, da Filosofia e da História, defendendo direitos humanos e
preguiçosos”, “esquerdista não trabalha e quer mamar no Governo com projetos assistencialistas
e altos impostos”, “esquerdista não se preocupa com as empresas, que são
responsáveis pela geração de renda e emprego”, “esquerdista é contra os
militares, que tentaram salvar o Brasil contra bandidos, nas décadas de 60 e 70”</span>, </span>entre várias outras. Pensamentos do gênero, como premissas em um processo dedutivo, atribuem condutas falaciosas, genericamente, a todos os esquerdistas, em grande parte, tendo por referência a conduta de um único partido (o PT, que já não representa, fielmente, a esquerda) ou transferindo condutas que, via de regra, não são restritas aos defensores do partido ou da esquerda ou, sequer, fazem parte da ideologia esquerdista.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
Essa realidade denota mera retórica e ausência de um diálogo capaz de acrescentar algo ao debate, visando simples desqualificação <i style="mso-bidi-font-style: normal;">ad hominem </i>para convencimento, sem atenção à presença de um teor ideológico divorciado da concretude dos fatos ou de uma análise mais isenta e vertical e, repito, é uma crítica direcionada aos dois lados da contenda. Nesse contexto, é a propaganda a grande aliada, pois representa um discurso unidirecional, isento de interlocução, principalmente, porque a grande massa de eleitores, à parte do debate político e filosófico sério, não se interessa pela verticalização conceitual e se contenta com a leviandade das afirmações publicitárias enviesadas capazes, mesmo, de condicionar análises empíricas bem intencionadas. Tal contentamento possui suas bases assentadas na busca pela esperança em qualquer lugar que ela possa aparecer, à semelhança de uma conversão religiosa, o que abre caminho para o arrebatamento narcísico conseguido por meio de uma retórica que reflete a imagem do próprio eleitor e o atrai para dentro do lago, afogando-o, na esteira das melhores técnicas de <i style="mso-bidi-font-style: normal;">marketing.</i> Quando o <i style="mso-bidi-font-style: normal;">marketing </i>entra em cena, a política se afasta, pois o compromisso com o bem comum cede lugar para o compromisso com a própria imagem, a preocupação com a aceitação pelas massas e um discurso que busca atender o maior número possível de expectativas. Assim ocorrendo, o político deixa de se orientar pelas necessidades do povo e pelos pressupostos teóricos que sustentam sua crença sobre o que deva ser um modelo justo de sociedade, enveredando pelos caminhos da autopromoção e da propaganda. Conquistada a massa pelo recurso propagandístico, o político acende ao cargo e sua conduta não condiz com o discurso que o elegeu, por sua inconsistência teórica e pelos impedimentos práticos decorrentes de sua fragmentação ideológica e das condições concretas para sua materialização. Tal situação cria uma ruptura entre o político e sua base eleitoral, que se sente traída em suas expectativas, comprometendo a percepção da representação possível e retroalimentado o sentimento de abandono, ao qual muitos brasileiros se vêem submetidos, a individualidade na busca de soluções para os problemas vivenciados no cotidiano e o isolamento e a solidão daí decorrentes, com a consequente corrupção, tanto da vida pública, quanto da privada, reafirmando a insatisfação pessoal e o descompromisso com qualquer causa que possa promover um enraizamento social do indivíduo. Esse quadro potencializa o cenário favorável à sua manutenção e ampliação, em um processo de autorreprodução, um círculo vicioso.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
Para finalizar, precisamos estar atentos à pouca lucidez do “debate” político atual, no qual partidos assumem compromissos públicos alheios à ideologia que fundamentou sua criação e sustenta sua existência. Essa não é uma postura honesta, sincera, pois, a despeito do que muitos, ingenuamente, acreditam, o político não é autônomo em relação ao partido a que está ligado. Ele carrega consigo uma enorme herança ideológica, ainda que insuspeita do público em geral, e uma gama de compromissos assumidos nos gabinetes e mesas de negociação do partido, tendo o político participado ou não, diretamente, de tais articulações. Um homem não governa sozinho, ele depende de seus coligados para isso, de negociações em uma rede de atores que extrapola em muito o alcance de seus braços. Nessa rede, acordos são feitos e desfeitos a todo momento e objetivos, antes claros e determinados, se tornam obscuros e tortuosos em nome de objetivos maiores e em nome de objetivos adversários, numa constante “troca de gentilezas” que caracteriza a governabilidade de um país, estado ou município. Assim, compromissos públicos que se mostram alheios a tais condições, são mero fruto do <i style="mso-bidi-font-style: normal;">marketing </i>pessoal, da tentativa de agradar o maior número possível de eleitores, com um discurso convincente, massificado e de viés totalitário, já que “discurso” e não “diálogo”. A atitude, meramente, discursiva oblitera qualquer possibilidade de pensamento livre ao inculcar premissas e fomentar a dedução daquilo que é “óbvio”, tendo a propaganda por ferramenta de massificação e emburrecimento. A ‘arte da política’ cede espaço para o ‘mercado da política’, cujo produto é a ilegitimidade da representação democrática, pois apenas uns poucos seduzidos poderão dizer “esse atendeu minhas expectativas!”.</div>
<br />
<br /></div>
Walner Mamedehttp://www.blogger.com/profile/12889964824133215359noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-8450972477713093575.post-16820039293987484572014-08-27T20:52:00.000-07:002017-04-09T20:58:07.287-07:00RUÍDO NOTURNO, UM MAL DE DIFÍCIL SOLUÇÃO NA CULTURA DO BARULHO<div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<br /></div>
<div align="right" class="MsoNormal" style="text-align: right;">
<span style="font-family: "times new roman" , serif;">Walner Mamede <o:p></o:p></span><br />
<span style="font-family: "times new roman" , serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , serif;">É
fato conhecido e reconhecido que diversas casas de show, boates ou bares com música
ao vivo ou mecânica têm promovido perturbação da paz, do sossego e da saúde e
comprometimento do meio ambiente urbano por poluição sonora, pois, apesar das
alegações em contrário, não possuem as condições estruturais mínimas para
sediar eventos festivos e musicais, conforme estabelecido pelas normas vigentes
no Brasil: Classificação CNAE: 823000200X - GI-3, própria para casas de festas,
shows e eventos.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , serif;">A
poluição sonora se tipifica, nos casos citados, pelo vazamento de incômodo ruído
através das paredes, janelas, orifícios e portas para entrada e saída de
clientes. Quando o estabelecimento é um ambiente aberto a situação é, ainda,
pior. Além disso, claro, não podemos nos esquecer daquele incômodo produzido
pelos carros à porta do estabelecimento, os quais, muitas vezes, estacionam nas
portas das residências ou reduzem a velocidade, tendo por ruído seus próprios
motores e sons automotivos, arrancando, por vezes, em velocidade, com as
famosas cantadas de pneu, e têm seus proprietários embriagados se envolvendo em
discussões acaloradas madrugada adentro. Há de se entender que os ruídos
provocados por clientes efetivos ou potenciais no exterior do estabelecimento
têm pouca probabilidade de serem eficientemente controlados pelos proprietários
(o que não se estende à polícia, que deveria ser atuante), mas o mesmo não
deveria ocorrer com os ruídos provocados pelo próprio estabelecimento ou em seu
interior em decorrência de suas atividades.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , serif;"><br /></span>
<span style="font-family: "times new roman" , serif;">Lembro
que a legislação é clara ao determinar o grau de incomodidade (Lei 8617/2008 e
art. 101 do Plano Diretor de Goiânia), especificando o nível de ruído permitido
pelo estabelecimento, e exigir estudo do impacto urbano promovido (Lei
8646/2008 e arts. 94 à 97 do Plano Diretor de Goiânia), prevendo o necessário
controle da poluição sonora, conforme art. 14 da Lei Complementar 171 (Plano
Diretor de Goiânia), a fim de preservar a paz e a saúde humanas e evitar a
degradação do meio ambiente, compatibilizando a preservação deste com o
desenvolvimento econômico, social e cultural (Lei Federal 6938/81).</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , serif;">Vale
ressaltar, ainda, que a saúde e o bem-estar não são comprometidos apenas pelo
volume excessivo do ruído emitido por máquinas, vozes e equipamentos de som,
mas também por sua constância ou intermitência, particularmente, se de
ocorrência em horários de descanso, independentemente dos decibéis alcançados (ZORZAL,
BRUNS e TONIN <i>et al</i>, 2003)</span><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 10.0pt; line-height: 115%;"> <a href="file:///C:/Users/Walner/Documents/Rep%C3%BAblica%20do%20Rock/Polui%C3%A7%C3%A3o%20sonora.doc#_ftn1" name="_ftnref1" title=""><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-size: 10pt; line-height: 115%;">[1]</span></span><!--[endif]--></a></span></span><span style="font-family: "times new roman" , serif;">, o que é coerente com o conceito
ampliado de saúde preconizado pelo Sistema Único de Saúde-SUS, no qual a saúde
do cidadão não se restringe à ausência de doença e muito menos a aspectos
relativos ao corpo biológico, mas se estende a determinantes e condicionantes
sociais e sobre os quais o poder público possui obrigação de atuar a fim,
inclusive, de preservar a força de trabalho e a produtividade do país.
Frequências acústicas incômodas, mesmo aquelas de intensidade média à baixa e
ainda que em limite inferior aos decibéis preconizados pela NBR 10151, têm a
propriedade de, em médio e longo prazos, insidiosamente, causar níveis
preocupantes de estresse, que podem redundar em patologias crônicas físicas ou psíquicas,
comprometendo, inclusive, o desempenho social e profissional do indivíduo e, em
escala, da própria comunidade. Os níveis, legalmente, determinados visam
estabelecer um parâmetro seguro para a fiscalização estatal, mas não prescindem
de uma avaliação crítica por parte do poder público em termos de vigilância sanitária,
quando este se dispõe a garantir a qualidade de vida de seus cidadãos, como
convém a um estado democrático de direito.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , serif;">Em
um estudo da Universidade Federal de Minas Gerais (<a href="http://labs.icb.ufmg.br/lpf/2-23.html">http://labs.icb.ufmg.br/lpf/2-23.html</a>),
foi encontrado que:<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 99.25pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 10.0pt; line-height: 115%;">A partir do valor médio de 35 dBA, reações vegetativas
e no EEG e mudanças na estrutura do sono são verificadas. Enquanto os estágios
superficiais aumentam a duração, o tempo total de sono e os estágios profundos,
MOR e estágio 4, reduzem bastante. O despertar já pode ser atingido em 44 dBA e
53 dBA de pico respectivamente para ambientes calmos, média de 25 dBA, e
barulhentos, 45 dBA. Mas, quando o ruído do fundo está a 65 dBA, os reflexos
protetores do ouvido médio parecem funcionar, anulando em parte a audição e
introduzindo insegurança pela perda da vigília, mostrado pela reação de maior
latência para dormir. Por isto provavelmente a 75 dBA de ruído de fundo a
qualidade do sono se recupera parcialmente, mas longe da qualidade de níveis
mais silenciosos. A poluição sonora portanto piora significantemente a
qualidade absoluta do sono, acarretando pior desempenho físico, mental e
psicológico e perda provável da alerta auditiva</span>...<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , serif;">Para
Fernando Pimentel Souza, pesquisador responsável pelos estudos, “o ruído de
pico desperta mais quando o ruído de fundo é menor, sendo abafado seu efeito
quando o ruído de fundo é maior, mas aí já se consolidou prejuízos persistentes
na qualidade do sono”. Ainda conforme Souza, em consonância com estudos mais
recentes da OMS, o ruído contínuo médio em quartos de dormir não deveria ser
maior que 30 dBA, com picos máximos de 45 dBA, a fim de se evitarem os reflexos
negativos que acompanham o cidadão para além dos momentos efetivos de sua ocorrência,
com o que Negrão (2009)<a href="file:///C:/Users/Walner/Documents/Rep%C3%BAblica%20do%20Rock/Polui%C3%A7%C3%A3o%20sonora.doc#_ftn2" name="_ftnref2" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="color: black; font-size: 11pt; line-height: 115%;">[2]</span></span><!--[endif]--></span></a>
denominou de efeitos extra-auditivos.</span><span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 10.0pt; line-height: 115%;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 99.25pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 10.0pt; line-height: 115%;">A poluição sonora tem reflexos em todo o organismo e
não apenas no aparelho auditivo...Alguns dos efeitos psicológicos causados pelo
ruído no homem podem ser enumerados da seguinte forma: perda da concentração,
perda dos reflexos, irritação permanente, insegurança quanto a eficiência dos
atos, embaraço nas conversações, perda da inteligibilidade das palavras e
impotência sexual...O ruído pode dificultar o adormecer e causar sérios danos
ao longo do período de sono profundo proporcionando o inesperado despertar.
Níveis de ruído associados aos simples eventos podem criar distúrbios
momentâneos dos padrões naturais do sono, por causar mudanças dos estágios leve
e profundo do mesmo. A pessoa pode sentir-se tensa e nervosa devido à ausência
do repouso decorrente das horas não dormidas. O problema está relacionado com a
descarga de hormônios, provocando o aumento da pressão sangüínea, vaso-constrição,
aumento da produção de adrenalina e perda de orientação espacial momentânea
(ZORZAL, BRUNS e TONIN <i>et al</i>, 2003;
p. 14-15).<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , serif;">Aqui,
no caudal do art 3<sup>0</sup> da Lei 6938/1981, compreenderemos por ‘meio
ambiente’ todo o espaço natural ou construído que represente o conjunto de
condições, leis, influências e interações de ordem física, química e biológica,
permitindo, abrigando e regendo a vida em todas as suas formas. Ainda sob os
auspícios do mesmo artigo, temos que:<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 99.25pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 10.0pt; line-height: 115%;">I - ...<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 99.25pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 10.0pt; line-height: 115%;">II - degradação da qualidade ambiental [é] a alteração
adversa das características do meio ambiente;<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 99.25pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 10.0pt; line-height: 115%;">III – poluição [é] a degradação da qualidade ambiental
resultante de atividades que direta ou indiretamente:<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 99.25pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 10.0pt; line-height: 115%;">a) prejudiquem a saúde, a segurança e o bem-estar da
população;<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 99.25pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 10.0pt; line-height: 115%;">b) criem condições adversas às atividades sociais e
econômicas;<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 99.25pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 10.0pt; line-height: 115%;">c) afetem desfavoravelmente a biota;<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 99.25pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 10.0pt; line-height: 115%;">d) afetem as condições estéticas ou sanitárias do meio
ambiente;<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 99.25pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 10.0pt; line-height: 115%;">e) lancem matérias ou energia em desacordo com os
padrões ambientais estabelecidos;<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 99.25pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 10.0pt; line-height: 115%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , serif;">A
Lei das Contravenções Penais (Decreto-Lei 3688/41) é mais incisiva ao abordar o
tema, motivando o entendimento de que o ruído sequer precisa estar acima dos
limites em decibéis previstos pela NBR 10151 para que a contravenção se
tipifique, por ser a perturbação do sossego uma interpretação subjetiva e
contextual. O referido Decreto assim tipifica a contravenção:<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 99.25pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 10.0pt; line-height: 115%;">Art. 42. Perturbar alguém o trabalho ou o sossego
alheios:<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 99.25pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 10.0pt; line-height: 115%;">I – com gritaria ou algazarra;<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 99.25pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 10.0pt; line-height: 115%;">II – exercendo profissão incômoda ou ruidosa, em
desacordo com as prescrições legais;<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 99.25pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 10.0pt; line-height: 115%;">III – abusando de instrumentos sonoros ou sinais
acústicos;<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 99.25pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 10.0pt; line-height: 115%;">IV – provocando ou não procurando impedir barulho
produzido por animal de que tem a guarda.</span><span style="font-family: "times new roman" , serif;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 99.25pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 10.0pt; line-height: 115%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , serif;">É
notório o fato de que reclamações diversas são, frequentemente, realizadas por moradores
de redondezas achacadas por esse mal, contra estabelecimentos incômodos, junto
às agências de controle ambiental e de postura (a Agência Municipal de Meio
Ambiente de Goiânia-AMMA é um exemplo concreto), inclusive com extensos abaixo-assinados,
sem que se surta qualquer efeito, sob a alegação dos (mau medidos ou
dimensionados) decibéis, sendo injustificada e incoerente a concessão de
autorização de funcionamento para estabelecimentos ruidosos, sem as condições
necessárias e, por vezes, em locais que outros estabelecimentos semelhantes
foram embargados pelos mesmos motivos.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="EN-US" style="font-family: "times new roman" , serif; mso-ansi-language: EN-US;"><br /></span>
<span lang="EN-US" style="font-family: "times new roman" , serif; mso-ansi-language: EN-US;">Sob o crivo
dos princípios aqui evocados, devem estar colocados, também, os ruidos advindos
de som automotivo ou residencial, cuja emissão é, igualmente, perturbadora e
necessita ser coibida e reduzida a padrões aceitáveis de saúde, demandando as
sansões cabíveis aos seus produtores. Não há que se falar aqui, assim como também
no caso dos estabelecimentos comerciais, de repressão da cultura ou do direito
subjetivo de acesso a ela, pois não existe relação nomológica entre o volume ou
recorrência de ruídos e a sobrevivência de determinado elemento cultural, sendo
o culto ao barulho e o desrespeito ao sossego e à paz alheios um subproduto da
indústria cultural de massa. Talvez possamos, apenas, referir a baixa
escolaridade e a classe social à preferência por conteúdo musical de reduzida
qualidade poética e filosófica, na qual letras e melodias de fácil digestão se
concentram em torno de temas com pouco ou nenhum conteúdo crítico ou reflexivo mais
elaborado ou metafórico sobre o mundo. Como nos traz uma pesquisa do IBOPE (<a href="http://www.ibope.com.br/pt-br/noticias/Documents/tribos_musicais.pdf">http://www.ibope.com.br/pt-br/noticias/Documents/tribos_musicais.pdf</a>)
sobre tribos musicais, o sertanejo, o pagode, o funk e o gospel dominam
absolutos nas preferências das classes C, D e E, sendo as baladas noturnas e a
socialização nesses ambientes a tônica na diversão desse público. Contudo,
apesar da maior tolerância das classes baixas ao ruído, não podemos afirmar que
o volume da música seja fator determinante em sua manutenção como elemento cultural
com maior ou menor acessibilidade ou perenidade social, ou que a luta pela redução
de ruidos sonoros musicais se configure como uma defesa ou privilégio a este ou
àquele gênero musical.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="EN-US" style="font-family: "times new roman" , serif; mso-ansi-language: EN-US;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , serif;">Tendo
por referência todo o arcabouço legal e teórico citado, assim como a
responsabilidade social de nossos órgãos de controle e sob o conceito ampliado
de ‘meio ambiente’ encetado pela Lei 6938/81 e já há muito adotado por diversos
estudiosos (HOLZER, 1997)<a href="file:///C:/Users/Walner/Documents/Rep%C3%BAblica%20do%20Rock/Polui%C3%A7%C3%A3o%20sonora.doc#_ftn3" name="_ftnref3" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-size: 11pt; line-height: 115%;">[3]</span></span><!--[endif]--></span></a>,
partilho da crença de que nossos representantes políticos devem prezar pela qualidade
de vida de seus eleitores, acima do lucro financeiro, e que todo cidadão deve
requerer as providências cabíveis, a fim de preservar a paz, o sossego e a
saúde dos indivíduos de uma comunidade, sugerindo, para isso, a adoção de
dispositivos como a Lei Federal 6514/2008 (evocada, em Goiânia, pelo Decreto
Municipal 2149/2008), a fim de </span><span style="font-family: "times new roman" , serif; mso-fareast-language: PT-BR;">estabelecer os procedimentos, as infrações e
sanções administrativas para proteção do meio ambiente, </span><span style="font-family: "times new roman" , serif;">considerando infração
administrativa ambiental, toda ação ou omissão que viole as regras jurídicas de
uso, gozo, promoção, proteção e recuperação do meio ambiente e que resultem ou
possam resultar em danos à saúde humana, no curto, médio e longo prazos.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<br />
<div>
<!--[if !supportFootnotes]--><br clear="all" />
<hr align="left" size="1" width="33%" />
<!--[endif]-->
<br />
<div id="ftn1">
<div class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;">
<a href="file:///C:/Users/Walner/Documents/Rep%C3%BAblica%20do%20Rock/Polui%C3%A7%C3%A3o%20sonora.doc#_ftnref1" name="_ftn1" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "calibri" , sans-serif; font-size: 10.0pt; line-height: 115%;">[1]</span></span><!--[endif]--></span></a> ZORZAL,
Fábio Márcio Bisi; BRUNS, Rafael de; TONIN, Ana Karina <i>et al</i>. <b><i>Estudo do ruído frente á legislação ambiental municipal da cidade de
Curitiba.</i></b><i> </i>Congresso
Brasileiro de Engenharia Sanitária e Ambiental n. 22; V Feira Internacional de
Tecnologias de Saneamento Ambiental, Joinville-14-19 set/2003. In: AIDIS;
Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental. Saneamento
Ambiental: Etica e Responsabilidade Social. Joinville, ABES, set. 2003. p.1-23.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;">
<br /></div>
</div>
<div id="ftn2">
<div class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;">
<a href="file:///C:/Users/Walner/Documents/Rep%C3%BAblica%20do%20Rock/Polui%C3%A7%C3%A3o%20sonora.doc#_ftnref2" name="_ftn2" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "calibri" , sans-serif; font-size: 10.0pt; line-height: 115%;">[2]</span></span><!--[endif]--></span></a> NEGRÃO, Alexandra
Maria Goes. Urbanização e Poluição Sonora: estudo de caso sobre os efeitos
extra-auditivos provocados pelo ruído noturno urbano. (Dissertação. Mestrado). Universidade
da Amazônia. Programa De Mestrado Em Desenvolvimento E Meio Ambiente Urbano.
Belém, 2009. [http://www6.unama.br/mestrado/]<o:p></o:p></div>
<div class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;">
<br /></div>
</div>
<div id="ftn3">
<div class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;">
<a href="file:///C:/Users/Walner/Documents/Rep%C3%BAblica%20do%20Rock/Polui%C3%A7%C3%A3o%20sonora.doc#_ftnref3" name="_ftn3" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "calibri" , sans-serif; font-size: 10.0pt; line-height: 115%;">[3]</span></span><!--[endif]--></span></a> HOLZER,
Werther. <b><i>Uma discussão fenomenológica sobre os conceitos de paisagem e lugar,
território e meio ambiente</i></b><i>. Rev.
Território</i>, ano II, n. 3, 1997.<o:p></o:p></div>
</div>
</div>
Walner Mamedehttp://www.blogger.com/profile/12889964824133215359noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8450972477713093575.post-85633266577632138962014-08-07T05:23:00.000-07:002015-03-15T22:22:25.206-07:00A Suma Refutação à Gnose Espúria: uma abordagem mais racional da matéria<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on"><br /><div style="text-align: right;">Walner Mamede</div><br /><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt; text-align: justify;"><span style="background: white; color: #222222; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 11.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";">Faço aqui menção ao texto “</span><span style="color: #333333; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 11.0pt; font-variant: small-caps;">The [original] Catholic Encyclopedia</span><span class="apple-converted-space"><span style="color: #333333; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 11.0pt;"> </span><span style="color: #333333; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 11.0pt;">(excertos),<span class="apple-converted-space"> </span><b>A Suma Refutação à Gnose Espúria</b>, 1910; trad. br. por F. Coelho, São Paulo, ag. 2014, blogue<span class="apple-converted-space"> </span><i>Acies Ordinata</i>,<span class="apple-converted-space"> </span><span style="font-size: 11pt;"><a href="http://wp.me/pw2MJ-2ko" target="_blank"><span style="color: #b85b5a; text-decoration: none; text-underline: none;">http://wp.me/pw2MJ-2ko</span></a>”, cuja conclusão segue abaixo. Minhas considerações vêem logo a seguir.<o:p></o:p></span></span></span></div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt; text-align: justify;"><br /></div><div style="line-height: 11.4pt; text-align: justify;"><span style="font-size: 10.0pt;">“<i><span style="color: #333333;">...A tentativa de pintar o gnosticismo como um movimento poderoso da mente humana rumo à verdade mais nobre e alta, um movimento de algum modo paralelo ao do Cristianismo, fracassou completamente. Foi abandonada pelos estudiosos recentes não tendenciosos… O gnosticismo não foi um avanço, foi retrocesso…<o:p></o:p></span></i></span></div><div style="line-height: 11.4pt; text-align: justify;"><span style="font-size: 10.0pt;"><i><span style="color: #333333;"><br /></span></i></span></div><div style="line-height: 11.4pt; text-align: justify;"><i><span style="color: #333333; font-size: 10.0pt;">Tentou fazer, para o Oriente, o que o neoplatonismo tentou fazer para o Ocidente. Durante ao menos dois séculos, foi um verdadeiro perigo para o Cristianismo, embora não tão grande quanto alguns escritores modernos quereriam fazer-nos crer, como se um fio de cabelo pudesse ter mudado os destinos do cristianismo [para] gnóstico, em oposição a ortodoxo. Coisas semelhantes foram ditas do mitraísmo e do neoplatonismo, em contraposição à religião de Jesus Cristo. Mas tais afirmações têm mais de picantes que de verdade objetiva.<o:p></o:p></span></i></div><div style="line-height: 11.4pt; text-align: justify;"><i><span style="color: #333333; font-size: 10.0pt;"><br /></span></i></div><div style="line-height: 11.4pt; text-align: justify;"><i><span style="color: #333333; font-size: 10.0pt;">O Cristianismo sobreviveu, não o gnosticismo… e nenhuma quantidade da literatura teosofística que inunda os mercados…poderá dar vida ao que pereceu por defeitos intrínsecos, essenciais.<o:p></o:p></span></i></div><div style="line-height: 11.4pt; text-align: justify;"><i><span style="color: #333333; font-size: 10.0pt;">É notabilíssimo que os dois primeiros campeões do Cristianismo contra o gnosticismo — os santos<span class="apple-converted-space"> </span><span style="font-variant: small-caps;">Hegésipo</span><span class="apple-converted-space"> </span>e<span class="apple-converted-space"> </span><span style="font-variant: small-caps;">Ireneu</span><span class="apple-converted-space"> </span>— tenham exposto tão claramente o único método de combate possível, mas que também bastava por si só, para assegurar a vitória no conflito, um método que, poucos anos depois,<span class="apple-converted-space"> </span><span style="font-variant: small-caps;">Tertuliano</span><span class="apple-converted-space"> </span>explicou cientificamente em seu<span class="apple-converted-space"> </span></span></i><i><span style="color: #333333; font-size: 10.0pt; font-style: normal; mso-bidi-font-style: italic;">De Praescriptione haereticorum</span></i><i><span style="color: #333333; font-size: 10.0pt;">.<o:p></o:p></span></i></div><div style="line-height: 11.4pt; text-align: justify;"><i><span style="color: #333333; font-size: 10.0pt;"><br /></span></i></div><div style="line-height: 11.4pt; text-align: justify;"><i><span style="color: #333333; font-size: 10.0pt;">Tanto Hegésipo quanto Ireneu provaram que as doutrinas gnósticas não pertenciam àquele depósito da fé que era ensinado pela verdadeira sucessão dos bispos nas principais sés da Cristandade; os dois fizeram, como conclusão triunfante, uma lista dos bispos de Roma, desde Pedro até o Bispo de Roma do tempo deles; como o gnosticismo não era ensinado por aquela Igreja, com a qual os cristãos de toda parte estão obrigados a concordar, ficava autocondenado.» (ARENDZEN, VI, 602)...”<o:p></o:p></span></i></div><div style="line-height: 11.4pt; text-align: justify;"><i><span style="color: #333333; font-size: 10.0pt;"><br /></span></i></div><div style="line-height: 11.4pt; text-align: justify;"><span style="color: #333333; font-size: 10.0pt;">Para ler mais: </span><span style="font-size: 10.0pt;"><a href="http://wp.me/pw2MJ-2ko" target="_blank"><span style="color: #b85b5a; text-decoration: none; text-underline: none;">http://wp.me/pw2MJ-2ko</span></a><span style="color: #333333;"><o:p></o:p></span></span></div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt; text-align: justify;"><br /></div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt; text-align: justify;"><br /></div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt; text-align: justify;"><span style="background: white; color: #222222; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 11.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";">Pois bem...seguem minhas considerações:</span><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 11.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";"><o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt; text-align: justify;"><br /></div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt; text-align: justify;"><span style="color: #222222; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 11.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";">-Primeiro, há que se afirmar que em lugar algum se chega ao contrapor um mito (Gnosticismo) por outro (</span><span style="color: #222222; font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 15px;">Cristianismo)</span><span style="color: #222222; font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 11pt;">, uma fantasia por outra, a não ser a argumentos, igualmente, fantasiosos. Mas, por amor ao debate e ao divertido que a fantasia possa ser, vamos adiante.</span></div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt; text-align: justify;"><span style="color: #222222; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 11.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";"><br /></span></div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt; text-align: justify;"><span style="color: #222222; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 11.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";">-Na sequência, é bom lembrar que recorrer a argumentos "científicos", como intentou Tertuliano, pouco significa, pois, além da Ciência ser, ela própria, uma crença (segundo a Filosofia da Ciência ou, antes, a Teoria do Conhecimento, "conhecimento" nada mais é que crença verdadeira justificada) sujeita ao subjetivismo e manipulações políticas de toda ordem, as evidências próprias da Religião, seu objeto e matéria constitutiva (independentemente de eu os considerar devaneios ou não) não são acessíveis aos métodos científicos, pelo simples fato de a Ciência, como tal, ter se insurgido no século XVI contra a metafísica reinante em toda a Idade Média (ainda que não tenha se livrado dela completamente) com a proposta de se ater ao que é material, não servindo, portanto, a provas e refutações do que seja imaterial (ainda que a Física teórica possa parecer assim). Se há matéria intelectual assim utilizada, não merece a alcunha de "Ciência", talvez "Alquimia", "Ciências Ocultas", "Mística", "Epistemologia", "Metafísica" ou algo que o valha, mas não "Ciência" na acepção pela qual ela se notabilizou como origem do "conhecimento verdadeiro" e pela qual é convidada, ingenuamente, a validar todos os tipos de conhecimentos dede o século XVI, </span><span style="color: #333333; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 11.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";">particularmente, se considerarmos que a "Ciência" que antecedeu o século XVI em nada se confunde com a que conhecemos hoje. </span><span style="color: #222222; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 11.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";">Qualquer que seja a situação, a firmação de que Tertuliano "</span><span style="color: #333333; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 11.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";">explicou cientificamente em seu <i>De Praescriptione haereticorum" </i>alguma coisa, cai no vazio da retórica.</span><span style="color: #222222; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 11.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";"><o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt; text-align: justify;"><span style="color: #333333; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 11.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";"><br /></span></div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt; text-align: justify;"><span style="color: #333333; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 11.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";">-O texto "A suma refutação da Gnose espúria" é um texto, aparentemente, bem construído, mas chamo a atenção para o "aparentemente". Sua argumentação não se atém à explicitação do contraditório, ela não busca ruir com as bases do argumento gnóstico, como convém ao bom argumento filosófico ou mesmo científico, mas tão simplesmente se preocupa em anunciar sua doutrina em oposição à doutrina gnóstica, utilizando do recurso sofístico denominado "argumento de autoridade", no qual cita as afirmações de personalidades com reconhecido valor no meio cristão, o que para os crentes é suficiente como contraprova àquilo que pretendem refutar, não necessitando ser consideradas quaisquer hipóteses alternativas como, igualmente, detentoras de validade e verdade, ainda que não se tenha uma evidência material ou lógica contra elas. O fato de bispos, apóstolos, santos, papas, etc não terem ensinado, conhecido ou concordado com os ensinamentos gnósticos não significa <i>per se </i>sua invalidade ou inverdade, mas tão somente uma divergência de crenças e paradigmas.</span><span style="color: #222222; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 11.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";"><o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt; text-align: justify;"><span style="color: #333333; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 11.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";"><br /></span></div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt; text-align: justify;"><span style="color: #333333; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 11.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";">- A afirmação prescritiva de que "é inútil ouvir os argumentos...pois temos uma série de provas antecedentes de que...não podem merecer audiência" é a prova mais cabal de que a postura de Tertuliano jamais pode ser considerada científica ou mesmo filosófica, mas tão somente teológica, doutrinária e intransigente. Considerar que existe um argumento prévio fundante irrefutável é uma das primeiras coisas contra a qual a Ciência se posicionou a partir do século XVI e isto se apoia, entre outras coisas, sobre o princípio do regresso ao infinito, algo defendido pela Filosofia desde a Grécia Antiga (anterior a Cristo, portanto...ou melhor, anterior à época em que, pretensamente, nasceu alguém que foi chamado de Jesus). O regresso ao infinito pressupõe que sempre será possível dar um passo para trás na justificação de um argumento, o que nos coloca de frente a outro argumento anterior e assim sucessivamente, até o ponto em que os debatedores concordem com um pressuposto comum e partam dali pra frente na construção de "verdades" que tenham tal argumento como base fundante de tudo o que for dito em diante. Assim, considerar que um argumento contrário não merece ser ouvido é a mais clara postura autoritária que um intelectual pode assumir, talvez, pelo medo de ser desmascarado em razão de não possuir uma contra-argumentação, minimamente, satisfatória e convincente, sendo mais fácil negar qualquer hipótese alternativa possível, sem questionar e, assim, em nome da fé, se assassina a curiosidade e o uso da razão. É essa a estrutura que sustenta toda e qualquer religião (a Gnosis não é diferente!).</span><span style="color: #222222; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 11.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";"><o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt; text-align: justify;"><span style="color: #333333; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 11.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";"><br /></span></div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt; text-align: justify;"><span style="color: #333333; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 11.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";">-Alegar que algo é verdade, simplesmente, por ser antigo é a mais pura ingenuidade intelectual e política que um ser humano pode enunciar! "Uma mentira de muito contada verdade se torna" já diz o dito popular. Uma "verdade" é mero fruto da ausência de outras "verdades" que a refutem e depende da rede de indivíduos que se aglomeram em torno dela defendendo-a e de seu poder político para evitar que outras "verdades" solapem sua soberania. A exemplo, veja-se o caso de Galileu, obrigado a abjurar, publicamente, o heliocentrismo e manter a teoria geocêntrica (mais forte, politicamente), ainda que seus estudos tivessem sido incentivados e financiados pelo próprio Papa Urbano VIII, que teve que ceder às forças políticas internas da Igreja Católica e retirar seu apoio a Galileu, levando-o a julgamento. Veja como uma "verdade" mais nova foi, politicamente, manipulada por uma doutrina ("verdade") autoritária, mais antiga e, intelectualmente, falha.</span><span style="color: #222222; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 11.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";"><o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt; text-align: justify;"><span style="color: #333333; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 11.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";"><br /></span></div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt; text-align: justify;"><span style="color: #333333; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 11.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";">-Para finalizar, deixo explícita minha discordância tanto em relação ao argumento católico, quanto gnóstico, ou a qualquer argumento religioso por seu apego a estruturas de pensamento constituídas em uma época de pouco conhecimento objetivo sobre a natureza e eivado de fantasias e misticismos (que era o que se tinha à mão à época) e sua simples e flagrante ausência de bom senso, dado os recursos intelectuais, filosóficos e científicos atuais.</span><span style="color: #222222; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 11.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";"><o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt; text-align: justify;"></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br /></div></div>Walner Mamedehttp://www.blogger.com/profile/12889964824133215359noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-8450972477713093575.post-28375204054145367622014-05-26T20:17:00.000-07:002019-04-04T16:20:29.335-07:00Ciência e Religião: relações espúrias<div style="text-align: right;">
Por Walner Mamede</div>
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<iframe allowfullscreen="" class="YOUTUBE-iframe-video" data-thumbnail-src="https://i.ytimg.com/vi/e-aDYAezrps/0.jpg" frameborder="0" height="266" src="https://www.youtube.com/embed/e-aDYAezrps?feature=player_embedded" width="320"></iframe></div>
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<span style="font-family: "roboto" , "arial" , sans-serif; font-size: 14.6667px;"><br /></span></div>
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<span style="font-family: "roboto" , "arial" , sans-serif; font-size: 14.6667px;"><br /></span></div>
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<span style="font-family: "roboto" , "arial" , sans-serif; font-size: 14.6667px;"><br /></span></div>
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<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><span style="text-align: start;">O Presente texto é uma crítica a afirm</span><span style="text-align: start;">ações polêmicas do afamado cientista indiano Amit </span>Goswami em entrevista ao Roda Viva, no vídeo que pode ser encontrado no endereço https://youtu.be/e-aDYAezrps e que se encontra aqui anexo. Nele o cientista estabelece conexões entre conceitos científicos e conceitos religiosos, trazendo elementos da Física Quântica. Conforme o Roda Viva "<span style="background-color: white; color: #0a0a0a; white-space: pre-wrap;">Amit Goswami, considerado um importante cientista da atualidade...tem instigado os meios acadêmicos com sua busca de uma ponte entre a ciência e a espiritualidade. Ele vive nos EUA, é PhD em física quântica e professor titular da Universidade de Física de Oregon. Há mais de 15 anos está envolvido em estudos que buscam construir o ponto de união entre a física quântica e a espiritualidade. Já foi rotulado de místico pela comunidade científica, e acalmou os críticos através de várias publicações técnicas a respeito de suas idéias. Em seu livro "O Universo Auto-Consciente" ele procura demonstrar que o universo é matematicamente inconsistente, e sem existência de um conjunto superior, no caso Deus. E diz que se esses estudos se desenvolverem, logo no início do terceiro milênio, Deus será objeto da ciência e não mais da religião". Acerca de suas afirmações, seguem minhas considerações.</span></span></div>
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<span style="text-align: start;"><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><br /></span></span></div>
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<span style="text-align: start;"><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">Afirmar que o processo criativo não se dá por vias racionais não é o mesmo que aceitar sua origem em Deus ou dizer que deuses existem. Não foi isso que Einstein quis dizer isso ao se referir à origem não meramente racional da Teoria da Relatividade, nem ao menos é o que ele quer dizer quando afirma algo utilizando o nome de Deus. Einstein não está fazendo uma apologia ao Deus transcendente, sobrenatural, mas a apenas utilizando o conceito cultural de forma retórica, para se fazer entender e congregar sob esse conceito o que a Ciência chama de “acaso”, “probabilidade”, “refutabilidade” em decorrência do próprio método indutivo que a sustenta na produção de seu conhecimento.</span></span></div>
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<span style="text-align: start;"><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">Além disso, Amit parte do pressuposto de que, por não ser material, a mente ou “consciência quântica” pertencem ao transcendente, reintroduzindo uma metafísica sobrenatural na Ciência e justificando-a a partir daí, como se o fato de cientificizar o misticismo fosse fazer dele uma verdade. Ao contrário, a Ciência não lida com verdades absolutas, esse é o campo da Religião. Trazer algo para o campo da Ciência é dizer “olha, estou afirmando isso, mas, em alguma medida, eu posso estar, redondamente, enganado”. A Ciência reconhece isso em seus postulados. Se isso não pode ser dito acerca de um conhecimento qualquer, não pode ser tido como científico. E Goswami, quando estabelece seus pressupostos de “consciência quântica” e “causação descendente” para explicar as ocorrências no mundo material, se omite, completamente, a respeito de hipóteses alternativas que explicariam tão bem ou melhor as mesmas ocorrências, à semelhança da Religião. </span></span></div>
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<span style="text-align: start;"><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><br /></span></span></div>
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<span style="text-align: start;"><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">Podemos contra-argumentar que a Ciências, muitas vezes, faz o mesmo, mas quem disse que por ser científico algo é verdade? Ao contrário, a epistemologia que teorias como a do ator-rede traz mostra que todas as postulações científicas estão carregadas de negociações políticas entre cientistas e não-cientistas para serem aceitas como verdade (ainda que temporária) e superarem suas hipóteses concorrentes. Então, ao contrário do que o senso comum (e incluo aí a percepção que o próprio Goswami possui de “Ciência”) acha, ingenuamente, conhecimento científico não é sinônimo de “verdade” ou “realidade” e sim, apenas, uma possibilidade dessa “verdade”.</span></span></div>
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<span style="text-align: start;"><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><br /></span></span></div>
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<span style="text-align: start;"><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">Apesar de se apresentar como não-dualista, ao afirmar que a “consciência humana dança com a consciência cósmica” (ou Deus) para determinar as ocorrências no mundo material, Amit me lembra as postulações de Descarte para justificar o salto entre a mente e Deus na busca da verdade. Além disso, Amit parte da Física Quântica e tece uma teoria religiosa dizendo que ainda é sobre Física Quântica que está falando, mas não é e isso precisa ficar claro, pois é um uso leviano de conceitos científicos em uma retórica mística, que traz certo conforto, mas que está longe de ser Ciência (apesar de isso não ser demérito).</span></span></div>
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<span style="text-align: start;"><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><br /></span></span></div>
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<span style="text-align: start;"><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">Para finalizar, enfatizo a necessidade de estarmos atentos aos usos indevidos do conceito de "Ciência" com o fito de se legitimar este ou aquele conhecimento, escorando-se no status dessa área do conhecimento humano na atualidade e, portanto, lançando-se mão de uma espécie de "argumento de autoridade" que, longe de trazer benefícios, nos leva a comprar felídeos por leporídeos!</span></span></div>
<br />Walner Mamedehttp://www.blogger.com/profile/12889964824133215359noreply@blogger.com0