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domingo, 1 de janeiro de 2017

O Brasil dos medíocres

Walner Mamede

Em um momento em que o mundo se debruça sobre estratégias de aprimoramento da ciência e tecnologia como recurso de desenvolvimento social e econômico, somos, no Brasil das contradições, achacados e aviltados com o enxugamento desmedido e incoerente dos investimentos nessa área (http://www.brasil247.com/pt/247/brasil/272830/Nota-denuncia-o-desmonte-da-Ciência-e-Tecnologia.htm). A verba para educação, ciência e tecnologia aumentou exponencialmente na última década! As universidades públicas foram regiamente compensadas pelo descaso anterior. Na Capes e no CNPq abundavam bolsas, a ponto de só serem negadas aos projetos verdadeiramente ruins e não por excesso de demanda. Contudo, o investimento público por si, apenas, não foi capaz de garantir que o brasileiro passasse a produzir conhecimento inovador, criativo e de impacto mundial. Para isso, urge uma reforma da cultura geral brasileira e da maneira como cada cidadão, cada professor, cada aluno percebe a educação. A despeito de qqer necessário investimento financeiro realizado pelo Estado em educação e cultura (o qual precisa ser fomentado), nada surtirá efeito se nós não modificarmos o próprio formato da escola e das aulas, grandes responsáveis pela formação do pensamento e da conduta humanas. Nossos alunos precisam aprender a criar e recriar e não apenas a copiar, reproduzir! É assim q se produz ciência de ponta, investindo-se na capacidade crítica e criativa das bases. Infelizmente, dada a mediocridade de nossa educação, o brasileiro possui uma cultura científica medíocre, uma cultura de massa medíocre, em decorrência de uma mente medíocre, subalternizada e escrava da mídia idiotizante a serviço de uma política antidemocrática dissimulada (a maioria de nossos cidadãos e, pasme, de nossos políticos sequer têm consciência disso!). Como resultado, somos vítimas de políticas públicas irracionais e descomprometidas com um projeto sério de nação (não nos esqueçamos da PEC 55). O Brasil nasceu condenado a uma existência pífia, kitsch, subalterna e nesses 500 anos de existência nada fez para provar o contrário. Somos um povo ignóbil e medíocre, a despeito do ufanismo midiático. O espírito acolhedor, os corpos sarados e bonitos, a cultura divertida e diversificada nada são além de elementos de manipulação, ouro de tolo, isca de mosca que nos atraem, nos prendem e nos impedem de ver, no panorama mais amplo, o que realmente importa para o país, para a nação, dissipando esforços na promoção do futebol, da música de qualidade duvidosa e volume ensurdecedor, da arte sem conotação crítica, das novelas e filmes de enredo fácil, previsível e pobre, da filosofia de butekim, das bundas sacolejantes, peitos turbinados e cabeças vazias. Elementos que pouco ou nada contribuem para a formação de um cidadão verdadeiramente capaz de olhar com reservas e críticas contundentes e fundamentadas o mundo a seu redor. Esse é o Brasil de ontem, hoje e, tristemente, o de amanhã, dados os últimos acontecimentos deste 2016 que se encerra. O que vivenciamos com o impeachment foi a mais cabal expressão da mediocridade intelectual e cultural e da ignorância política e histórica de um povo e o resultado é Temeroso! Um feliz 2017 a você que se dispôs a ler esse texto, se é que será possível falar em felicidade no horizonte que a primeira manhã deste que será um longo ano nos apresenta!

Um comentário:

  1. "ufanismo midiático" Adorei essa expressão, acho que já havia ouvido mas veio bem a calhar neste texto.

    Eu sinceramente Walner não sei mais o que pensar sobre a vida, sobre o país, eu enxergo os problemas eu capto certas conspirações aqui ali, sem uma evidência concreta muitas vezes mas e então? O que fazer? Na prática as coisas são muito mais complicadas, tudo foge ao controle pois parece estar tudo errado, estamos quase beirando a se tornar uma espécie de Itália da vida se é que já não somos, a plena hipocrisia do roubar é humano.

    Sou meio anti-social, apático com as coisas à minha volta, debater é em vão as pessoas não querem ouvir opiniões querem apenas quem concorde com elas, todo mundo grita os problemas mas claramente ninguém sabe o que fazer para resolve-los e pior muitos condenam o corrupto mas carrega consigo o anseio de ter a oportunidade de se dar bem da mesma forma pois não há diferença entre quem desvia 1 milhão e quem te passa a perna no troco do pão, não há diferença na sujeira do senado e a pessoa que joga o lixo pela janela do buzão, daria até uma canção...

    E cadê a solução? Eu olho a situação econômica, muito debate muita hipocrisia mas nada de soluções, talvez seja essa carência de ciência, mas afinal economia é uma proto-ciência ninguém ao certo sabe o que fazer, mesmo nos países desenvolvidos tudo funciona por mera hipótese.

    Ciência... sou um apaixonado por ciência mas só na teoria na prática sou provavelmente o típico brasileiro a que você se refere, não sei fazer ciência, não tenho esse filão de criatividade para criar sou um copista isso pois fazer ciência não é algo simples mas afinal em um mundo onde se rejeita a teoria evolutiva em troca de um senso magico de mundo, a simples compreensão de ciência já seria uma dádiva ao meu ver.

    O que fazer com o nosso Brasil? País com tantas riquezas, espaço mas com uma mentalidade herdada dos grandes cafezais, sobrevivendo de commodities, engordando os gringos, cagando para a industria interna, consumismo retardado onde se tem bens materiais mas a qualidade de vida sequer existe, tratamento de saúde, saneamento básico, previdência, educação, tudo falho porém temos uma tv lcd de 50 polegadas um celular de última geração, quem precisa de qualidade de vida?

    E assim vou seguindo ignorando o alheio, vivendo em um universo só meu pois não ouso acreditar.

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