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segunda-feira, 16 de março de 2009

Colocando em Perspectiva





















*Há sempre um fato e, pelo menos, duas formas diferentes de percebê-lo. Quem poderá dizer qual delas é a real? Se, ao visualizarmos um mesmo desenho, mudando a perspectiva de observação, você diz que é um sapo e eu juro que é um cavalo, o que está ocorrendo? Para Aldous Huxley, "na história nada muda e mesmo assim, tudo é completamente diferente". O que muda, então? A Forma de interpretarmos o que vemos? Nossa própria capacidade de compreendermos a realidade?



Abrs.

Walner Mamede Júnior

2 comentários:

  1. Flávio diz:

    Imagino que o louco-narciso possa ver na figura do cavalo o próprio rosto, e dizer: "Sou eu". Mas ao contemplar o sapo, diga: "Minha amada".
    Por que limitar a interpretação da figura em cavalo e sapo? Seguindo o raciocínio, qualquer pessoa poderia ver o que quisesse, sendo o ver mera projeção do que quer acreditar ver. Mas espere, limitamos em sapo e cavalo! Eu nunca vi um cavalo cinza e transparente, plano, nem um sapo. Porque pensamos no sapo e cavalo? Que espécie de mágica é essa que nos remete a figura a um conceito universal ("cavalo" convém a todos os indivíduos "cavalos" do mundo, e da mesma forma "sapo" convém a todos os indivíduos "sapos" do mundo, independente de poderem se transformar em príncipes ou não).

    Que mágica é essa?

    Meu caro, afirmar esse relativismo é um diletantismo que não dá para começar um boa conversa. Nem Kant aguentaria.

    Sds,
    Flávio Mamede

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  2. O desenho, qualquer que seja ele, será sempre plano e bidimensional e buscará representar a percepção que o autor possui do mundo. Em uma concepção realista, a figura de um sapo ou cavalo representará o objeto “sapo” e “cavalo” reais, assim como uma foto, sendo cinza, translúcido ou não – assim como uma foto preto-e-branco não representa a realidade das cores como as vemos, o desenho não possui essa obrigação. O desenho em causa pode ser interpretado como o de um sapo ou um cavalo, na dependência da perspectiva adotada, assim como poderia ser qualquer outra coisa, na dependência do observador, a esse relativismo, já adotado na ciência e na filosofia, a psicometria denomina “equação pessoal do observador” e, é claro, “qualquer pessoa poderia ver o que quisesse, sendo o ver mera projeção do que quer acreditar ver”, mas existem opções dadas pelo contexto sócio-cultural das quais nós temos extrema dificuldade em fugir, por isso uma imagem de sapo ou cavalo, para a maioria de nós, será representativa do objeto real “sapo” ou “cavalo”. Dificilmente, alguém poderá dizer que não reconhece ali um sapo ou cavalo representados e, ainda que alguns possam ressignificar a imagem pela criatividade e fantasia ou nega-la pela inserção de novas percepções, o fará a partir do “sapo” ou “cavalo”, que é seu referencial primário, a menos que não conheçam o objeto real “cavalo” e “sapo”, aos quais atribuirão uma denominação conforme sua experiência pregressa, que é o processo natural de aprendizagem (vide Piaget). O discurso pós-moderno se pauta na afirmação de que inexistem verdades absolutas, o que, por si, deve ser relativizado, pois nos remete a uma espécie de esquizofrenia paradigmática, ao rejeitarmos qualquer referencial estável e me lembra um filósofo (Wintgeinstein, se não me engano) que, criticando os filósofos, os dividiu em categorias, uma das quais, daqueles que orientam sua prática pela mera negação, polemização e relativização dos pontos de vista, sem, contudo, apresentarem algo em troca. Necessitamos ter extrema cautela com posicionamentos radicalmente relativistas (aasim como com os absolutivistas), mas o desenho não deixa dúvidas quanto à presença de uma cavalo e de um sapo e se alguém for capaz de perceber mais que isso, apenas fica provada a capacidade humana de relativizar as coisas, as percepções e o cuidado que devemos ter com posicionamentos (“mágicos”?!) intransigentes e com afirmações de verdades absolutas e de um conceito universal (ou universalizante) como é o de Deus e tantos outros que limitam nossa percepção do mundo e convêm mais a uns que a outros.

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